Política

Eleição do PT-AL chega à reta final

Dafne Orion e Ronaldo Medeiros são candidatos à presidência do partido, defendem a reoxigenação política e retorno às bases

Por Thayanne Magalhães / Tribuna Independente 05/07/2025 09h13 - Atualizado em 05/07/2025 11h43
Eleição do PT-AL chega à reta final
Presidente dos Urbanitários, Dafne Orion, e o deputado Ronaldo Medeiros disputam os votos de mais de 38 mil filiados do PT no domingo - Foto: Edilson Omena

Mais de 38 mil filiados ao Partido dos Trabalhadores em Alagoas (PT-AL) estão aptos e podem votar, no domingo (6), no Processo de Eleições Diretas (PED). Somente em Maceió, são mais de 14 mil filiados, que devem contribuir com o processo eleitoral do partido. No estado, dois nomes entraram em campanha para presidir o partido que hoje governa o país: o deputado estadual Ronaldo Medeiros e a presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, Dafne Orion.

Em contato com a reportagem da Tribuna Independente, tanto Dafne Orion quanto Medeiros já destacaram que o PT precisa ser reoxigenado, inovar e sempre se manter próximo das pautas sociais e dos trabalhadores. De acordo com o partido, o novo presidente da legenda pode ser conhecido ainda no domingo, 6 de julho.

“Sou trabalhadora e venho de uma trajetória construída no chão das lutas populares. Acredito que é hora de devolver ao PT o protagonismo que sempre teve nas transformações sociais do nosso estado. Nosso foco é reorganizar o partido com democracia interna, participação das bases e compromisso com um projeto de desenvolvimento popular para Alagoas”, declarou a candidata.

Dafne conta com o apoio de diversas lideranças sindicais, como representantes dos bancários, urbanitários, rurais, da saúde, da juventude, do movimento de mulheres e de comunidades de base. “Também temos o respaldo de importantes figuras históricas do partido em Alagoas, como o deputado federal Paulão, o secretário Gino César e a secretária Maria. Eles reconhecem a necessidade de renovação com responsabilidade”, destacou. Entre as correntes internas que apoiam sua candidatura estão a Esquerda Popular Socialista (EPS) e setores independentes que defendem uma direção mais plural e democrática.

Entre suas principais propostas, Dafne aponta como prioridade a reconstrução do elo entre o PT e os territórios populares. “Propomos um calendário permanente de escuta com as bases, a formação política de novas lideranças, o fortalecimento dos setoriais do partido – como mulheres, juventude, negros e LGBTQIA+, e a estruturação dos diretórios municipais. Também queremos combater o personalismo e garantir que o partido funcione como uma ferramenta coletiva de transformação social”, afirmou.

RETORNO ÀS BASES

Para o deputado estadual Ronaldo Medeiros, o Partido dos Trabalhadores em Alagoas precisa de uma virada profunda.

“A mensagem que queremos transmitir é de reconstrução. A atual gestão se acomodou. Após 30 anos no comando, isso é compreensível, mas não pode ser naturalizado. Nosso compromisso é com uma atuação firme nas periferias e no interior de Alagoas, que têm sido esquecidos pelo partido, exceto em épocas eleitorais. Os filiados que vivem nessas regiões estão completamente desassistidos, e é preciso mudar isso com uma gestão transparente e participativa”, defendeu o parlamentar, em entrevista à Tribuna Independente.

Medeiros afirma que sua candidatura não é individual, mas coletiva, construída em diálogo com lideranças de diferentes frentes do partido. “Estamos acompanhados por diversos companheiros e companheiras. Marcelo Nascimento, presidente do PT em Maceió, está conosco, assim como Lenilda Lima e Iazel, do Sinteal; Ronaldo Augusto e Célio Santos, do Sinprev; e muitos outros representantes do movimento sindical. Também temos o apoio de militantes históricos do PT, como o ex-reitor da Uneal, Clébio Correia, o professor da Ufal, Ricardo Coelho, e novos quadros com forte militância, como o professor Basile. É um grupo forte, representativo e com profundo compromisso com o partido”, afirmou.

Para o candidato, a ausência de um projeto político claro tem prejudicado a atuação do PT nas instâncias que ocupa no governo estadual.

“Atualmente, ocupamos duas secretarias no governo de Alagoas – a de Meio Ambiente e a de Mulheres –, mas o partido nunca se reuniu para discutir que projeto defende nessas áreas. Não basta ocupar cargos. Ocupar por ocupar não nos interessa. É preciso ter um projeto político construído coletivamente com os filiados e com a sociedade. Caso contrário, é melhor não ocupar. Indicar nomes apenas para preencher espaços ou distribuir empregos é algo que rechaçamos”, criticou.

Ronaldo também aponta que o partido precisa sair dos gabinetes e retornar ao seu papel histórico de organização popular. “O grupo que hoje dirige o PT se resume a duas ou três pessoas que tomam decisões sem dialogar com a base. Isso vai contra tudo o que o PT representa. Nosso partido nasceu do debate, da escuta, da democracia. Precisamos retomar essa essência. É preciso buscar os sindicatos, os movimentos sociais, os estudantes e, principalmente, o interior. Não podemos seguir centralizando o partido em poucas mãos, com decisões de cúpula”, afirmou.

Presidente do partido destacou que lideranças enfrentaram momentos críticos

O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas, Ricardo Barbosa, fez um balanço da atual gestão e comentou o cenário do Processo de Eleições Diretas (PED), que será realizado no domingo (6).

“O PT é o único partido no Brasil – e possivelmente no mundo – que elege suas direções por meio de eleições diretas, com participação ativa da base. No domingo, nas cidades onde existem diretórios organizados, serão escolhidas as novas direções municipais, estaduais e nacional. Trata-se de uma conquista histórica, que fortalece nosso compromisso com a democracia interna”, afirmou Barbosa em entrevista à Tribuna Independente.

Ao avaliar o desempenho das gestões atuais, o dirigente destacou o papel da liderança petista em momentos críticos.

“As direções que estão encerrando seus mandatos enfrentaram o período mais difícil da história recente do partido, iniciado com o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff e agravado pela prisão injusta do presidente Lula. Esse contexto representou uma tentativa de eliminar o PT do cenário político. No entanto, essas gestões resistiram, mobilizaram a militância, enfrentaram o desgaste e contribuíram para a libertação do presidente Lula e sua posterior eleição à Presidência da República”, destacou.

Ricardo Barbosa também mencionou que, durante esse período, parte da base histórica do partido se afastou e só retornou após a libertação do ex-presidente.

“Infelizmente, alguns dirigentes e parlamentares se retiraram do PT naquele momento difícil e só retornaram quando o cenário político já era mais favorável. Em contrapartida, os que permaneceram enfrentaram todas as adversidades. Em Alagoas, fui candidato a vice-prefeito em 2016 e a prefeito em 2020, quando ainda enfrentávamos forte rejeição. Havia resistência até para um simples aperto de mão. Mas persistimos e hoje vemos o PT novamente fortalecido, com Lula na Presidência”, afirmou.

Para Ricardo Barbosa, o novo presidente estadual do PT deverá priorizar a reorganização da legenda em Alagoas, visando as eleições de 2026.

“É fundamental que a nova direção seja composta por pessoas comprometidas com a luta social, com coragem e espírito petista. Precisamos de lideranças que respeitem as bandeiras históricas do partido, que se oponham às privatizações e estejam dispostas a fortalecer a presença do PT em todos os municípios do estado, sempre com o objetivo central de reeleger o presidente Lula”, defendeu.