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Renan descarta aliança com Arthur Lira

Presidente da Câmara já manifestou interesse em disputar uma das duas vagas para o Senado nas eleições gerais em 2026

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 22/11/2024 09h58
Renan descarta aliança com Arthur Lira
Senador Renan Calheiros disse que Arthur Lira ‘precisa comer muito sal’ para ser candidato ao Senado e não garante aliança com rival - Foto: Edilson Omena

O senador Renan Calheiros (MDB) descartou a possibilidade de uma aliança política com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), visando as eleições gerais em 2026. Na última terça-feira (19), o presidente do MDB em Alagoas concedeu entrevista ao jornal O Globo, acerca dos cenários políticos, principalmente ao avaliar a possibilidade de uma candidatura de Lira ao Senado.

Oficialmente, Arthur Lira já anunciou que pretende disputar uma vaga no Senado em 2026. Renan Calheiros, até então posicionado como seu principal adversário político, também está confirmado como candidato à reeleição. À primeira vista, as lideranças alagoanas nacionalmente destacadas despontam como nomes fortes para ocupar as duas vagas na bancada alagoana, mas caso estejam de lados opostos alguns analistas consideram arriscado que algum dos dois fique de fora e sem mandato pela primeira vez em muitos anos.
Desde o encerramento das eleições municipais, no início de outubro, muitas pessoas têm interpretado ações dos dois lados como sinalizações para uma possível aliança. Pela primeira vez falando publicamente sobre o assunto, Calheiros derrubou a tese. Carregado de ironia, o senador declarou que Lira ainda “precisa comer muito sal para virar senador”.

“O Arthur vai precisar comer muito sal ainda para virar senador por Alagoas. Essa possibilidade de acordo não está na ordem do dia. Eu queria lembrá-lo que eu já deixei em duas oportunidades a presidência de um poder e sei como a banda toca. Daqui uns três meses, ele vai ver que a mesma piada que ele costumeiramente conta, não será tão engraçada quanto antes. Ele vai ver que tem muito mais adversários do que os adversários do seu Estado. Quando ele chegar nesse ponto, ele estará preparado para olhar para as coisas sob outra perspectiva”, disse o senador ao jornal O Globo.

É CEDO

A cientista política Luciana Santana acha que é cedo para visualizar as peças do jogo. “Eu acho que nesse momento tem muita especulação, realmente, a respeito do processo político de 2026. Acho que é pré-maturo qualquer tipo de análise nesse sentido, até porque até 2026, muitas coisas vão alterar. A gente está vendo até no próprio contexto nacional várias situações que têm alterado a dinâmica e até as perspectivas da eleição de 2026. Então acho ainda muito cedo. De qualquer forma, acho que os grupos vão se encontrar realmente nessa disputa no Senado, só é difícil você dizer com tanta antecedência se vai ser o nome, efetivamente, do Arthur Lira, pode ser outro do grupo”.

Com as eleições para a presidência da Câmara dos Deputados prestes a acontecer, Luciana entende que esse é um momento de mudança. “É preciso entender que papel Arthur Lira vai desempenhar nacionalmente e na Câmara dos Deputados a partir de 2025, quando ele deixa o comando da presidência da casa. Especula-se que ele possa ir para algum ministério. Enfim, qual o ministério? Esse ministério dá visibilidade ou dá menos visibilidade? Vai continuar na Câmara? Vai ser um líder do partido, ou não? Vai ser um líder do governo? Enfim, isso tudo é que vai dizer sobre o futuro político, principalmente de Arthur Lira. Para mim está muito claro que Renan Calheiros vai disputar a reeleição. Agora do outro lado ainda está muito cedo para a gente fazer qualquer tipo de análise nesse sentido”.

O cenário político em Alagoas muitas vezes é surpreendente, e que antes era adversário, vira aliado de primeira hora. Vale lembrar que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), atualmente está posicionado como forte aliado do prefeito de Maceió, JHC (PL), em um bloco formado (não sem controvérsias) para as eleições de 2024. Posicionado à direita com identificação bolsonarista, o grupo reuniu também Alfredo Gaspar de Mendonça (União), Marx Beltrão (PP) e Fábio Costa (PP).