Brasil
Não havia controle de passageiros, diz dono de barco que naufragou no Pará
Proprietário do navio Capitão Ribeiro diz que cerca de 50 pessoas embarcaram no navio. Vinte um morreram e quatro estão desaparecidos
O proprietário do barco que naufragou na última terça-feira (23) no rio Xingu, deixando 21 mortos e 4 desaparecidos, disse à polícia que não havia controle de passageiros no momento do embarque em Santarém, no oeste do Pará.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado (Segup), Alcimar Almeida da Silva afirmou em depoimento na quinta-feira (24) que havia cerca de 50 pessoas na embarcação contando com passageiros e tripulação. O governo do Pará, que chegou a estimar que 70 pessoas estariam a bordo, trabalha agora com o número de 52 pessoas: além dos mortos e desaparecidos, há 27 sobreviventes.
A embarcação não podia transportar passageiros, segundo Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-PA). O proprietário, entretanto, diz que há cerca de 3 anos faz as viagens com uma autorização da Marinha do Brasil para navegar até o município de Prainha.
No dia do naufrágio, o barco iria para Vitória do Xingu, num trajeto que é quase o dobro do que, segundo o proprietário, seria autorizado. E o acidente depois de Prainha, numa área denominada Ponte Grande do Xingu, entre Porto de Moz e Senador Porfírio.
O navio Capitão Ribeiro saiu do município de Santarém às 18h de segunda-feira (21), e afundou por volta de 22h de terça. Chovia quando o acidente aconteceu. Muitos sobreviventes disseram que a embarcação foi atingida por uma tromba d’água – fenômeno similar a um tornado.
"A tripulação disse ter visto, no horizonte, algo com o formato de um funil, acompanhado de muita chuva e vento forte, e que teria pego o barco pela popa e o afundado. De acordo com os relatos, a embarcação girou e afundou em seguida”, afirmou o delegado Elcio de Deus, de Porto de Moz.
As buscas por desaparecidos devem ser retomadas nesta sexta-feira pela manhã. Helicópteros vão sobrevoar a área bem próximo à água para tentar avistar sobreviventes ou corpos. Há também no local lanchas com equipes do Corpo de Bombeiros, da Prefeitura de Porto de Moz, da Marinha e da Capitania dos Portos do Amapá.
A embarcação, que estava quase toda submersa, já foi puxada para a superfície por meio de um sistema de mecânica utilizando cabos de aço atrelados a uma balsa da prefeitura ancorada ao lado da embarcação. Um grupo foi preso na quinta-feira (24) tentando saquear o navio.
Em Porto de Moz, uma missa homenageou mortos na tragédia.
'O barco começou a estalar'
"O barco começou a estalar e foi todo mundo para o fundo”, disse o DJ Bruno Costa, de 29 anos, que sobreviveu ao naufrágio do barco.
Segundo Bruno, uma lona colocada sobre o barco para proteger os passageiros de uma forte tempestade na noite de terça dificultou que mais pessoas conseguissem se salvar da embarcação.
“Vivi momentos terríveis na minha vida. A lona que é amarrada quando chove impediu muita gente de sair. Eu consegui resgatar uma criança de uns 2 anos, mas eu estava sem colete, a criança também”, disse Bruno Costa.Ainda de acordo com Bruno, um homem que também tentava sobreviver impediu que ele concluísse o resgate da criança. “Ele subiu em cima de mim, tirou a criança e rasgou minha camisa. Eu consegui sair desse cara e ele foi para o fundo”.
Segundo o DJ, ao chegar a superfície ele conseguiu avistar outros sobreviventes, mas nem todos conseguiam se manter flutuando pela falta de coletes salva-vidas. “Foi aí que consegui me manter na superfície, mas muita gente infelizmente não conseguiu”, relata.
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