Brasil
Família vai processar hotel onde criança morreu sugada por ralo: "Faltou segurança"
Rachel, de 7 anos, teve o cabelo sugado pelo dispositivo em Balneário Camboriú (SC); Dono do hotel foi indiciado por homicídio culposo
A família de Rachel Rodrigues Novaes, de 7 anos, que morreu afogada ao ter o cabelo preso em um ralo da piscina de um hotel em Balneário Camburiú (SC), decidiu processar o estabelecimento. Na tarde de segunda-feira (17), o corpo da criança foi sepultado em Guarujá, no litoral paulista, onde morava com a mãe.
Rachel e a mãe, Cyntia Leite Rodrigues, passaram o fim de semana em Santa Catarina, para visitar um parque de diversões com um grupo em uma excursão. Antes de retornarem, as duas aproveitaram a área de lazer de um hotel, onde estavam hospedadas e ocorreu o acidente. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
"Minha neta não foi a primeira e não será a última. A gente sabe disso, mas é importante que os responsáveis não fiquem impunes, e os pais fiquem alertas. Estamos ainda no calor da emoção, mas conversamos sobre processar o hotel. Queremos que as autoridades façam o seu papel por lá", disse a avó da menina, Silvia Leite Rodrigues.
Para Silvia, em nenhum momento a filha dela, Cyntia, foi irresponsável. "Era uma viagem só delas, a primeira para longe. Testemunhas viram tudo. Faltou segurança, faltou bombeiro. Não havia um monitor naquela piscina para crianças. Não foi um descuido da minha filha, mas uma irresponsabilidade do próprio hotel", afirmou.
Rachel se afogou ao ficar presa no fundo de uma piscina onde a lâmina d'água tem altura máxima de 60 centímetros. "Podia ter um palmo de água, mas tinha que ter um supervisor na área. Quando ela percebeu, tentou entrar no restaurante para pegar uma faca e cortar o cabelo da menina. Até o restaurante estava fechado", disse.
Seis minutos foi o intervalo estimado em que a criança ficou submersa. Um guarda-vidas, morador de um prédio vizinho, escutou os gritos de desespero da mãe e foi até o hotel. Ele realizou os primeiros socorros, conseguiu reanimá-la, mas a criança não resistiu e morreu na chegada das equipes em viaturas de resgate dos bombeiros.
O corpo de Raquel foi velado e enterrado em um cemitério no Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, na segunda-feira. "É um momento de muita dor. O caso não pode cair em esquecimento, e deve servir de alerta. Queremos punição aos responsáveis. Nossa família está em choque", disse o tio da vítima, Marcelo Leite Rodrigues.
Hotel
Para o advogado do Sanfelice Hotel, Luiz Eduardo Righetto, o caso foi uma fatalidade. "O hotel está dentro das regras, se solidariza com os familiares da vítima, lamenta o ocorrido, mas não houve negligência. Estamos dentro das normas, por isso não é possível nos atribuir responsabilidade", disse.
Righetto admite que a piscina não tinha um sistema de antissucção [nos ralos], obrigatório pela legislação de Santa Catarina a todos os estabelecimentos do estado desde 2015, para evitar ocorrências semelhante à que vitimou Rachel. "Estávamos com os laudos dos bombeiros em dia, válidos até novembro de 2017".
O defensor ainda disse que o proprietário do hotel prestou esclarecimentos na Polícia Civil, onde foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção). A área da piscina foi interditada, até pelo menos quinta-feira (20), para que a perícia da Polícia Científica faça a avaliação dos equipamentos.
Luiz Eduardo ainda disse que o estabelecimento presta assistência à família da criança. Os gastos com translado do corpo entre os dois estados, assim como a passagem de avião para a mãe, que não pôde retornar com a excursão na noite de domingo, foram pagos pelo hotel, que continua funcionando normalmente.
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