Brasil
"Dói demais", diz mãe que teve filha agredida por monitoras dentro de creche
Câmera de segurança registrou a ação e vídeo repercutiu nas redes sociais; Pais procuraram a polícia, que abriu inquérito para investigar o caso; funcionárias foram afastadas
Os pais das crianças que foram vítimas de agressões em uma creche de Itatinga (SP) estão revoltados com a situação e procuraram a delegacia nesta segunda-feira (10). O caso ganhou repercussão depois que o vídeo que mostra as agressões ocorridas na última quarta-feira (5) foi divulgado nas redes sociais.
A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o caso, que também é acompanhado pelo Conselho Tutelar. No fim da tarde de segunda-feira, a Polícia Civil e o Ministério Público pediram à Justiça a prisão preventiva das duas monitoras que aparecem nas imagens agredindo crianças de uma creche mantida pelo município. Elas foram afastadas das funções. Ao todo, 19 pessoas prestaram depoimento na delegacia nesta manhã.
A mãe de uma das crianças que aparece nas imagens disse que nunca esperava que uma coisa dessas acontecesse na creche.
“Foi de graça aquele puxão de cabelo que ela levou. Doí demais, porque não só a minha filha que está sendo agredida, são muitas crianças, a gente deixa nossos filhos aqui para poder trabalhar na confiança que elas (monitoras) são os anjos da gente, mas não são”, afirma a mulher, que pediu para não ser identificada.Outros pais disseram que as crianças começaram a demonstrar mudanças no comportamento o que fez com que alguns procurassem a diretoria da creche. “Ela está agressiva, ela mudou o comportamento, ela tá muito diferente. No começo eu procurei a direção da creche, a moça disse que eu estava mentindo. Mas, ela falava que a tia puxava o cabelo, puxava a orelha, a tia batia na boca, a tia batia bumbum.”, conta a mãe de uma menina de 2 anos, que também não foi identificada para preservar a criança.
Segundo a polícia, o caso foi registrado inicialmente como constrangimento ilegal e corrupção de menores. Mas, todas as provas ainda serão analisadas e não é descartado que seja feito o pedido de prisão preventiva das funcionárias.
“Um boletim de ocorrência foi registrado na sexta-feira e a polícia já abriu um inquérito para avaliar os fatos. As imagens são graves e indicam a prática de um crime. A princípio foi feito um boletim de ocorrência de constrangimento ilegal e corrupção de menores, mas também terá que se avaliar o Estatuto da Criança e Adolescente, mas inicialmente foi aberto um inquérito nesse sentido para apurar os fatos”.
Flagrantes
A câmera instalada na sala da creche registrou todas as agressões. Logo no início do vídeo, uma das crianças é agredida pela monitora. Ela bate no aluno que está deitado. Em outro momento a monitora pega um colchão e joga em cima das crianças e uma delas chega a cair. A mulher ainda joga outro colchão, mas não acerta as crianças.
Na sequência, a monitora continua torturando as crianças, ela chega a puxar o cabelo de uma criança que brincava em um dos colchões. Em outro ponto da gravação, um aluno, aparentemente mais velho, tenta beijar a força outras alunas. Ele faz isso várias vezes, e as duas instrutoras não fazem nada para impedir. Em determinado trecho uma delas segura a menina pelo cabelo para que o menino possa beijá-la. Depois o menino volta, a menina tenta afastá-lo, mas a instrutora obriga mais uma vez.
As funcionárias foram afastadas do trabalho com as crianças. Um procedimento interno na prefeitura foi aberto para apurar o caso. A diretora de educação de Itatinga fala que as mulheres não tinham formação específica para trabalhar em creche, mas que já exerciam o cargo há alguns anos.
"As duas são serventes concursadas, mas há muitos anos elas já trabalham como pajens. E a gente deu continuidade porque não tivemos oportunidade ainda de fazer outro concurso. A gente pensava que na prática elas tinham experiência com as crianças, porque não tem capacitação. Não tivemos a oportunidade de fazer a capacitação das pajens nas creches”, afirma a secretária de Educação, Lígia Barnabé.
A equipe de reportagem da TV TEM perguntou à prefeitura se as duas funcionárias já estavam nas novas funções nesta segunda-feira, mas a administração informou que elas não apareceram para trabalhar. As duas não foram localizadas para falar sobre o assunto.
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