Brasil
Serra da Barriga torna-se Patrimônio Cultural do Mercosul
Secretária de Cultura Dorinha Cavalcante destacou os anos de luta do movimento negro por esse reconhecimento: "Emoção muito grande"
Símbolo de resistência a escravidão imposta ao povo negro no Brasil, a Serra da Barriga localizada no município de União dos Palmares, Alagoas, foi aprovada como Patrimônio Cultural do Mercosul. A escolha ocorreu na tarde desta terça-feira, 30, na XIV Reunión de la Comisión de Patrimonio Cultural / CPC / Mercosul Cultural, na Argentina.
A Serra da Barriga (a parte mais alcantilada) é Patrimônio Cultural Brasileiro, inscrita no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico desde 1986. O espaço abriga o Parque Memorial Quilombo, único equipamento temático de preservação da cultura afro-brasileira das Américas.
O reconhecimento da Serra da Barriga como Patrimônio Cultural do Mercosul, foi recebida com muita alegria e emoção por diversos segmentos culturais de União dos Palmares e de Alagoas.
“Para alguns pode parecer pouco, mas diante de todo um processo sócio histórico é um grande passo, uma grande conquista”, destacou o ativista do movimento negro de União dos Palmares, Cizino Oliveira.
A Secretária Municipal de Cultura, Dorinha Cavalcante, falou da emoção ao receber a notícia. “Senti uma emoção muito grande, apesar de sempre acreditar que a Serra da Barriga iria conseguir essa conquista. Foram anos de luta do movimento negro por esse reconhecimento, e hoje somos patrimônio do Mercosul”, disse.
Ela destaca o papel do governo municipal na valorização da cultura afro brasileira. “O prefeito Areski Freitas, juntamente com o vice, José Alfredo, não medirá esforços através desta secretaria, para fomentar o desenvolvimento cultural e dessa forma, despertar o pertencimento da população em relação a história do Quilombo dos Palmares”, concluiu.
A Ialorixá e Mestra do Patrimônio Vivo do Estado, Neide Oyá d´Oxum, é uma das maiores lutadoras pela preservação e valorização da Serra da Barriga e da cultura Afro Brasileira, inclusive contribuiu para o tombamento do espaço em 1986.
Ao ser informada sobre a premiação, Mãe Neide relatou o sentimento de anos de luta em prol daquele espaço. “É necessário resistir e acreditar, mesmo quando às vezes o mundo parece não acreditar mais em sonho”, disse.
Emocionada, ela encerrou a entrevista cantando uma música de autoria da atriz Chica Xavier:
“Quando o cativeiro acabou
Negro não sabia o que fazer;
Não tinha terra pra plantar;
Nem tinha mandioca pra colher;
Corria pra lá;
Corria pra cá;
AiAi Aindê Branco me deu alforia;
Mas não me ensinou a viver;
(Chica Xavier)
Por João Paulo Farias
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