Brasil
Quase 2 milhões de carros ainda rodam com "airbags mortais"
Defeito em peça da fornecedora Takata é relacionado a 16 mortes no exterior
Quase 2 milhões de veículos rodam pelas ruas do Brasil com os chamados "airbags mortais". Eles foram convocados, mas não passaram pelo recall para trocar a peça defeituosa que pode causar ferimentos graves e foi responsável pela morte de 16 pessoas nos Estados Unidos e na Malásia (conheça histórias das vítimas).
Mais de 70% dos donos das 2,6 milhões de unidades que foram convocadas até o início deste mês não levaram seus carros às concessionárias ou ainda não tiveram o problema resolvido.
Os airbags defeituosos foram fabricados pela Takata, empresa japonesa que é uma das maiores fornecedoras desse equipamento. Ao todo, mais de 30 milhões de veículos de diversas marcas foram chamados de volta às concessionárias em todo o mundo.
O levantamento do G1 sobre o índice de atendimento desses recalls foi feito com base nos dados enviados por nove das 13 marcas que já fizeram algum chamado relacionado a este defeito no país desde 2010, incluindo as duas que respondem por mais de 90% dos veículos convocados, Honda e Toyota.
Quatro marcas, que respondem por 2,25% dos carros chamados, não informaram o percentual de atendimento.
A Chevrolet afirmou que não iria divulgar o índice; a montadora fez recall de 5.502 unidades de Agile e Montana por causa dos airbags da Takata.
A BMW disse que não consegue identificar o número de usuários atendidos especificiamente nesses recalls. A fabricante alemã fez 2 chamados no Brasil, totalizando 4.415 veículos.
Mitsubishi e Subaru não responderam até o fechamento desta reportagem. A primeira já convocou 48.159 unidades, enquanto a segunda chamou 3.471 veículos.
Veja abaixo o percentual de atendimento de cada marca para os airbags da Takata até este mês e como saber se seu carro está em recall.
Toyota e Lexus
A marca com o maior número de unidades convocadas no caso dos "airbags mortais" no Brasil é a Toyota. Foram ao menos 9 campanhas e 1,46 milhão de veículos convocados até este mês, sendo 135 da divisão de luxo Lexus.
Segundo a fabricante, apenas 27,5% já tiveram o problema solucionado. Isso representa pouco mais de 400 mil carros com o componente substituído e outros 1,05 milhão a reparar.
Veículos chamados: 1,46 milhão
Índice de atendimento: 27,5%
Veículos atendidos: cerca de 400 mil
Modelos envolvidos: Etios, Corolla, Hilux, RAV4, Fielder e SW4
Onde consultar os veículos em recall: www.toyota.com.br/servicos/recall
Honda
Em seguida, aparece a Honda, com cerca de 1 milhão de veículos chamados e índice de atendimento de 24,3%. Na prática, somente 250 mil não correm mais risco, enquanto outros quase 800 mil ainda possuem os airbags defeituosos. Além dos procedimentos obrigatórios, a montadora fez uma campanha recente na TV, convocando quem ainda não atendeu aos chamados no Brasil.
Veículos chamados: 1,05 milhão
Índice de atendimento: 24,3%
Veículos atendidos: cerca de 250 mil
Modelos envolvidos: Civic, City, Fit, CR-V e Accord
Onde consultar os veículos em recall: www.honda.com.br/suaseguranca
Nissan
A Nissan, terceira com o maior número de veículos convocados, divide a porcentagem de unidades atendidas pela "idade" dos carros.
Segundo a marca, 75% dos veículos com até 5 anos de uso já foram atendidos. O índice cai para 35% quando são considerados carros com 5 a 10 anos de fabricação e, para apenas 10%, quando as unidades já têm mais de 10 anos.
Veículos chamados: 140 mil
Índice de atendimento: 75% em carros de até 5 anos, 35% em carros com idade entre 5 e 10 anos e 10% em carros com mais de 10 anos de fabricação
Veículos atendidos: cerca de 60 mil
Modelos envolvidos: March, Versa, Sentra, Frontier, Livina, Grand Livina, Tiida, X-Trail e e Pathfinder
Onde consultar os veículos em recall: www.nissan.com.br/servicos/recall-nissan.html
Fiat Chrysler (FCA)
Dos quase 20 mil veículos da Fiat Chrysler convocados para recall por conta de airbags da Takata, apenas 5 mil atenderam aos chamados, segundo a fabricante. São cerca de 25%. Isso inclui modelos de Fiat, Jeep, Chrysler e RAM.
Veículos chamados: 19 mil
Índice de atendimento: 25,3%
Veículos atendidos: cerca de 5 mil
Modelos envolvidos: Fiat Uno, Jeep Renegade, Jeep Wrangler, Chrysler 300C e RAM 2500
Onde consultar os veículos em recall:
Fiat - www.fiat.com.br/ja-tenho-um-fiat/fiat-recall/uno-outubro-17.html
Chrysler - www.chrysler.com.br/#!recall
Jeep - www.jeep.com.br/recall-carros-jeep.html
RAM - www.ram.com.br/recall-carros-ram.html
Volkswagen
A Volkswagen teve apenas um recall relacionado aos ?airbags mortais?. Foram 33 unidades do Tiguan. Destas, 31 já receberam atendimento.
Veículos chamados: 33
Índice de atendimento: 94%
Veículos atendidos: 31
Modelo envolvido: Tiguan
Onde consultar os veículos em recall: www.vw.com.br/pt/servicos/recall.html
Audi
No Brasil, a marca com menos unidades convocadas até agora é a Audi. Foram apenas 13 exemplares dos modelos Q5 e SQ5. De acordo com a fabricante, todas já foram reparadas.
Veículos chamados: 13
Índice de atendimento: 100%
Veículos atendidos: 13
Modelos envolvidos: Q5 e SQ5
Outras fabricantes
BMW
Veículos chamados: 4.415
Índice de atendimento: não divulgado
Modelos envolvidos: Série 3, Série 5 e X5
Onde consultar os veículos em recall: www.bmw.com.br/pt/ssl/recall.html
Chevrolet
Veículos chamados: 5.502
Índice de atendimento: não divulgado
Modelos envolvidos: Agile e Montana
Onde consultar os veículos em recall: www.chevrolet.com.br/servicos/recall.html
Mitsubishi
Veículos chamados: 48.159
Índice de atendimento: não divulgado
Modelos envolvidos: Lancer, L200 e Pajero Full
Onde consultar os veículos em recall: www.mitsubishimotors.com.br/wps/portal/mit/relacionamento/recall
Subaru
Veículos chamados: 3.471
Índice de atendimento: não divulgado
Modelos envolvidos: Impreza (hatch, WRX e STI), Forester, Legacy, Outback e Tribeca
Onde consultar os veículos em recall: www.subaru.com.br/recalls-subaru
Airbag defeituoso pode lançar fragmentos contra passageiros
FOTO: REUTERS/JOE SKIPPER
Entenda o caso
O defeito na abertura de airbags fabricados pela empresa japonesa Takata se tornou público em 2013. A partir do ano seguinte, quando a falha passou a ser associada a mortes no exterior, o fato ganhou destaque no Brasil.
Uma falha na vedação do insulflador, onde fica o gás que abre o airbag, pode fazer essa peça trincar e também alterar o gás, devido à exposição à umidade.
Assim, quando for necessário o uso do equipamento, ele não abre normalmente, mas explode. O insuflador se parte e seus pedaços são atirados contra os ocupantes dos veículos. Os ferimentos de algumas vítimas foram confundidos com facadas ou tiro.
O caso da Takata motivou o maior recall da história. A fornecedora se declarou culpada e aceitou pagar uma multa de US$ 1 bilhão nos EUA.
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