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Desaparecimento de jovem no Acre completa um mês e família decodifica 5 livros

Livros ‘não parecem ser sequenciais’, afirma irmã de estudante

Por G1 27/04/2017 17h58
Desaparecimento de jovem no Acre completa um mês e família decodifica 5 livros
Reprodução - Foto: Assessoria
O desaparecimento do estudante de psicologia Bruno Borges, de 25 anos, completa um mês nesta quinta-feira (27). O jovem sumiu no dia 27 de março e deixou, no quarto da casa onde mora em Rio Branco, uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600) e 14 livros criptografados, dos quais – segundo a família – cinco já foram decodificados.

Na última sexta (21), Bruno e irmão gêmeo, Rodrigo Borges, fizeram aniversário. A irmã mais velha dos dois, a empresária Gabriela Borges, de 28 anos, revela que amigos próximos foram até a casa da família para que a data não passasse em branco.

“No fundo, acho que estávamos todos esperando que ele [Bruno] pudesse voltar naquele dia. Infelizmente, ainda não temos nenhuma notícia. Estamos vivendo um dia de cada vez e sempre aguardando confiantes que, com muita oração, Deus vai tratar de trazê-lo de volta”, diz.

Sobre os escritos deixados pelo estudante, alguns espalhados pelas paredes, teto e no chão do cômodo, Gabriela afirma que o trabalho de descriptografia continua sendo feito. Ela optou por não divulgar nada específico a respeito dos livros.

“Já temos cinco livros descriptografados. Não parecem ser sequenciais. São livros de ciência, filosofia, ocultismo, física quântica, bem a área que ele realmente gosta. São interessantes”, acrescenta a irmã.

O caso segue em investigação pela Polícia Civil do Acre, que não quis divulgar nenhuma informação. No dia 17 deste mês, o secretário adjunto de polícia, Josemar Portes, confirmou que o nome de Bruno foi incluído na lista de pessoas desaparecidas da Polícia Federal e que a Interpol – polícia internacional – foi acionada.

‘Médium’

Bruno procurou o médico José Furtado de Medeiros, de 79 anos, no ano passado, pedindo orientações a respeito do projeto em que trabalhava. Amigo da família, Medeiros é espírita e fundou oito centros da religião na capital acreana. Ele acredita que o estudante seja médium.

“Perguntei se ele via alguma coisa extra-humana. Ele disse: ‘vejo, mas não é nítido, tipo sombras, e escuto vozes perfeitas dizendo para mim que tenho uma missão na terra para desenvolver um trabalho muito importante que ajudaria toda a humanidade’”, disse.

À luz do espiritismo, o médico acha que Bruno foi auxiliado por espíritos, demostrando um tipo de mediunidade um pouco desenvolvida, mas não tão aprimorada.

“Pelo que conheço da doutrina espírita, ele [Bruno] estava sendo auxiliado por um espírito que pode ser do filósofo ao qual ele simpatizou [Giordano Bruno] ou outro espírito amigo desse filósofo, que achou nele a capacidade de desenvolver um trabalho que parece que ficou inacabado. Ele captava com facilidade a inspiração desse espírito. É uma das hipóteses”, fala.

Missão

O estudante teria recebido uma “missão” para começar a escrever os 14 livros, segundo o amigo de infância Thales Vasconcelos, de 24 anos, que o ajudou em um dos exemplares. Apesar de não ter se envolvido na obra inteira, o amigo contou que trabalhou no livro 13 – intitulado “Ensaio sobre as perguntas sem resposta”.

No livro, segundo conforme Vasconcelos, Bruno aborda sobre perguntas normalmente feitas durante a infância e que tendem a ser esquecidas no decorrer do tempo: “Quem sou eu? Qual o sentido da vida? Há um Deus?”. O amigo confirmou que Bruno falava em projeção astral.

“[No livro] ele descreve o momento que recebeu a missão [para começar] e o que precisou fazer para compreender que a informação que chegou realmente era uma missão, que não estava imaginando coisas, fantasiando”, descreveu.

Desaparecimento

A última vez que os parentes viram Bruno, no dia 27 de março, foi durante um almoço de família. O acreano voltou para casa e todos – mãe, pai e irmãos – seguiram o dia normal de trabalho. Mais tarde, o pai dele, o empresário Athos Borges, retornou à residência da família e percebeu que o filho não estava.

A retirada dos móveis, as inscrições na parede, bem como a chegada da estátua de aproximadamente dois metros de altura, ocorreram em um período de pouco mais de 20 dias, período em que o quarto ficou trancado e os pais viajavam de férias.

O artista plástico Jorge Rivasplata, autor da estátua, afirmou que entregou o objeto ao jovem no dia 16 de março. Pelo artefato, o artista disse que recebeu inicialmente R$ 7 mil e, em seguida, mais R$ 3 mil.