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Polícia aciona Interpol sobre sumiço de jovem que deixou livros criptografados no Acre

O estudante de psicologia Bruno Borges está desaparecido desde 27 de março. Secretário-adjunto de Polícia Civil diz que Interpol foi acionada para que todas as linhas de investigação sejam cobertas.

Por G1 18/04/2017 12h04
Polícia aciona Interpol sobre sumiço de jovem que deixou livros criptografados no Acre
Reprodução - Foto: Assessoria

O secretário-adjunto de Polícia Civil, Josemar Portes, confirmou ao G1, nesta segunda-feira (17), que o nome do estudante de psicologia Bruno Borges, de 24 anos, foi incluído na lista de pessoas desaparecidas da Polícia Federal no Acre (PF-AC) e que a Interpol – polícia internacional – foi acionada devido ao sumiço do jovem, desaparecido desde o dia 27 de março.

Portes afirma que o acionamento da Interpol é comum e ocorre conforme a evolução das investigações do caso. Ele afirma que não há indícios de que o jovem tenha saído do país, mas não descarta essa possibilidade para cobrir todas as linhas de investigação com as quais trabalha.

“Como a Interpol vai trabalhar e as técnicas que vai usar isso é com ela. O que sabemos é que o jovem se afastou do convívio. A possibilidade dele ter saído do país deve ser investigada, pois ele tinha dinheiro e é um rapaz muito inteligente. Não sei se é um indício, mas uma possibilidade sempre é. Isso é comum, uma outra hora a pessoa pode ser colocada no cadastro de desaparecidos da PF que aciona a Interpol”, explica.

Desaparecimento

A última vez que os parentes viram Bruno, no dia 27 de março, foi durante um almoço de família. O jovem voltou para casa e todos - mãe, pai e os outros dois irmãos - seguiram o dia normal de trabalho. Mais tarde, o pai dele, o empresário Athos Borges, retornou à residência da família e percebeu que o filho não estava.

No quarto do estudante, que ficou trancando por mais de 20 dias enquanto os pais viajavam de férias, foi encontrada - além dos 14 livros - uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600). Os escritos, segundo a família, eram feitos há pelo menos quatro anos.

O artista plástico Jorge Rivasplata, autor da estátua, disse que acredita que Bruno seja a reencarnação do filósofo - queimado durante a inquisição - e tenha completado a obra dele. A escultura, de dois metros, foi entregue ao jovem no dia 16 de março e finalizada pelo próprio artista dentro do quarto. Pelo objeto, o artista disse que recebeu inicialmente R$ 7 mil e, em seguida, mais R$ 3 mil.

 Sumiço inspirou jogos

O sumiço acabou inspirando a criação de alguns jogos para smartphone. Os aplicativos foram disponibilizados na Play Store, do Google, com os nomes "Menino do Acre", "Encontro o Menino do Acre" e "Alquimistas do Acre".

Na trama de um dos jogos, os jogadores devem desvendar o mistério que envolve o desaparecimento coletando os livros criptografados ao logo do percurso. No entanto, é necessário ser rápido e tomar cuidado para não cair em um rio de lava.

Outro game pede que o jogador toque na tela para procurar o "menino do Acre". O jogo faz alusão à brincadeira do "quente ou frio?" e dá algumas chances para que Bruno seja encontrado antes de desaparecer para sempre.

Sobre as investigações, o delegado Fabrizzio Sobreira, coordenador da Delegacia de Investigação Criminal (DIC), afirmou que os amigos que ajudaram Bruno nas escrituras e criptografias teriam feito um pacto de sigilo para que objetivo real do projeto não fosse revelado.

Um grupo no Facebook, que reúne mais de 10,4 mil membros, tenta decodificar os 14 livros criptografados que o jovem deixou em casa. A página "Bruno Borges - Estudos" foi criada no dia 4 deste mês.

O administrador da página, o estudante universitário paranaense Alexandre Marques, de 24 anos, explica que, diferente de outras com teor cômico, a ideia foi juntar pessoas realmente interessadas em compreender o projeto de Bruno. Parentes e amigos do acreano também fazem parte do grupo, que é fechado.