Brasil

Protestos contra reforma tomam a Esplanada, no Distrito Federal

De acordo com manifestantes, havia 7 mil pessoas; PM contabilizou 10 mil às 12h. Houve depredação no prédio e vidros foram quebrados, diz corporação.

Por G1 15/03/2017 12h24
Protestos contra reforma tomam a Esplanada, no Distrito Federal
Reprodução - Foto: Assessoria

Manifestantes ocuparam na madrugada desta quarta-feira (15) o Ministério da Fazenda, em Brasília. Segundo o Movimento Sem Terra (MST), a ação é, entre outros motivos, em protesto contra a reforma da Previdência. Além de sem-terras, o grupo também era constituído por agricultores familiares e sem-teto.

 De acordo com o grupo, havia 7 mil manifestantes; a Polícia Militar contabilizou 10 mil às 12h. A corporação informou ainda que vidros do ministério foram quebrados. “Eles danificaram as dependências do ministério, jogando paus e pedras”, afirmou a PM. Casos do tipo de depredação são investigados pela Polícia Federal.

"Ocupamos o Ministério da Fazenda e pretendemos ficar até quando for possível porque não temos a intenção de negociar e fazer fotos com eles nos gabinetes. Viemos deixar nosso recado para o governo de que não iremos aceitar nenhum retrocesso de direitos", afirmou Marcos Baratto, da direção nacional do MST.

Protesto 

Por volta das 9h, pelo menos quatro ônibus trouxeram mais manifestantes para o ato, incluindo professores, que iniciaram um movimento de greve por tempo indeterminado também nesta quarta.

Mais cedo, o grupo espalhou cruzes em frente ao gramado em frente ao Congresso Nacional para simbolizar pessoas que vão morrer sem poder se aposentar, caso a reforma seja aprovada.

Às 9h27, os dois sentidos do Eixo Monumental estavam interditados, desde a Catedral até o Congresso Nacional. Com isso, houve repercussão no trânsito da área central de Brasília, gerando engarrafamento.

"A previdência é nossa. Ninguém tira da roça", entoou um grupo de trabalhadores rurais na manifestação.

"A nível nacional viemos participar desse ato público para impedir a destruição que essa PEC [Proposta de Emenda à Constituição] pode fazer no nosso sistema de trabalho e aposentadoria. Nossa greve começa hoje [nesta quarta] e a nível de Distrito Federal estamos reivindicando os 18% de perdas salariais com a suspensão dos aumentos prometidos", afirmou a professora Helena Nascimento.

A idade não foi um problema para quem foi protestar na Esplanada. A professora aposentada Marli Boaventura, de 75 anos, foi às ruas para pedir melhores condições de aposentadoria da filha de 40 anos e da neta de 16 anos.

"Eu estou lutando pela vida da minha filha, da minha neta e de todos os jovens que estão com risco de nunca se aposentar. Eles não têm o direito de fazer isso", disse.

"O movimento de hoje acontece por um motivo simples: uma aposentadoria com 75 anos não é saudável. Como vamos trabalhar até lá? Quem se aposentar com essa idade vai fazer o quê na aposentadoria? As reformas devem vir de baixo, estruturais. Assim só o pobre sofre as consequências", disse o estudante de Letras da Universidade de Brasília (UnB) Pedro Morais.

Propostas

A reforma da Previdência Social enviada ao Congresso Nacional prevê, entre outras propostas, estabelecimento de idade mínima de 65 anos para os contribuintes reivindicarem aposentadorias. Antes d

e enviar o texto ao Legislativo, o presidente Michel Temer apresentou as ideias a líderes partidários do Congresso.

Além de fixar uma idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres, as novas regras, se aprovadas, irão atingir trabalhadores dos setores público e privado. De acordo com o governo, a única categoria que não será afetada pelas novas normas previdenciárias é a dos militares.

Pelas regras propostas pela gestão Temer, o trabalhador que desejar se aposentar recebendo a aposentadoria integral deverá contribuir por 49 anos.

O governo federal estima que deixará de gastar cerca de R$ 740 bilhões em 10 anos, entre 2018 e 2027, com as mudanças propostas por meio da reforma da Previdência Social. Desse valor total, as mudanças no INSS e nos benefícios por prestação continuada (BPC) representariam uma economia de R$ 678 bilhões e, nos regimes próprios, de cerca de R$ 60 bilhões.