A menina Sofia Lara Braga, de 2 anos, morta por uma bala perdida foi enterrada, neste domingo (22), no cemitério de Irajá, na zona norte do Rio. Na noite de sábado (21), a criança brincava no parque de uma lanchonete, também em Irajá, quando foi atingida no rosto. De acordo com testemunhas, no momento em que Sofia foi atingida, viaturas da Polícia Militar perseguiam um carro na avenida Monsenhor Felix, que fica em frente ao estabelecimento. Quando ouviram os tiros, os pais da menina correram em direção ao brinquedo, mas já encontraram a filha caída. Ela foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas já chegou sem vida na unidade.

Em uma rede social, a mãe de Sofia fez uma homenagem emocionada à menina. "Hoje eu perdi o meu anjo. Um anjo que com 2 anos e 7 meses, me ensinou as melhoras coisas da vida. Me ensinou a amar, me ensinou a viver, me ensinou o que é ter uma amiga de verdade... amigas pra sempre, como ela mesma dizia. Ela foi o melhor de mim, era o meu grude, era a minha vida!", escreveu Hérica Braga. 

Policial militar, Felipe de Souza Amaral Fernandes, pai de Sofia tem a violência como rotina na profissão. Apesar da proximidade com essa arealidade, ele disse que nunca imaginou perder a filha. 

"Não tem explicação, você trabalhar em uma profissão de risco... Eu sempre me imaginei tomando um tiro e a minha filha tendo forças para seguir a vida dela sem o pai, só que aconteceu o contrário. Minha filha de dois anos e meio tomou um tiro e eu não sei o que fazer agora. A violência está ai, só está piorando e eu não vejo luz no fim do túnel. Eu vejo a violência, mas nunca imaginei que fosse acontecer comigo". 

Em nota, a Polícia Militar informou que uma perícia já foi realizada no local e um inquérito foi aberto para identificar o autor do disparo que vitimou a criança.

O carro perseguido pela PM era conduzido por Thiago Rodrigue dos Santos. De acordo com a  polícia, ele teria desobedecido a ordem de parar dada pelos agentes, que realizavam um cerco na região para recuperar um carro roubado. Thiago só parou após capotar na avenida Monsenhor Felix, deixando duas pessoas feridas. o veículo atingiu um mototaxista e o passageiro. Ao sair do carro, o suspeito foi preso e conduzido para a Cidade da polícia, no Jacaré, zona norte do Rio. Com ele, a polícia apreendeu uma pistola.

Sofia Lara entrou para uma estatística cruel: ela é a primeira criança morta por bala perdida no Rio, em 2017. De acordo com um levantamento feito pela Ong Rio de Paz, nos últimos dez anos, 31 crianças morreram desta forma no estado. Nesta segunda-feira (23), a Ong vai realizar um ato na praia de Copacabana, zona sul do Rio, para protestar contra a morte de crianças, vítimas de balas perdidas no estado.