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Sérgio Cabral e sua esposa viram réus na Operação Lava Jato

Outras cinco pessoas também vão responder processo em Curitiba

Por G1 16/12/2016 13h39
Sérgio Cabral e sua esposa viram réus na Operação Lava Jato
Reprodução - Foto: Assessoria

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) e mais seis pessoas viraram réus nesta sexta-feira (16) em Curitiba no âmbito da Operação Lava Jato, após o juiz Sérgio Moro aceitar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) feita na quinta-feira (15).

Na lista estão a mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, ex-executivos da Andrade Gutierrez e pessoas ligadas ao ex-governador.

Lista de réus

Sérgio Cabral - ex-governador do Rio de Janeiro: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Adriana Ancelmo - mulher de Cabral: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Wilson Carlos - secretário do governo do Rio de Janeiro durante a gestão de Cabral: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Mônica Carvalho - esposa de Wilson Carlos: lavagem de dinheiro

Carlos Emanuel Miranda - sócio do ex-governador Sérgio Cabral: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Rogério Nora - ex-executivo da Andrade Gutierrez: corrupção ativa

Clóvis Primo - ex-executivo da Andrade Gutierrez: corrupção ativa

Mônica Carvalho, Rogério Nora e Clóvis Primo são os únicos que estão em liberdade.

Advogado do Wilson Carlos afirmou que o cliente vai se pronunciar através dos autos do processo. A defesa de Sérgio Cabral declarou que demonstrará no processo a total improcedência da acusação. Disse ainda que estranha o oferecimento de uma denúncia sobre os mesmos fatos, do ano de 2010, que estão sendo apurados no Superior Tribunal de Justiça (STJ), havendo clara usurpação da competência.

A defesa de Carlos Miranda não vai se manifestar. A reportagem também tenta contato com a defesa dos outros envolvidos.

Esta é a primeira vez que Cabral e a mulher dele viram réus na Lava Jato. O casal já é réu na Operação Calicute, na qual respondem por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e organização criminosa.

Segundo o MPF, o grupo teve envolvimento no pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.

Sérgio Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda, com a intermediação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator condenado pela Lava Jato, pediram e aceitaram promessa de vantagem indevida da Andrade Gutierrez, dizem os investigadores.

A força-tarefa acredita que o pedido tenha sido feito entre março e agosto de 2008.

Ao aceitar a denúncia, Moro citou que Cabral e a mulher fizeram compras de roupas, cintos, relógios e móveis de alto valor. Em uma oportunidade, de acordo com o juiz, o ex-governador gastou R$ 37,7 mil.

“Outras aquisições de bens teriam ocorrido mediante pagamentos vultosos em espécie e com, segundo a denúncia, utilização de pessoas interpostas”, afirmou o juiz.

A denúncia

Segundo a denúncia, Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, Wilson Carlos e Carlos Miranda receberam pagamento de vantagem indevida em três parcelas, entre outubro de 2008 e março de 2009, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A força-tarefa da Lava Jato pediu o ressarcimento, em prol da Petrobras, de R$ 2,7 milhões – valor referente à propina paga. O montante ligado ao crime de lavagem de dinheiro chega a R$ 2,6 milhões.

De acordo com o MPF, a Sérgio Cabral foram imputados 11 atos de lavagem de dinheiro, totalizando R$ 1,4 milhão; à Adriana Ancelmo, R$1,05 milhão.

Em relação a Wilson Carlos, R$ 766 mil; Mônica Carvalho, R$ 293 mil; e Carlos Miranda, R$ 479 mil.

Segundo os procuradores do MPF, Sérgio Cabral e Wilson Carlos praticaram atos de ofício com infração aos deveres funcionais, no interesse da Andrade Gutierrez.

Da mesma foram, afirmaram os procuradores, eles se omitiram na prática de atos de ofício que viessem contra os interesses da empreiteira.

Conforme a investigação, o contrato foi celebrado em 2008 no valor de R$ 819,8 milhões e recebeu cinco aditivos, fazendo com que custo da obra subisse para R$ 1.179.845.319,30.

Transferência de Cabral

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi preso em 17 de novembro. Em 10 de dezembro ele foi transferido para Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Cabral foi transferido por ordem do juiz Marcelo Bretas, após o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciar que o ex-governador estava recebendo visitas de amigos e familiares irregulares.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que "todas as visitas de familiares do ex-governador Sérgio Cabral foram previamente cadastradas e tiveram as carteirinhas de visitantes expedidas conforme normas desta secretaria".

A defesa de Cabral também alegou que o cliente corria perigo preso no complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.