RODRIGO CUNHA, vice-prefeito de Maceió, ao discursar no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, agradecendo a uma (justa) homenagem que lhe foi prestada pela sesquicentenária instituição, afirmou seu compromisso de, juntamente com o prefeito JHC, cuidar para que o município preste um tributo digno da relevância histórica de Joaquim Jonas Bezerra Montenegro, personagem que batiza a comenda recebida.

ÁLVARO MACHADO, médico e intelectual, havia, minutos antes, feito o discurso de saudação ao vice-prefeito. Em sua fala – uma notável aula, assinale-se – o ex-secretário Chefe do Gabinete Civil nas duas gestões Téo Vilela, apresentou a grandeza de Jonas Montenegro. O pronunciamento foi uma machadada na desinformação secular sobre muitas das grandes personalidades alagoanas. Álvaro descortinou uma figura humana de gigantesco alcance intelectual e imensa generosidade. Dentre outros altruísmos, Montenegro doou ao município de Maceió sua imensa propriedade na Capital, latifúndio que se estendia do Vale do Reginaldo às margens da Lagoa Mundaú, cujo epicentro nessa imensidão então verdejante, ínfima parcela hoje sobrevivente como bem público, é a atual Praça do Centenário (a maior da cidade) que, com muita propriedade, foi originalmente batizada como Praça Jonas Montenegro. Falando em seguida, Rodrigo Cunha destacou que a capital alagoana tem uma dívida com a memória de Montenegro e que essa falha centenária será corrigida em breve.

“FOI NO PARÁ que Jonas Montenegro se destacou além das lides jurídicas, exercitando sua ardorosa paixão pela etnografia indígena, o que o fez responsável por uma das mais destacadas coleções etnográficas brasileiras, com mais de quatrocentas peças indígenas que ele coletou na região amazônica e que, ao retornar a Alagoas, em 1880, repassou para este Instituto Histórico”, lembrou Álvaro Machado, acrescentando: “são peças artesanais e cerâmicas de incomensurável valor histórico e cultural, algumas datadas como existentes há mais de três mil anos, podendo ser conhecida aqui, nas dependências do nosso IHGAL, e que é rotineiramente estudada e pesquisada por historiadores do Brasil e de outros países. A Coleção Jonas Montenegro é uma das mais importantes do Brasil, pela sua raridade, diversidade e estado de conservação e é um patrimônio do mundo, preservado pela sociedade alagoana por meio do nosso querido Instituto Histórico”.

ACERTOU O VICE-PREFEITO ao garantir a reparação. É muito correta a colocação de um marco referencial, e reverencial, para Jonas Montenegro na área doada por ele ao município. Não precisa mudar o nome atual, Praça Centenário, nem retirar a coluna em homenagem ao Generalíssimo Pedro Aurélio de Góis Monteiro. O perímetro é vasto e, inclusive, incorpora a Praça Santa Rita e a extremidade da Avenida Fernandes Lima. Nalgum ponto desse território encontrar-se-á, facilmente, um local de destaque para o erguimento de um monumento adequado à dimensão de Joaquim Jonas Bezerra Montenegro. Será uma soma e não uma substituição.

ESSA ATITUDE REPARADORA da prefeitura de Maceió, através da ação do vice-prefeito Rodrigo Cunha, referendada pelo prefeito JHC, poderia ser convertida numa política de restauração e valorização da memória urbana maceioense. Por exemplo: a Praça Sinimbu originalmente se chamava Praça Euclides Malta, era belíssima, inclusive com uma escadaria de acesso à margem original do Riacho Salgadinho, como se pode ver nos antigos cartões-postais. Apagado dos registros públicos por conta dos conflitos políticos ocorridos em 1912, Euclides Vieira Malta merece ser reabilitado no cenário urbano, e sem apagamento do notável João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu.
APLAUSO PARA JHC E RODRIGO pela decisão anunciada. E recebam o apelo para que iniciativas semelhantes venham a ser tomadas na sequência.