Petrucia Camelo

CARNAVALESCO MOMENTO

Petrucia Camelo 20 de fevereiro de 2025

O mundo, até os nossos dias, é trançado por linhas criativas de sonhos e realidades. Acompanha-os, como se estivesse se costurando um zigue-zague de ritmos de evocações melodiosas, nas mais diversas categorias, que demonstram tristezas, saudades, alegrias a construírem as ilusões.

E como não se pode viver sem nada acontecer, afinal, como se trata do momento carnavalesco, tem-se o frevo à porta na riqueza do carnaval do Brasil, que traduz a invencível criatividade dos compositores e a apresentação da alegria singular do povo. O frevo expõe-se como forma simbólica de impressionante força identitária, é motivo de orgulho para todo brasileiro.

Compõe-se o expoente do frevo como frevo-de-rua, acompanhado de instrumental vibrante, contagiante, nascido da confluência de outros gêneros como a polca e o maxixe, evoluindo pelos dobrados das bandas militares dos fins do século XIX, assim denominam os estudiosos deste assunto.

Tem-se, mais ainda, o frevo-canção, de expressões de lirismo nas ruas, exaltação a nossa cultura, nas vozes masculinas e femininas que entoam melodias nos blocos de Recife, Olinda e de outras cidades. Tem-se, mais ainda, o frevo-canção com o discurso romântico, lírico-amoroso, que permeia a obra de vários compositores. Mas há, sobretudo, a crônica de costumes e o registro de muitos momentos da vida sociocultural e política do país, como se lê em: 100 anos de frevo (Baraúna. Recife, 2007).

Pode-se até afirmar que, desde o alvorecer da humanidade, o ser humano manifesta as suas aptidões, os seus sentimentos por meio da arte, do ritmo, da dança, da música. No Brasil, o carnaval é caracterizado à revelia de três polos que dão maior ênfase à celebração momesca: o Rio de Janeiro, onde predomina o samba; a Bahia, com o carnaval estilizado, comandado pelos trios elétricos e, por fim, o mais fiel a tradição, Pernambuco, que apresenta com uma infinidade de manifestações folclóricas, como blocos, bois, bonecos, confeccionados pelos artesãos, e ainda caboclinhas e maracatus, sem falar o tradicional frevo.

Quanto às fantasias carnavalescas autenticamente brasileiras, são ornadas coloridamente de plumagem, brilhos de paetês, pedras coloridas, bordados e todo um artefato de brilho e da cor, que são condizentes com o carnaval, próprio da criatividade popular. Entretanto, tem-se o carnaval como uma festa aculturada que recebeu influências europeias de cidades como Nice e Veneza que brilham nos desfile de rua.

E assim, o folião brilha e brinca nos becos, nas vielas, na passarela, no asfalto, nos carros alegóricos, na orla lagunar, marítima, quer seja no interior, quer seja nas cidades. Carnaval é história, tradição e cultura no transformismo da festa colorida, é empolgante e eletrizante; mexe com a liberdade de expressão, deixando o folião à mercê do ritmo alucinante.

Mas não se deve deixar de ressaltar o carnaval de Maceió, que neste período é cada vez mais assediado pelos turistas carnavalescos. Em Maceió, nas prévias, chamam a atenção o bloco “O pinto da madrugada” e outros, além das escolas de samba. Todos os movimentos carnavalescos maceioenses arrastam multidões de foliões, onde se misturam à fantasia o cheiro da cana e o sal da terra advindos das comidas típicas, dando ênfase à cor do sol, na lagoa e no mar, que compõem o litoral de Maceió.