Alisson Barreto

O Dia de Todos os Santos é deontológico ou ontológico?

Alisson Barreto 03 de novembro de 2024
O Dia de Todos os Santos é deontológico ou ontológico?
O Dia de Todos os Santos é deontológico ou ontológico? - Foto: Alisson Barreto

O Dia de Todos os Santos é deontológico ou ontológico?

Do Dia de Todos os Santos, todo cristão pode fazer uma reflexão acerca da santidade: Por sinal, o que é ser santo? Para ser santo existe idade? Todo cristão é santo? O que faz de uma pessoa santa? Afinal, para todo ser humano, há essa opção.
A resposta a essas indagações passa por uma reflexão que vai além da concepção jurídica, pois envereda não apenas no teológico do assunto, mas singularmente no quesito metafísico. Em outros termos, é melhor feita quando há uma compreensão do que é para um ser humano ser “ser”.

A simplificar os termos: o “Ser”, perfeitamente falando, é um termo que só pode ser alcançado pela unicidade, ainda que trinitária, de Deus. Isso porque é aquele cuja realidade é essencial por si mesmo, não é uma existência decorrente de algo ou alguém que existe. Enquanto, de um lado há o Ser transcendental cuja realidade é independente e inalcançável; do outro, há os entes cuja realidade foi criada. Aquele é sem limites, enquanto os demais são limitados às suas próprias condições.

Aquele que é o Ser transcendental fez o homem à Sua imagem e semelhança, fê-lo ser santo, incorrupto, exemplar de perfeição. Uma vez que o ser humano pecou, uma das três Pessoas da Santíssima Trindade, o Filho, fez-Se Homem e tornou-Se Ele próprio Exemplo perfeito de homem: santo, incorrupto, perfeito.

Enquanto Deus Filho é perfeitamente santo e santo por si mesmo, todos os demais seres humanos são convidados a serem santos por participação n’Ele. Ou seja, Jesus Cristo é plenamente santo e não há outra forma de ser santo: só se pode ser santo por participação no Corpo de Cristo. Em outros termos, Jesus Cristo é ontologicamente santo e todos os outros seres humanos são vocacionados a serem santos por participação n’Ele. Com o convite universal à santidade vem a orientação à santidade, pois ninguém vai para o Céu sem ir para Deus e ninguém vai para o Pai sem participar do Corpo do Filho. E para participar do Corpo do Filho há orientações deontológicas.

Em outras palavras, todos os seres humanos são chamados para o Céu e ninguém vai para o Céu sem ser santo. Assim, todos somos chamados à santidade, mas para adequar-se à necessidade ontológica da santidade, é necessário buscar o cumprimento deontológico pertinente: para ser santo é preciso comportar-se e buscar ser santo. A santidade não é uma máscara (na qual bastaria dizer-se de Cristo) nem um apelido (no qual bastaria ser chamado de cristão), é uma realidade em que um ser humano se configura plenamente na santidade de Cristo.

Portanto, o Dia de Todos os Santos não é um dia de todos os que se consideram ou se dizem santos nem um dia dedicado aos que foram chamados de santos por uma dada denominação religiosa. O Dia de Todos os Santos é dedicado a todos os que plena, santa e efetivamente se configuraram no Cristo.

Dessa forma, fica fácil entender o chamado “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lev19,2) e, entendo, melhor compreender o Dia de Todos os Santos.

Maceió, 3 de novembro de 2024.
Alisson Francisco Rodrigues Barreto