Médico e escritor alagoano, o Dr. Gilberto de Macedo é um dos mais intelectuais desta terra anfíbia cortada por riachos, rios e lagoas, margeada pela orla ensolarada do Oceano Atlântico, onde os ventos nos impelem a caminhar, e que tanto serve de inspirações poéticas a nosso meio literário.

Mas a que se presta o meu fazer neste instante? Tentar posicionar geograficamente a terra onde viveu um grande médico e escritor, além de estar a iniciar por escrito, a procurar expressões, que se aproximem de revelar a altura da intelectualidade em que se encontrava esse defensor do pensamento intelectual alagoano.

O Dr. Gilberto de Macedo, que, dentre todos os demais que escrevem a revelar por meio de suas obras, de maneira nova, o que já existe, faz acreditar que escrever não é opção; é talento, é preparo intelectual, além de ser a revelação da sensibilidade emotiva dos anseios do autor, que faz lembrar uma expressão que pode ao menos sombrear o significado do esforço para apresentar o novo: ... essa foi ganha independentemente da marcha, do fardo, do deserto... (Arthur Rimbaud, Topbooks, 1998).

No jornal Gazeta de Alagoas, na edição do dia 20 de março, de 2008, na coluna OPINIÃO Dr. Gilberto de Macedo publicou mais um dos seus escritos notáveis: o artigo O reconhecimento, e para maior esclarecimento dos leitores toca-lhes a memória com fragmentos que figuram no artigo mencionado escrito com simplicidade e clareza e, ao lê-lo, hão de ver a semelhança do autor com sua obra: O reconhecimento – É a lembrança jamais esquecida de um benefício recebido. Um sentimento de gratidão... É guardar para sempre na memória a graça que lhe foi proporcionada.

Há uma frase simples e concisa que pode sistematizar o valor da arte de escrever: A importância da obra está no poder da sugestão, não importam as circunstâncias em que foi criada, pois o que conta é o que ficou. Quero crer que o artigo citado tenha, de algum modo, levado os leitores a reconsiderar a importância do reconhecimento.

Ah! Dr. Gilberto de Macedo, gostaria de lhe dizer, de viva voz, que é preciso ser dotado de grande sensibilidade para ter a consciência do valor do reconhecimento e que, para abrir-se ao encontro desse sentimento, faz-se necessário escutar o coração, ter e viver a natureza da gratidão, expor o que recebemos no nosso aprendizado, em especial na educação de base.

E ainda é preciso saber interpretar e reconhecer sentimentos; é de fato saber passar para o lado do outro que de alguma maneira nos assiste, e mais: é preciso estar à disposição para saber e justificar o verdadeiro sentido do reconhecimento, e mais ainda; é preciso estar contra a todo o desregramento do imperdoável sentimento da ingratidão.

E a intelectualidade alagoana tem muito a agradecer, reconhecendo a grande importância da contribuição literária do imortal Dr. Gilberto de Macedo, membro fundador da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro e sócio efetivo da Academia Alagoana de Letras, oriundo de uma família de intelectuais voltada para as Letras e a Ciência, que enobrece e orgulha a todos os alagoanos.

Somente assim exercendo o poder dos bons sentimentos é que poderemos reconhecer o lugar onde deveremos estar, e que nos faz louvar desde os nossos ancestrais, reconhecendo e agradecendo a eles pelo embrião desenvolvido nos vales, planícies e lagoas de uma terra anfíbia, gerando uma população de mulheres e homens capazes, que até os dias atuais são capazes de sentimentos nobres e preparos intelectuais.