Enio Lins

Para qual futuro aponta o resultado das eleições 2024 em Maceió?

Enio Lins 08 de outubro de 2024

JHC não só ganhou com facilidade a reeleição como superou as expectativas do percentual da vitória, avaliado pelas derradeiras pesquisas antes do pleito como na faixa dos 75%, e saindo das urnas com 83,26% dos votos. Um triunfo indiscutível, elevando-o à condição de grande cacique na política alagoana.

COMPETÊNCIA PESSOAL

Mesmo considerando as vantagens usufruídas por JHC por conta do acordo com a Braskem e pelo apoio de Arthur Lira & grupo, deve-se reconhecer sua capacidade política e seu talento pessoal no trato com as redes sociais. A vitória do prefeito instagramável reafirma a relevância no cyberespaço para quem quer que almeje um lugar ao sol nos sinuosos areais da opinião pública. Comenta-se que, em uma conversa recente com um de seus poderosos aliados, cujo grupo se sentia pouco atendido pelo prefeito nas arrumações pré-eleição municipal, foi questionado se – com essas atitudes personalistas – estaria disposto a seguir caminho sozinho, sem contar no futuro próximo com tão privilegiadas alianças; João Henrique Caldas teria respondido ao interlocutor: “sim, posso seguir sozinho, me elejo só com isso aqui”, e desembainhou o celular. Fato ou boato, faz todo sentido. JHC não ganhou nenhuma ruga de preocupação quando esmagou as pretensões de Lira e demais insatisfeitos quando escolheu, monocraticamente, Rodrigo Cunha para seu vice, expondo seu objetivo estritamente pessoal de liberar a vaga no senado para sua mãe, Eudócia Caldas.

BRASKEM NO COMANDO

Economizando muitas linhas a este texto, recomendo a leitura de artigo do historiador e analista político Geraldo de Majella, publicado no site 082 Notícias, ontem, cujos título já diz quase tudo: “Como a Braskem garantiu a reeleição de JHC”. Destaco que, como resultado circunstancial dessa blindagem foram excluídas do debate eleitoral 2024 as denúncias gerais sobre o uso dessa montanha de dinheiro, e a denúncia específica sobre a operação de compra do Hospital do Coração, temas muito importantes relegados à condição de implicâncias. Mas o nó cego desse acordão está no porvir, quando as consequências do acertado forem se consolidando contra a cidade de Maceió e, neste item, é problema ainda mais grave o resultado para a Câmara Municipal, mas aí é tema para um próximo comentário. O fato é que segue agora mais incerto, mais envolto nas brumas da desinformação, o futuro da atividade da Braskem, assim como o que será mesmo feito com cerca de 20% da área urbana da cidade.

CENÁRIO A SEGUIR

Com esse resultado da eleição 2024 em Maceió, que novos cenários se descortinam para Alagoas em 2026? As obviedades apontam para JHC candidato à governador, entregando a prefeitura para Rodrigo Cunha, e avançando numa parceria com Arthur Lira, este candidato à senador. Parece evidente. Mas nem sempre a política segue rotas evidentes. Verdade é JHC ocupando a privilegiada posição de escolher entre várias alternativas para a disputa daqui a dois anos. No milenar jogo de Xadrez, o enxadrista não faz duas jogadas sucessivas. Joga e espera a vez depois do adversário jogar – mas nesse tabuleiro alagoano dos nossos dias, se considerarmos a partida aberta para as eleições gerais de 2026, e 2024 como mero lance, JHC, depois da jogada em que reconquistou a torre da prefeitura, terá de jogar novamente, mesmo que não seja imediatamente. Está na berlinda. Mais que os prováveis adversários, são seus aliados que estão de butuca nele desde domingo.