Petrucia Camelo

ELEIÇÕES

Petrucia Camelo 01 de outubro de 2024

Os candidatos lançam-se ao processo eleitoral com destemida apresentação. Participam ativamente das escolhas por parte do eleitorado, que parece não entender a seriedade do momento, não saber que eleição não é uma breve relação simbólica.

Entretanto, pensa-se, ainda, que, para os eleitores conscientes ainda existem bons candidatos, e é isso que em parte salva a questão. E é dessa forma que cada eleição suscita a breve esperança de que os graves problemas da sociedade sejam pelo menos atenuados.

O eleitor despreparado pouco se vale do espírito de observação do qual é limitado por seu interesse imediatista e a sua experiência como eleitor; fica bem longe a ideia de abrir caminhos para uma análise mais acurada sobre o que é estar candidato com caracteres de um verdadeiro líder.

Geralmente, os caracteres observados apontam para a aparência física, os vínculos existentes na área política; o derrame do que se oferece e do poder de fala, como se fosse uma paixão passageira na denominação do candidato.

Em sua quase totalidade, o eleitorado nem de longe pensa em ler nas entrelinhas os discursos dos candidatos, para provar os valores dos ideais políticos, que se apresentam na superfície. Seria maior o compromisso de ambas as partes se o eleitorado pudesse mergulhar mais fundo no céu daquela voz, daquele olhar, daquela mensagem, que, nem sempre, é simples e clara e que não toca o âmago do eleitor, nem atende aos interesses do que o povo realmente necessita, ocasionando escolhas desordenadas, que não dizem muito do que precisa ser lógico e razoável.

E, realmente, a relação existente entre o eleitor e o candidato assemelha-se a uma relação de paixão, pois existe mesmo antes da razão, talvez porque, na caminhada, não exista uma real apresentação de palco onde os recursos audiovisuais seriam, apenas, uma pequena mesa e uma lâmpada, que não haja melodia como pano de fundo, mas tão somente o perfil do candidato, dando maior realce às suas propostas.

Se o som da palavra verbalizada do candidato a dizer e a expressar as leis que intervêm nas necessidades do povo, servisse não somente para o olhar, mas também para o entendimento, o discurso poderia ser apreciado como objetivo a ser alcançado, apontando o que o candidato defende para o bem comum.

Sabe-se que as cores não se encontram nos corpos coloridos, mas na luz e, bem assim, deve-se ver a política como a arte humana a iluminar o sentido valorativo do candidato propenso a se colocar à disposição para servir, para descobrir harmonia, para articular meios que levam às mudanças e, consequentemente, ao desenvolvimento humano e social de seu município, estado ou país.

É significativo imaginar o tema eleição como proposta condizente com a realidade do povo e não como simples etiquetas presas à camisa dos candidatos e dos seus correligionários ou falácias, com o intuito de denegrir a imagem dos concorrentes.

Mas, sobretudo, pensar que o momento eleitoral é racional, é de tomada de decisão na escolha de representantes que inspiram, no mínimo, a tranquilidade de que a população não está só, que será atendida em suas necessidades básicas.

O candidato eleito não irá representar um sonho, mas uma realidade que será concreta na prática cotidiana, onde desejos e sentimentos do eleitorado precisam ser atendidos na busca de prioridades de dias melhores.

Vê-se, assim, a posição do candidato perante o eleitorado no processo das eleições, aquele que se pode ver, ouvir, e sentir a imagem, pelo movimento de sua presença, formando um conglomerado não de promessas e nem de esperanças vãs, mas de possibilidades exequíveis.