Alisson Barreto

Brasil, potência paraolímpica em franca ascensão

Alisson Barreto 14 de setembro de 2024

Pouca gente atentou, ou valorizou, o sucesso do Brasil nas paraolimpíadas de Paris. Sim, a orientação do Comitê Paralímpico Brasileiro, é usar “paralimpíada”, numa aproximação ao termo inglês “paralympic”. Vamos alternando esses vocábulos, evitando intransigências, mas o termo escorreito em português é “paraolimpíada”. O fato é que nosso país bateu seu próprio recorde de pódios, cravando um inédito quinto lugar em 2024, com 98 medalhas (25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze). Na Olimpíada convencional deste ano, o Brasil ficou na 20ª posição, com 20 medalhas (três ouros, sete pratas e 10 bronzes).

POTÊNCIA PARAOLÍMPICA/PARALÍMPICA

Apesar da discreta repercussão, as manchetes das páginas esportivas cravaram a mesma – e correta – manchete: “Brasil é potência paralímpica”. Linguística à parte, é potência e em crescente relevância internacional desde 2016, considerado o ano marcante para essa ascensão pelos resultados obtidos na Paraolimpíada do Rio de Janeiro. Refletiram-se ali as políticas de incentivo implantadas especialmente na gestão Aldo Rebelo no Ministério dos Esportes (2011-2015), sob presidência Dilma Rousseff. Lembra reportagem da EBC: “Entre 2001 e 2014, por meio da Lei Agnelo/Piva, que destinava 2% da arrecadação bruta das loterias federais ao esporte, o CPB [Comitê Paralímpico Brasileiro] tinha direito a 15% deste recorte (o Comitê Olímpico do Brasil ficava com os 85% restantes). A partir de 2015, um ano antes dos Jogos do Rio, com a Lei da Inclusão, o percentual voltado à entidade paralímpica foi alterado para 37,04%. No ano passado, o CPB recebeu cerca de R$ 224 milhões ao longo de 12 meses”. Aí está a fórmula de sucesso.

ESFORÇO ALAGOANO

Nos jogos paraolímpicos deste ano, em Paris, uma atleta alagoana – Marivana Oliveira – marcou posição com a oitava colocação na modalidade arremesso de peso, categoria onde já conquistou duas medalhas: prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020, e bronze nos Jogos Paralímpicos do Rio, 2016. Marivana tem treinado no Rio de Janeiro por conta da estrutura paraolímpica ali construída em 2015. Seus êxitos devem estimular Alagoas a crescer ainda mais nas políticas públicas locais voltadas para os esportes paraolímpicos. Um avanço considerável é o Edital Yohansson Nascimento de Fomento ao Esporte de Alagoas, turbinado pela Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude (SELAJ) durante a gestão Charles Hebert, no governo Paulo Dantas. No ano passado, relata o jornalista Paulo Chancey Júnior, foram alocados R$ 900 mil, “divididos em três categorias. A categoria 01 com 10 projetos esportivos no valor de R$ 40 mil, cada. A categoria 02 com 10 projetos no valor de R$ 30 mil, cada, enquanto a categoria 03 com 10 projetos no valor de R$ 20 mil, cada”. O edital seleciona projetos para a realização de eventos (oficinas, cursos, treinamentos), contratação de equipes, aquisição de equipamentos esportivos e apoio aos atletas.

SEGUIR ADIANTE

Para Paulo Dantas está colocada a missão de ampliar o sucesso desta política pública de seu próprio governo, estudando a possiblidade de custeio do treinamento continuado de paratletas de alta performance em centros especializados como os do Rio de Janeiro. E, em solo alagoano, manter eventos como os Jogos do Paradesporto de Alagoas, outro ponto alto da gestão Charles Hebert na SELAJ, quando, na versão 2023, a competição se tornou a maior do Norte e Nordeste, mobilizando 500 paratletas em 21 modalidades, envolvendo 16 municípios alagoanos e contando com quatro estados convidados (Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Sergipe). O caminho é esse.