Coluna Esplanada
Coisa está feia: até o PCC pede recuperação judicial
Como terra da jaboticaba, sem igual no mundo, o Brasil segue sua sina de protagonizar situações que só acontecem aqui: agora, até o crime organizado pede… recuperação judicial. Explico: denunciada pelo Instituto Combustível Legal (ICL) e amplamente divulgada como uma empresa braço da facção PCC no setor de postos de gasolina, a formuladora Copape – cercada por diferentes autoridades – vai pedir “arrego” numa vara empresarial para tentar ganhar fôlego, dar calote em fornecedores e seguir operando. Mas todos já estão de olho, até a Polícia Federal.
No documento ao qual a Coluna teve acesso, os donos (ou supostos donos) da Copape começam dando um tiro no tanque de combustível: reclamam de uma perseguição da Agência Nacional de Petróleo (ANP), justamente o maior órgão licenciador e fiscalizador para seu produto. A ANP, como notório, cassou a licença da Copape há semanas, mas muito bem embasada. Já noticiamos que o Ministério Público Federal denunciou a empresa por lavagem de dinheiro e a Justiça acaba de tornar réus alguns de seus donos. Cito alguns – porque ainda há suspeitas sobre o poderos Beto Louco, que, para a polícia, é o verdadeiro dono da empresa e ligado à facção criminosa.
Nas suas lamúrias na tentativa de convencer o(a) juiz(a) da vara empresarial na qual vai protocolar o pedido de recuperação, a Copape contratou um dos maiores escritórios criminalistas do Brasil. Gasta lábia de forma duvidosa: Informa que tem 56 empregados – mas que seriam 500 empregos indiretos. Que produz 95 milhões de litros de combustíveis/mês e que a paralisação das atividades causou um rombo já de R$ 830 milhões, até agora, junto a fornecedores (nada porém detalhado, meros números). Informa ainda que seus proprietários não têm condenação – mas se “esquecem” de citar que eles viraram réus na Justiça paulista.
Ainda não satisfeitos, outro tiro no escuro: a Copape insiste na tese de que o juizado empresarial teria poder para reverter a decisão administrativa da ANP, um órgão federal, na tentativa de retomar de imediato suas atividades. E involuntariamente dá uma excelente pista documental para a polícia: informa que sua rede própria é composta por 130 postos de combustíveis e outros 300 parceiros. A Secretaria de Segurança de São Paulo, que está atenta a tudo há mais de ano, vai seguir o mapa.
Coluna Esplanada
Sobre
A Coluna Esplanada foi lançada em Dezembro de 2011 com o objetivo de levar aos jornais das capitais e do interior as notícias mais relevantes do Legislativo, Judiciário e Executivo, além do Mercado.
Sobre o autor:
Leandro Mazzini, começou a carreira jornalística em 1996. É graduado em Comunicação Social pela FACHA, do Rio de Janeiro, e pós-graduado em Ciência Política pela UnB. A partir de 2000, passou por ‘Jornal do Brasil’, ‘Agência Rio de Notícias’, ‘Correio do Brasil’, ‘Gazeta Mercantil’ e outros veículos.
Assinou o Informe JB de 2007 a 2011, e também foi colunista da Gazeta. Entre 2009 e 2014 apresentou os programas ‘Frente a Frente’ e ‘Tribuna Independente’ (ao vivo) na REDEVIDA de Televisão, em rede, foi comentarista político do telejornal da Vida, na mesma emissora e foi comentarista da Rede Mais/Record TV em MG.
Em 2011, lançou a ‘Coluna Esplanada’, reproduzida hoje em mais de 54 jornais de 25 capitais. Foi colunista dos portais ‘UOL’ e ‘iG’. Conta com equipe em Brasília, e correspondentes no Rio, Salvador e São Paulo. É também comentarista das rádios ‘Super TUPI’, do Rio, e 'Muriaé' FM. Leandro Mazzini, com Walmor Parente, Carol Purificação e Ariston Camilo.