Enio Lins

A Universidade Federal de Alagoas e sua relevância nacional

Enio Lins 13 de setembro de 2024

Reportagem editada com destaque na edição de ontem, n’O Globo, e reproduzida pelo G1, tem a seguinte manchete: “Pelo menos 12 grandes rios brasileiros estão secando, aponta estudo; saiba quais”. Na esteira das grandes queimadas que o Brasil está sofrendo nesses dias e no esquentamento da discussão internacional sobre as mudanças climáticas, a abordagem sobre os problemas de sobrevivência é tema de primeira ordem. Detalhe não menos importante, o lead da matéria informa: “Levantamento de laboratório da Universidade Federal de Alagoas indica problemas na Amazônia, Centro-Oeste e Sudeste. Ao menos nove hidrelétricas ficam nos leitos afetados”.

ORGULHO ALAGOANO

Cândido Toledo (1927–2012), notável cientista alagoano vinculado ao setor sucroalcooleiro, ex-professor do ITA (um dos primeiros docentes daquela instituição de relevância internacional e que conviveu com Mário Schenberg e César Lattes), sempre afirmava: “A pesquisa é o que diferencia uma universidade de todas as demais instituições de ensino”. Quando a UFAL se destaca, e esta não é a primeira nem única vez, através de pesquisas de grande relevância, toda Alagoas deve se orgulhar e lavar a alma nordestina (mais uma vez) frente a todos os tipos de preconceitos. Temos uma Universidade cujo nome tem de ser escrito com maiúscula! Vida longa a Universidade Federal de Alagoas!

RELEVÂNCIA NACIONAL

Segue a reportagem d’O Globo: “Levantamento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mostra que os maiores rios do país estão secando. A seca atual atinge 55% do território nacional e é a mais extensa já registrada, atingindo 4,6 milhões de km²” e que “pelo menos 12 grandes rios já são afetados. Na lista de maior redução no volume de águas estão os rios Manso, Paranaíba e Jequitinhonha, em Minas Gerais; Tocantins, entre os estados de Tocantins e Maranhão; e o Rio Paraná, no trecho entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. Centro da terceira maior bacia hidrográfica do país, o Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais e desemboca no mar em Sergipe, já teve sua vazão reduzida em 60% nas últimas três décadas”.

QUADRO PREOCUPANTE

Adiante, a reportagem diz: “Segundo o professor Humberto Barbosa, responsável pelo levantamento, os principais rios do Brasil registram níveis muito baixos em decorrência da seca, como é o caso da Amazônia, o que prejudica todos os brasileiros, que dependem deles para várias atividades. O controle do nível da água dos rios, lagos e reservatórios é importante para abastecimento humano e de animais, agricultura, piscicultura, transporte e geração de energia. O estudo mostra que pelo menos nove usinas hidrelétricas brasileiras podem ser afetadas por essa redução do volume de águas. O Rio Jequitinhonha abriga a segunda maior barragem do Brasil, a da UHE Irapé. No Rio Paranaíba está a UHE São Simão. No Rio Paraná está instalada a UHE Porto Primavera, por exemplo”.

ALERTA CORRETO

Destaque-se no posicionamento do professor da UFAL, o cuidado de associar as preocupações ambientais com as prioridades do desenvolvimento econômico e social, ao destacar a necessidade de harmonização do controle do nível das águas com a geração de energia, agricultura, psicultura e abastecimento humano e animal. Em meu modesto entendimento, esta é a postura correta, científica e politicamente falando: preservar a natureza sem a exclusão, muito menos criminalização, dos interesses socioeconômicos sustentáveis. Muito bem, Universidade Federal de Alagoas! Parabéns!!