Enio Lins
A Universidade Federal de Alagoas e sua relevância nacional
Reportagem editada com destaque na edição de ontem, n’O Globo, e reproduzida pelo G1, tem a seguinte manchete: “Pelo menos 12 grandes rios brasileiros estão secando, aponta estudo; saiba quais”. Na esteira das grandes queimadas que o Brasil está sofrendo nesses dias e no esquentamento da discussão internacional sobre as mudanças climáticas, a abordagem sobre os problemas de sobrevivência é tema de primeira ordem. Detalhe não menos importante, o lead da matéria informa: “Levantamento de laboratório da Universidade Federal de Alagoas indica problemas na Amazônia, Centro-Oeste e Sudeste. Ao menos nove hidrelétricas ficam nos leitos afetados”.
ORGULHO ALAGOANO
Cândido Toledo (1927–2012), notável cientista alagoano vinculado ao setor sucroalcooleiro, ex-professor do ITA (um dos primeiros docentes daquela instituição de relevância internacional e que conviveu com Mário Schenberg e César Lattes), sempre afirmava: “A pesquisa é o que diferencia uma universidade de todas as demais instituições de ensino”. Quando a UFAL se destaca, e esta não é a primeira nem única vez, através de pesquisas de grande relevância, toda Alagoas deve se orgulhar e lavar a alma nordestina (mais uma vez) frente a todos os tipos de preconceitos. Temos uma Universidade cujo nome tem de ser escrito com maiúscula! Vida longa a Universidade Federal de Alagoas!
RELEVÂNCIA NACIONAL
Segue a reportagem d’O Globo: “Levantamento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mostra que os maiores rios do país estão secando. A seca atual atinge 55% do território nacional e é a mais extensa já registrada, atingindo 4,6 milhões de km²” e que “pelo menos 12 grandes rios já são afetados. Na lista de maior redução no volume de águas estão os rios Manso, Paranaíba e Jequitinhonha, em Minas Gerais; Tocantins, entre os estados de Tocantins e Maranhão; e o Rio Paraná, no trecho entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. Centro da terceira maior bacia hidrográfica do país, o Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais e desemboca no mar em Sergipe, já teve sua vazão reduzida em 60% nas últimas três décadas”.
QUADRO PREOCUPANTE
Adiante, a reportagem diz: “Segundo o professor Humberto Barbosa, responsável pelo levantamento, os principais rios do Brasil registram níveis muito baixos em decorrência da seca, como é o caso da Amazônia, o que prejudica todos os brasileiros, que dependem deles para várias atividades. O controle do nível da água dos rios, lagos e reservatórios é importante para abastecimento humano e de animais, agricultura, piscicultura, transporte e geração de energia. O estudo mostra que pelo menos nove usinas hidrelétricas brasileiras podem ser afetadas por essa redução do volume de águas. O Rio Jequitinhonha abriga a segunda maior barragem do Brasil, a da UHE Irapé. No Rio Paranaíba está a UHE São Simão. No Rio Paraná está instalada a UHE Porto Primavera, por exemplo”.
ALERTA CORRETO
Destaque-se no posicionamento do professor da UFAL, o cuidado de associar as preocupações ambientais com as prioridades do desenvolvimento econômico e social, ao destacar a necessidade de harmonização do controle do nível das águas com a geração de energia, agricultura, psicultura e abastecimento humano e animal. Em meu modesto entendimento, esta é a postura correta, científica e politicamente falando: preservar a natureza sem a exclusão, muito menos criminalização, dos interesses socioeconômicos sustentáveis. Muito bem, Universidade Federal de Alagoas! Parabéns!!
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.