Petrucia Camelo

PATERNIDADE EM EVIDÊNCIA

Petrucia Camelo 19 de agosto de 2024

Imagina-se que, por momentos, os ponteiros do relógio possam trabalhar em sentido contrário, trazendo de volta o passado, oportunizando rever as falhas cometidas, nas atitudes e comportamentos e, ao analisá-las, levaria a pensar no porquê das ocorrências negativas e chega-se à conclusão de que poderiam ter sido colhidos resultados melhores.

Observa-se, então, que, se os ponteiros pudessem retroceder o tempo, ter-se-ia a oportunidade de mudar os fatos há tempo, e, certamente, o passado não corroeria a nossa mente, no presente a fazer que arda em remorso pelo sentimento de culpa.

E, naturalmente, com a oportunidade de modificar a trajetória da vida, os erros cometidos no passado seriam consertados com decência e com zelo e se teria a certeza de não se repetirem no futuro. Porém, infelizmente, a natureza do ser humano, do nascimento à morte, está apta para ir em frente, no desejo de perseverar e ser aprimorada, pois traz os dons a serem desenvolvidos.

Na vida do ser humano, tudo tem que ser adquirido com orientação, aprendizado e muito esforço, pois não se tem como reparar os erros do passado. A vida soterra os erros cometidos no passado, como se fossem pedras de alicerces, de onde se devem levantar paredes.

“Mas onde eu estava que não vi o menino crescer?” Essa frase é geralmente indagada pelos que são pais; é sentida, sofrida, guardada no cantinho da mente, e, de quando em quando, aflora, quando se olha para aquele ser humano que está sob a sua guarda, que nasceu, cresceu, que mora junto e lamenta: Puxa! Eu deveria ter feito melhor!

Notadamente, ele absorveu a maior parte dos ensinamentos que lhe passei de forma errônea; acho que não houve uma boa condução; ele é inseguro, incapaz, mantém distância; houve influência negativa na formação de sua personalidade. Que conclusão, muitas vezes, tardia!

Ah! o ser humano é uma pedra bruta; ao nascer, embora possua as qualidades que lhe são inerentes, precisa de imagens exemplares como referenciais; ao se prender à imagem masculina do pai, ele não quer somente carinho e atenção; ele quer exemplos seguros, ao beber da maturidade do pai; admirar o poder que o pai possui, onde ele se fortalece, aprende, esconde-se das fraquezas próprias da idade.

O ser humano em formação, para ter uma personalidade firme e equilibrada, ele precisa de um relacionamento familiar consistente, envolvente de meios lícitos, que o auxiliam em seu desenvolvimento.

A falta de um bom relacionamento familiar leva à separação de casais; certamente, à desagregação familiar; causando insegurança, solidão, desamparo aos filhos; é um verdadeiro desafio a ser encarado pelo indivíduo em formação. A maioria dos animais menores, a natureza deles, tem um período da assistência aos filhotes, tal é a importância desse desvelo que o Criador contemplou a toda criação.

Sabe-se que o relacionamento entre pais e filhos é, muitas vezes, prejudicado pela ausência da figura paterna, por sua luta que o deixa fora do convívio familiar por longas horas; entretanto, cabe ao pai ou aos pais procurar descobrir meios de contornar o problema; não permitir que a desatenção e o egoísmo falem mais alto, peguem de frente aquele ser fragilizado, que é carne de sua carne, que um dia foi gerado com a sua intervenção.

A evolução dos filhos, em grande parte, é responsabilidade de quem as gerou. Porém, jamais se deve esquecer que esse ser humano possui sua própria natureza, suas escolhas, seus talentos e seu idealismo. Os filhos somente precisam de apoio para encontrarem o caminho; eles serão sempre gratos aos pais por terem possibilitado meios de iniciação ao desenvolvimento futuro.

A imagem paterna será permanentemente lembrada até os fins dos dias, as lembranças dos bons momentos sempre os acompanharão, até mesmo as dos momentos de correções serão compreendidas e enxugarão as lágrimas que foram derramadas durante a infância e a adolescência. O filho que não receber a devida atenção paterna sentir-se-á perdido em cada amanhecer que torna.

“Amar é querer para o outro o que desejamos para nós” (Aristóteles).