Enio Lins
Os Estados Unidos e sua campanha presidencial internacional
Voltamos ao tema “eleições americanas 2024”. Impossível retirar esse ponto da pauta, pois a atenção internacional é sugada pelo andar das carruagens rumo à Casa Branca. Esse poder centrípeto se explica facilmente, pois a (ainda) única superpotência mundial interfere diretamente nas questões internas de todo e qualquer país no globo.
DONOS DO MUNDO
Muitas mentes que se consideram privilegiadas torcerão o nariz para esse velho termo: superpotência. Considerado por alguns como conceito arcaico e ultrapassado, foi desaparecido do rol dos vocábulos da moda desde o falecimento da União Soviética e do esboroamento dos chamados “países comunistas” do Leste europeu. Mas a nação ianque segue sendo a maior das potências econômicas/militares no Século XXI, continua superpotência, visceralmente imperialista, direcionando mercados e exportando (e financiando) guerras para todo lado – ganhando oceanos de dinheiro com isso. Assim, interessa, e muito, ao resto do globo redondo, tudo que acontece no triângulo de terra plana entre a Bolsa de Valores de Nova Iorque, a Casa Branca e o Pentágono.
MUDA O QUÊ?
Em termos da essência norte-americana, as eleições mudam quase nada, pois a Doutrina Monroe segue sendo praticada intensamente como o “pensamento único”. Formulada pelo presidente James Monroe, e apresentada no dia 2 de dezembro de 1823, usa e abusa do slogan “A América para os Americanos” para justificar a extensão de seu “braço protetor” sobre o restante da humanidade. Se fundamenta no suposto “destino manifesto” – dominador e globalizado – dos estadunidenses, e teve sua tradução mais fiel explicitada pelo presidente Theodore Roosevelt como a “Política do Grande Porrete”. Essa teoria, na prática, teve um salto gigantesco no pós-II Guerra, ancorada no fato de que os Estados Unidos foi a única das potências envolvidas que não sofreu danos significativos em sua economia (seu território, à exceção de Pearl Harbor, no Havaí, não recebeu sequer uma bombinha de São João durante a maior carnificina do Século XX).
MUDA ALGO, SIM
Altera-se, em função da voz ocupante do salão oval, o discurso (influenciando fortemente a direita e extrema-direita internacional), muda-se alguma coisa nos posicionamentos políticos internos, e redireciona-se quase nada no formato das ações imperialistas. As armas letais “Made in USA” seguirão sendo vendidas a rodo, e suas tropas usadas como dantes. Dentre as mudanças de postura de quem esteja na Casa Branca, não se pode menosprezar o peso das formulações supremacistas, agressivas, de um personagem como Donald Trump – suas falas excitam a direita mais extremada e retrógrada que possa existir nos quatro cantos da terra, e isto, essa repercussão global, é uma tragédia adicional de grandes proporções (apesar, insisto, da posição de Trump sobre a OTAN – até ontem – ser menos ruim que a do resto das lideranças americanas).
HORÁRIO ELEITORAL INTERNACIONAL
Queira-se ou não, a campanha eleitoral americana (e não o voto) é mundial. Todo mundo tem de meter a colher lá, porque os estadunidenses metem o bedelho deles no mundo todo, ditando regras, estabelecendo moda e sugando as riquezas alheias com seu velho e insaciável apetite. Opinar sobre a disputa pela Casa Branca é algo que qualquer pessoa não-americana deve fazer sem moderação, pois o resultado do confuso a atrasado processo eleitoral dos Estados Unidos afeta a vida de cada um de nós, seja cucaracha, europeu, africano ou asiático. Então, #trumpnão!
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.