Enio Lins

Não existe partida ganha por antecipação

Enio Lins 04 de junho de 2024

Há quatro anos, como previsto antes da eleição para a prefeitura de Maceió, Alfredo Gaspar ficou com o primeiro lugar no primeiro turno, com 110.234 votos (28,87%); JHC foi para o segundo turno em segundo lugar, com 109.053 votos (28,56%). E o destaque foi o então deputado estadual Davi Filho, que faturou 97.409 votos (25,51% do eleitorado). Tríplice empate técnico e números apertados que não podem ser esquecidos ao tecer os fios dos prognósticos para este ano da graça de 2024.

FAVORITISMOS ATUAIS

JHC é o franco favorito nestas eleições na capital alagoana, isto é inegável. Ao seu lado está a legislação da reeleição, possibilitando o uso da caneta em tempo integral durante toda a campanha. Esta é uma condição privilegiada comum a toda candidatura que postule ser reeleita, e a regra é ganhar – mas as exceções existem, como pode ser atestada na histórica eleição presidencial de 2022. E mais, o prefeito de Maceió tem o apoio do mais poderoso político brasileiro na atualidade, o presidente da Cãmara Federal, deputado Arthur Lira. E mais ainda: à frente de todas as demais candidaturas, JHC inicia esta corrida, para além das vantagens do erário maceioense, contando com o sal da Braskem (R$ 1,7 bilhão).

LEMBREM-SE DE 2020

Alfredo Gaspar era o favorito na disputa pela prefeitura de Maceió em 2020, isto era inegável. Ao seu lado perfilavam-se Renan Filho e Rui Palmeira, respectivamente governador de Alagoas e prefeito da capital. E ele próprio vinha de uma excepcionalmente bem-sucedida gestão na Segurança Pública. Tinha simpatia até do então presidente da República, apesar daquele sinistro mito ter achado melhor jair ficando quieto porque tinha candidaturas para chamar de suas, como o intrépido patriota Josan Leite (abocanhou 6,27% dos votos). Gaspar ganhou no primeiro turno e perdeu no segundo – em minha opinião porque não convidou Davi Filho para seu lado (se tivesse feito isso seria hoje candidato à reeleição).

AZARANDO?

Aparentemente deitada em berço esplêndido, a reeleição de JHC tem sofrido sobressaltos, sustos decorrentes do próprio favoritismo. A indicação do nome para vice é onde o caldo entorna para os Caldas, pois a anunciada escolha de Rodrigo Cunha provoca pela solução exclusivamente familiar, premiando Dona Eudócia com um mandato senatorial. É passo possível, mas que só pode ser dado em situações de absoluto conforto político – condição ainda não consolidada, pois os aliados, mui especialmente Arthur Lira, exigem uma partilha apropriada dos espaços. E a vice-prefeitura é peça essencial nesse jogo, pela previsibilidade da candidatura do atual prefeito de Maceió para o governo do Estado em 2026, fator óbvio nos cálculos de todas as forças políticas.

NOMES PODEROSOS

Dentre as atuais alianças de JHC na prefeitura figuram personalidades fortes, com chances de vitória encabeçando chapa própria, como Davi Filho, Alfredo Gaspar e Jó Pereira. Esse trio tem comprovada intimidade com as unas e são candidaturas viáveis para abocanhar o posto de prefeito. Ainda nas hipóteses para vice, além dos políticos profissionais aliados, Luiz Romero Farias tem sido especulado, por razões objetivas, como solução de consenso – até poque não postula o posto em disputa, nem se propõe a seguir carreira eleitoral proporcional. Mas a coisa segue travada no campo situacionista.

E, na dele, na via da oposição, Rafael Brito vai caminhando e cantando, seguindo a canção: tem tudo a ganhar nesta batalha de 2024.