Enio Lins

Sadi Cabral e sua fértil vida, em livro de Claudevan Melo

Enio Lins 16 de abril de 2024

Claudevan Melo, pesquisador, é o maior colecionador de produtos (de todos os tipos), sobre as atividades artísticas alagoanas, especialmente a música. Seu acervo fonográfico é o mais completo sobre composições ou interpretações feitas por gente de Alagoas (inclusive produzidas no Exterior) desde os tempos dos discos em cera de carnaúba. Natural de Rio Largo, migrou cedo para São Paulo, onde trabalhou como operário metalúrgico (e militante) desde 1970. Sábado, 13, lançou seu livro sobre um conterrâneo, o múltiplo Sadi Cabral.

PATRIMÔNIO FUNDAMENTAL

Às próprias expensas, ele caça e coleciona tudo que de importante possa existir sobre a presença alagoana nas artes. Formou um acervo inigualável ao longo de mais de 50 anos de frenética ação de busca-e-aquisição, um tesouro. Botija que Alagoas precisa acolher, assumir institucionalmente para que possa estar, sob a supervisão do idealizador, ainda mais protegida e em condições apropriadas para intensa visitação pública e para pesquisas em todos os níveis. Mas essa pauta, Acervo Claudevan Melo – presente e futuro, é tema para comentário noutro dia.

UMA BIOGRAFIA BÁSICA

Por ora, fiquemos num ponto específico, o livro sobre Sadi Cabral, escrito por nosso camarada colecionista usando como fonte seu próprio arquivo. Quem tenha mais de 50 anos no lombo, certamente, lembrar-se-á do rosto e das atuações (na TV e no cinema) de um senhor de cabelos brancos, calvo, nalguns papéis com fartas costeletas encaniçadas, noutros com barbas alvas, sempre de voz imponente, e olhar expressivo que dizia mais ou tanto quando as falas dos muitos personagens que desempenhou nos palcos, telinhas e telonas. E, dentre essas criaturas de boa memória, é muito provável que poucas saibam que aquele ator era alagoano da gema, um papa-sururu.

ARTISTA MÚLTIPLO

“Sadi Cabral, uma vida à arte de representar”, o livro, aborda a vida e as obras daquele ator, poeta, compositor, músico, escritor, tradutor... nascido em Maceió, no dia 10 de setembro de 1906, e que morreu em São Paulo, depois de 80 anos, dois meses e 13 dias de uma existência dedicada à arte e à cultura. A publicação, com 156 páginas, contém eficiente resumo biográfico, listagem completa dos trabalhos realizados, letras de suas composições, e coleção de fotos do artista ao longo de sua longa trajetória. Um livro-ferramenta, preciso, conciso – sem rebarbas – próprio de um ferramenteiro qualificado.

ALFINETANDO COM RAZÃO

Na apresentação da obra, o polímata Marcos de Farias Costa assinala a “sensibilidade de pesquisador nato, anotando, passo a passo, a trilha deste grande alagoano Sadi Cabral, poeta, ator, homem de rádio, escritor, poliglota, tradutor, professor e artista multicompleto. Alagoas sai mais rica após esta tarefa de resgate e reconstituição histórica de nosso passado cultural. Claudevan escreveu um livro indispensável àqueles que se dedicam ao estudo da MPB, de forma geral e dos compositores alagoanos, em modo particular. Polemista apaixonado que não tolera indiferença ao patrimônio musical alagoano, ele comprova que inexiste em Maceió um logradouro público, sequer uma placa de linha de trem, com o nome deste sofisticado compositor Sadi Cabral”.

COMO ADQUIRIR

Na falta de uma livraria em Maceió que venda livros alagoanos, o livro “Sadi Cabral, uma vida à arte de representar” pode ser adquirido diretamente com o autor, pelo número – ainda paulistano – (11) 99266-8143.