Enio Lins
Redes antissociais e a insurgência contra a lei e a democracia
Nenhuma das mazelas que circulam abundantes, e antissocialmente, nas redes sociais foi inventada por essas mídias. Infâmia, calúnia, difamação, falsificação, deturpação, e iniciativas criminosas assemelhadas, existem desde antes da invenção da escrita, sob a forma de boatos e maledicências de todos os tipos. Mas, com as fabulosas ferramentas tecnológicas contemporâneas, assumiram um tremendo poder de capilaridade como nunca dantes na história do mundo de crimes.
REGULAMENTAR É PRECISO
Estabelecer legislação apropriada para esses instrumentos digitais é uma exigência civilizatória mundial que precisa ser definida país por país, posto ainda existirem fronteiras para a Lei, embora esses limites jamais sejam considerados pelo crime organizado, cujas quadrilhas praticam um internacionalismo corsário desde mesmo antes do pirata Barba Negra infernizar os mares abordando, matando e assaltando as riquezas que navegavam sob quaisquer bandeiras nacionais.
O “X” DA QUESTÃO
Seguir a lei de cada país onde plante seus negócios é uma regra ancestral, desde quando existem países, já que negociar é ação mais antiga que a mais velha nação surgida no mundo. Uma vez estabelecidos os estados nacionais, quem empreende precisa respeitar e adequar-se às normas vigentes em cada unidade política-administrativa. E quem pretenda delinquir precisa saber que isso é passível de punição – não adianta mimimi. Esse é o “xis” da questão que Pablo Escobar não aceitava e Elon Musk não aceita. Para ambos, cada um era/é “o poder”, a lei sem fronteiras, garantindo que seus produtos sejam consumidos com total liberdade e nenhuma responsabilidade.
FINANCIADOR DE GOLPES
No site O Tempo, anteontem, o jornalista Renato Alves lembrou que o dono do “x”, postou em julho de 2020: “Vamos dar um golpe em quem quisermos! Lide com isso”, em resposta a um seguidor, confirmando que havia promovido um golpe de Estado na Bolívia para colocar no poder uma política chamada Jeanine Añez. Após essa manobra, destaca Alves, “Jeanine está presa e foi condenada a 10 anos de cadeia pelo golpe. Musk está cada vez mais rico”. No Basil, vários fios ligam o chefão do ex-Twitter, através de sua rede, às tentativas de golpe, aos gabinetes do ódio e à abundante circulação de mensagens entre quadrilhas do crime organizado. E essa pirotécnica personagem reafirma que a lei brasileira não o alcança nem muito menos arranha seus clientes criminosos.
CRIME E SOBERBA
Reinaldo Azevedo, no UOL/Folha, foi ao ponto: “A reação de Alexandre de Moraes ao banditismo de Elon Musk veio. E, para quem sabe ler, é mais forte do que parece. E não partam do princípio de que agiu de modo intempestivo, surpreendendo seus colegas de tribunal. Não sei se notaram: o chefão do ‘X’ não está anunciando que vai ignorar decisões de um membro do STF porque tem com ele uma rusga pessoal, respeitando os demais. E já seria absurdo. Na prática, diz o seguinte: ‘Se e quando qualquer juiz ou Poder do Brasil tomarem decisões que não sejam do meu agrado ou interesse, não cumprirei. Danem-se vocês. O Estado sou eu [!]’”.
LUTA QUE SEGUE
Apesar das diatribes do poderoso chefão do ex-Twitter, e das moções de cumplicidade entre delinquentes, os processos contra as ilegalidades que possam ter sido cometidas pelo “x” seguem seu caminho. E assim deve ser: garantir o cumprimento da lei, doa a quem doer, sem perder tempo com bate-bocas virtuais entre quem é autoridade constituída e quem responde processos.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.