Enio Lins

A Casa de Graciliano Ramos, em Palmeira, com cara nova

Enio Lins 05 de abril de 2024

Depois de amanhã, dia 7, domingão, o museu e centro cultural Casa de Graciliano será reinaugurado em Palmeira dos Índios, depois de uma providencial temporada de restauração arquitetônica, obra bancada pelo IPHAN em parceria com a prefeitura palmeirense. Uma excelente notícia!

REFERÊNCIA NACIONAL

Graciliano Ramos, em sendo referência nacional (e internacional) para a Cultura no geral e para a Literatura no particular, legou à posteridade um patrimônio imaterial de valor incalculável, expresso em sua obra e em seu exercício de cidadania. Nada mais justo que os locais onde ele viveu e trabalhou sejam reconhecidos como bens materiais de importância histórica, e mantidos como centros culturais.

REFERÊNCIAS VÁRIAS

Ser em constante migração, Mestre Graça foi vivente de muitos cantos e o certo seria estender – pelo menos, para alguns desses locais – a mão protetora do poder público. Trata-se de multiplicar o saber. Nesse caminho, em boa hora, a prefeitura de Quebrangulo está se mexendo para transformar a casa onde Graciliano Ramos nasceu como outro ponto de referência da vida e obra do grande escritor.

CASAS DE CRIAÇÃO

Por falar nisso, alguém sabe que fim levou a casa onde ele morou em Maceió? Além da cidade natal – de nome com origem ainda indecifrável – o autor de Vidas Secas residiu em Viçosa, Buíque (PE), e no Rio de Janeiro. Na capital alagoana ele escreveu e ambientou uma de suas mais instigantes obras, Angústia. “Na” Viçosa, redigiu e localizou São Bernardo, outra obra-prima – e por aí foi.

ROTEIRO A PRESERVAR

Pois bem: é o caso de identificar, resgatar, restaurar e dar uso público a mais alguns desses imóveis. A Casa de Graciliano em Palmeira dos Índios é a primeira e principal dessas referências, pois nela ele escreveu os famosos relatórios como prefeito da cidade, textos que catapultaram seu nome para a cena literária nacional – felizmente, em 1973, foi tombada e transformada num Centro Cultural.

POR MAIS RECURSOS

Restaurada com verbas federais, via IPHAN, com contrapartida do erário municipal, a Casa de Graciliano Ramos é mais um exemplo da necessidade de alocação permanente de recursos públicos destinados, através de rubricas próprias, para manutenção e funcionamento cotidiano desse tipo de instituição. O pós-restauração, a manutenção, é tão importante quando a recuperação do bem histórico.

VELHO PROBLEMA

Restaurar e descuidar é uma sequência pecaminosa em todo Brasil, mácula que precisa ser erradicada. Uma das origens desse mal é a ausência de uma política nacional, a ser replicada nas legislações estaduais e municipais, para o custeio específico do funcionamento adequado dos museus e centros culturais. O binômio tombar-e-restaurar, na prática, vira um trinômio: tombar/restaurar/abandonar, e não só a área pública padece desse mal – basta ver o que acontece na pós-restauração das igrejas em todo Brasil.

DE VOLTA AO COMEÇO

Aplausos para a nova restauração da Casa de Graciliano Ramos em Palmeira dos Índios, pois esse equipamento é um dos mais importantes pontos para a difusão da cultura em nosso Estado, com o mérito particular de interiorizar ações permanentes do desenvolvimento humano. E, insistindo: esse exemplo deve inspirar iniciativas semelhantes – imóveis de grande valor histórico são abundantes em Alagoas. Parabéns para o IPHAN! Parabéns para a prefeitura de Palmeira dos Índios!