Enio Lins
A Casa de Graciliano Ramos, em Palmeira, com cara nova
Depois de amanhã, dia 7, domingão, o museu e centro cultural Casa de Graciliano será reinaugurado em Palmeira dos Índios, depois de uma providencial temporada de restauração arquitetônica, obra bancada pelo IPHAN em parceria com a prefeitura palmeirense. Uma excelente notícia!
REFERÊNCIA NACIONAL
Graciliano Ramos, em sendo referência nacional (e internacional) para a Cultura no geral e para a Literatura no particular, legou à posteridade um patrimônio imaterial de valor incalculável, expresso em sua obra e em seu exercício de cidadania. Nada mais justo que os locais onde ele viveu e trabalhou sejam reconhecidos como bens materiais de importância histórica, e mantidos como centros culturais.
REFERÊNCIAS VÁRIAS
Ser em constante migração, Mestre Graça foi vivente de muitos cantos e o certo seria estender – pelo menos, para alguns desses locais – a mão protetora do poder público. Trata-se de multiplicar o saber. Nesse caminho, em boa hora, a prefeitura de Quebrangulo está se mexendo para transformar a casa onde Graciliano Ramos nasceu como outro ponto de referência da vida e obra do grande escritor.
CASAS DE CRIAÇÃO
Por falar nisso, alguém sabe que fim levou a casa onde ele morou em Maceió? Além da cidade natal – de nome com origem ainda indecifrável – o autor de Vidas Secas residiu em Viçosa, Buíque (PE), e no Rio de Janeiro. Na capital alagoana ele escreveu e ambientou uma de suas mais instigantes obras, Angústia. “Na” Viçosa, redigiu e localizou São Bernardo, outra obra-prima – e por aí foi.
ROTEIRO A PRESERVAR
Pois bem: é o caso de identificar, resgatar, restaurar e dar uso público a mais alguns desses imóveis. A Casa de Graciliano em Palmeira dos Índios é a primeira e principal dessas referências, pois nela ele escreveu os famosos relatórios como prefeito da cidade, textos que catapultaram seu nome para a cena literária nacional – felizmente, em 1973, foi tombada e transformada num Centro Cultural.
POR MAIS RECURSOS
Restaurada com verbas federais, via IPHAN, com contrapartida do erário municipal, a Casa de Graciliano Ramos é mais um exemplo da necessidade de alocação permanente de recursos públicos destinados, através de rubricas próprias, para manutenção e funcionamento cotidiano desse tipo de instituição. O pós-restauração, a manutenção, é tão importante quando a recuperação do bem histórico.
VELHO PROBLEMA
Restaurar e descuidar é uma sequência pecaminosa em todo Brasil, mácula que precisa ser erradicada. Uma das origens desse mal é a ausência de uma política nacional, a ser replicada nas legislações estaduais e municipais, para o custeio específico do funcionamento adequado dos museus e centros culturais. O binômio tombar-e-restaurar, na prática, vira um trinômio: tombar/restaurar/abandonar, e não só a área pública padece desse mal – basta ver o que acontece na pós-restauração das igrejas em todo Brasil.
DE VOLTA AO COMEÇO
Aplausos para a nova restauração da Casa de Graciliano Ramos em Palmeira dos Índios, pois esse equipamento é um dos mais importantes pontos para a difusão da cultura em nosso Estado, com o mérito particular de interiorizar ações permanentes do desenvolvimento humano. E, insistindo: esse exemplo deve inspirar iniciativas semelhantes – imóveis de grande valor histórico são abundantes em Alagoas. Parabéns para o IPHAN! Parabéns para a prefeitura de Palmeira dos Índios!
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.