Enio Lins
Criminosa ação: falsificar a própria vacinação
Certas falcatruas que aparentam pequena significância trazem dentro de si delitos de grande peso. Este é o caso da falsificação, promovida pelo ex-presidente da República, em conluio com auxiliares, de seu próprio cartão de vacinação.
Falsificar tal atestado seria coisinha-à-toa? Não, isto foi um grave crime – especialmente por ter sido cometido em meio a uma pandemia que estava matando centenas de milhares de brasileiros enquanto o ex-capitão defendia a tese da “imunização de rebanho” e apresentava a si próprio como exemplo de sucesso contra a vacina.
SEMPRE UM COVARDE
Jair Messias é um covarde espalhafatoso que recua rápido diante dos riscos, choraminga quando encurralado, diz e se desdiz com a mesma veemência dependendo da onda do momento. Quando cercado por seguranças, fala grosso. Em insegurança, mia baixinho. E esse é um exemplo: para sua torcida, desancou a vacina contra o Covid 19; para a imigração, ronronou exibindo um atestado de que tinha se vacinado.
É indispensável dizer que um dos maiores crimes do mito genocida durante a pandemia é ter estimulado, para milhões de brasileiros que levam em consideração seus arroubos, o distanciamento de parte da população à única opção segura de defesa contra o Coronavírus. Isso equivale a um assassinato em massa.
GRADAÇÃO DE UM CRIME
Vamos insistir mais umas linhas na questão dos agravantes diferenciados para um mesmo delito, no caso, a falsificação de um documento oficial, o atestado de vacinação. Perpetrado por pessoa comum, esse crime tem peso X; cometido por uma autoridade qualquer, esse mesmo crime pesa mais que que X; praticado por uma autoridade que lidera muitos milhões de seguidores, e durante uma pandemia viral massiva, esse gesto se inscreve na lista dos genocídios.
Uma “despretensiosa” falsificação de documento oficial, neste caso pandêmico, vira um crime contra a humanidade, quando esse falsificador se apresenta como “salvador da pátria” em luta contra um “mal” – maleficência essa que seria a vacina contra o Covid-19. Jair Messias, impávido colosso, não teve vergonha de viajar a bordo de (mais) uma falsidade em sua vida vigarista e, com a ajuda de outros meliantes, embarcou em mais um delito, afirmando ter tomado a vacina que negava.
DANOS GRAVES
Enfim, em 19 de março deste ano, a Polícia Federal indiciou Jair Messias, coronel Cid e mais 15 pessoas pela fraude. Segundo noticiado n’O Globo, “o indiciamento significa que o processo segue para as mãos do Ministério Público Federal, que decide se apresenta denúncia à Justiça ou arquiva a apuração”. O mito é mau e o malefício maior foi consumado por conta da sua campanha contra a vacina.
Além dos danos irreversíveis causados por essa campanha em plena pandemia, esse posicionamento contra a vacinação, considerando a influência mitológica do então presidente, contribuiu para uma “queda geral na imunização frente diversas outras enfermidades”. Informou a Globo News que, em abril de 2022, “a cobertura vacinal infantil é a menor em cinco anos no Brasil”, pois “mentiras espalhadas nas redes sociais fizeram cair a vacinação contra doenças altamente contagiosas”.
Taí uma delinquência com consequências em cascata. Falsificar seu cartão de vacina foi um delito a mais do falso messias, num verdadeiro rosário de crimes.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.