Enio Lins
Hoje é dia de espetáculo, e no meio da rua!
Conversemos sobre política cultural e sobre arte – e arte popular de primeira qualidade. Nesta terça-feira, 12 de março, às 19 horas, na Praça Sinimbu, Maceió será brindada com uma apresentação do Imbuaça, um dos melhores grupos de teatro de rua da América Latina.
Possui, o Imbuaça, um grande laço com Alagoas. Nos idos de 1993, início da gestão de Ronaldo Lessa como prefeito de Maceió, a sapiência do grupo aracajuano foi importada, por uns tempos, para a cena alagoana. Lindolfo Amaral, fundador e diretor da trupe (ator, diretor, teatrólogo) aqui sentou praça para ensinar teatro de rua.
IMBUAÇA SEMINAL
Lessa havia criado a Secretaria Municipal de Cultura (posteriormente Fundação) e o passo número um foi consultar aos segmentos artísticos sobre o mais urgente a fazer. Homero Cavalcante e Ronaldo de Andrade, pela turma do Teatro, pontuaram: “Precisamos de um curso de teatro de rua e o melhor para isso é o Lindolfo, do Imbuaça, de Sergipe”. Determinação cumprida, o curso rolou e muitíssimo bem.
Lindolfo Amaral, o mestre, não veio sozinho, trouxe – alternadamente – as estrelas do Imbuaça para as aulas e oficinas, iniciadas com apresentação do grupo no meio da Rua do Comércio, em roda montada perto do Ponto Central, defronte a antiga Lobrás: um enorme sucesso, mostrando como a coisa era feita. No final do curso, meses depois, o espetáculo de formatura da turma foi no Sete Coqueiros – outro grande sucesso, desta vez com o estelar elenco formado por aprendizes maceioenses.
NOVA PELEJA DE SEMPRE
Nesses idos de março de 2024, eis que o Imbuaça retorna à Maceió com o espetáculo “A peleja de Leandro na trilha do cordel”, num tributo à vasta obra de Leandro Gomes de Barros (1865/1918), paraibano, considerado o maior dos poetas de cordel. Ariano Suassuna foi um dos admiradores de Leandro, e declarou ter se inspirado em dois dos folhetos de Gomes de Barros, “O testamento do cachorro” e “O cavalo que defecava dinheiro”, para escrever trechos de seu clássico “Auto da Compadecida”.
Informa o Imbuaça: “A encenação, suave e brincante, permite conhecer o cordelista e a sua realidade, alocados numa história onde ele, protagonista, vê-se envolto com personagens e paisagens da sua própria criação presentes em sua vasta obra. Tudo numa atmosfera de celebração, onde canto, conto e dança se entrelaçam para avivar a trajetória e o legado literário daquele que Drummond considerou ‘O Príncipe dos Poetas’”.
AS CHANCES DE VER DE NOVO
Caso você não possa ir hoje à Praça Sinimbu, terá outra chance amanhã, 13 de março, quarta-feira, às 17 horas, desta vez na Praça Deodoro. O indicado mesmo é assistir mais de uma vez. Ver e ver de novo é a melhor pedida – até porque cada apresentação tem sua particularidade, seu detalhe diferente, um “caco” novo, uma tirada que pode ser improvisada num dia e não no outro.
E mais, não se paga vintém. O espetáculo é “de grátis”. Agradecimentos ao Programa FUNARTE de apoio a Ações Continuadas/Ministério da Cultura, responsável por essa programação aberta ao público. É só chegar na hora certa (não tem aquela tecla de começar de novo) e se deliciar com uma das formas de arte mais antigas no mundo: o teatro no meio da rua, livre, leve e solto.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.