Enio Lins

Hoje é dia de espetáculo, e no meio da rua!

Enio Lins 12 de março de 2024

Conversemos sobre política cultural e sobre arte – e arte popular de primeira qualidade. Nesta terça-feira, 12 de março, às 19 horas, na Praça Sinimbu, Maceió será brindada com uma apresentação do Imbuaça, um dos melhores grupos de teatro de rua da América Latina.

Possui, o Imbuaça, um grande laço com Alagoas. Nos idos de 1993, início da gestão de Ronaldo Lessa como prefeito de Maceió, a sapiência do grupo aracajuano foi importada, por uns tempos, para a cena alagoana. Lindolfo Amaral, fundador e diretor da trupe (ator, diretor, teatrólogo) aqui sentou praça para ensinar teatro de rua.

IMBUAÇA SEMINAL

Lessa havia criado a Secretaria Municipal de Cultura (posteriormente Fundação) e o passo número um foi consultar aos segmentos artísticos sobre o mais urgente a fazer. Homero Cavalcante e Ronaldo de Andrade, pela turma do Teatro, pontuaram: “Precisamos de um curso de teatro de rua e o melhor para isso é o Lindolfo, do Imbuaça, de Sergipe”. Determinação cumprida, o curso rolou e muitíssimo bem.

Lindolfo Amaral, o mestre, não veio sozinho, trouxe – alternadamente – as estrelas do Imbuaça para as aulas e oficinas, iniciadas com apresentação do grupo no meio da Rua do Comércio, em roda montada perto do Ponto Central, defronte a antiga Lobrás: um enorme sucesso, mostrando como a coisa era feita. No final do curso, meses depois, o espetáculo de formatura da turma foi no Sete Coqueiros – outro grande sucesso, desta vez com o estelar elenco formado por aprendizes maceioenses.

NOVA PELEJA DE SEMPRE

Nesses idos de março de 2024, eis que o Imbuaça retorna à Maceió com o espetáculo “A peleja de Leandro na trilha do cordel”, num tributo à vasta obra de Leandro Gomes de Barros (1865/1918), paraibano, considerado o maior dos poetas de cordel. Ariano Suassuna foi um dos admiradores de Leandro, e declarou ter se inspirado em dois dos folhetos de Gomes de Barros, “O testamento do cachorro” e “O cavalo que defecava dinheiro”, para escrever trechos de seu clássico “Auto da Compadecida”.

Informa o Imbuaça: “A encenação, suave e brincante, permite conhecer o cordelista e a sua realidade, alocados numa história onde ele, protagonista, vê-se envolto com personagens e paisagens da sua própria criação presentes em sua vasta obra. Tudo numa atmosfera de celebração, onde canto, conto e dança se entrelaçam para avivar a trajetória e o legado literário daquele que Drummond considerou ‘O Príncipe dos Poetas’”.

AS CHANCES DE VER DE NOVO

Caso você não possa ir hoje à Praça Sinimbu, terá outra chance amanhã, 13 de março, quarta-feira, às 17 horas, desta vez na Praça Deodoro. O indicado mesmo é assistir mais de uma vez. Ver e ver de novo é a melhor pedida – até porque cada apresentação tem sua particularidade, seu detalhe diferente, um “caco” novo, uma tirada que pode ser improvisada num dia e não no outro.

E mais, não se paga vintém. O espetáculo é “de grátis”. Agradecimentos ao Programa FUNARTE de apoio a Ações Continuadas/Ministério da Cultura, responsável por essa programação aberta ao público. É só chegar na hora certa (não tem aquela tecla de começar de novo) e se deliciar com uma das formas de arte mais antigas no mundo: o teatro no meio da rua, livre, leve e solto.