Enio Lins

E o mito achou melhor jair armando o crime organizado

Enio Lins 07 de março de 2024

Na segunda-feira, 4, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma importante reportagem sobre a liberação de farto armamento, pelo governo do Jair, “para condenados por tráfico de drogas e até homicídio”. A denúncia se baseia em investigação que está sendo feita pelo Tribunal de Contas da União.

Pela primeira vez um relatório oficial comprovou as evidências obvias e ululantes de que o carnaval armamentista promovido pelo falso messias era voltado mesmo para o crime organizado, que legalizou milhares de novas armas e – principalmente – encheu seus sacolões com milhões de munições sem precisar passar pelo aperto do velho (e eficiente, apesar de caro) contrabando.

BIOMBO PRIVILEGIADO

Nem todo mundo que aprecia armamento é bandido, lógico. Assim como os Clubes de Tiro são centros esportivos legítimos, colecionadores de armas montam seus acervos por puro colecionismo. Quem caça o faz por entender essa prática (horrorosa) como lazer. Não são criminosos. Mas criminosos usaram e abusaram dessas classificações como biombos para ampliar seus arsenais e legalizar parte de seu armamento.

Essa prática delinquente foi inflada pelo ex-presidente da República durante seu infeliz mandato, quando apresentou a multiplicação dos Clubes de Tiro como uma de suas principais realizações. Segundo Arthur Stabile, n’O Globo (22/01/2023), “em quatro anos, governo B(...) abriu um clube de tiro por dia (...), e entre 2019 e 2022, Exército concedeu certificados para 1.483 novos estabelecimentos de tiro esportivo. O governo B(...) liberou, em média, 619 novas armas por dia”.

FARTURA DE BALAS

Por sua vez, o site BBC Brasil, em reportagem de Amanda Rossi e Leandro Machado (27/05/2019), denunciou que “o novo decreto sobre armas do governo de Jair B(...) autoriza a compra de pelo menos 2,1 bilhões de munições, a partir deste ano, por brasileiros que já possuem registro de arma de fogo. Essa quantidade é suficiente para que 5,7 milhões disparos sejam efetuados por dia no país”.

“No caso das armas para defesa pessoal liberadas pelas regras anteriores, o decreto nº 9.797/19 aumentou de 50 para 5.000 o limite de projéteis que podem ser adquiridos por ano. Já no caso de armas de caçadores, atiradores e colecionadores, que têm um registro especial, o teto cresceu de 500 para 1.000 balas por arma - dependendo do calibre, o limite também pode chegar a 5.000”. Agora, findo o desgoverno do Jair, é hora de fazer um levantamento criterioso de quantas balas foram compradas, quem as adquiriu e, principalmente, checar os estoques dos maiores adquirentes de munição.

ORGIA ARMAMENTISTA

Para o policial federal Roberto Ulhôa, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista ao site www.brasildefato.com.br, “é esse o retrato que a gente pode fazer do que aconteceu durante o governo B(...). Houve uma real mudança na política de controle das armas no país, com o intuito de liberar grandes quantidades de armas e munições. E, ao mesmo tempo, houve uma forma de diminuir essa fiscalização, principalmente pela não alocação de recursos suficientes para que o Exército pudesse efetuar essa fiscalização”.

Destaca o Brasil de Fato que “a facilidade dos criminosos em conseguir armas por meio de ‘laranjas’, conforme consta em dados do TCU, também é ressaltada por Roberto Uchôa. Segundo o Estadão, ao cruzar dados do Exército com a base de pessoas de baixa renda aptas a receber benefícios sociais, o levantamento encontrou quase 25 mil pessoas inscritas no Cadastro Único com pelo menos uma arma de fogo”.

Bom, a bagunça armada acabou. Mas é hora de jair desarmando todo mundo que se locupletou com liberações ilegais e/ou irregulares – e cobrar a conta ao responsável por essa vagabundagem bélica.