Enio Lins
E o mito achou melhor jair armando o crime organizado
Na segunda-feira, 4, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma importante reportagem sobre a liberação de farto armamento, pelo governo do Jair, “para condenados por tráfico de drogas e até homicídio”. A denúncia se baseia em investigação que está sendo feita pelo Tribunal de Contas da União.
Pela primeira vez um relatório oficial comprovou as evidências obvias e ululantes de que o carnaval armamentista promovido pelo falso messias era voltado mesmo para o crime organizado, que legalizou milhares de novas armas e – principalmente – encheu seus sacolões com milhões de munições sem precisar passar pelo aperto do velho (e eficiente, apesar de caro) contrabando.
BIOMBO PRIVILEGIADO
Nem todo mundo que aprecia armamento é bandido, lógico. Assim como os Clubes de Tiro são centros esportivos legítimos, colecionadores de armas montam seus acervos por puro colecionismo. Quem caça o faz por entender essa prática (horrorosa) como lazer. Não são criminosos. Mas criminosos usaram e abusaram dessas classificações como biombos para ampliar seus arsenais e legalizar parte de seu armamento.
Essa prática delinquente foi inflada pelo ex-presidente da República durante seu infeliz mandato, quando apresentou a multiplicação dos Clubes de Tiro como uma de suas principais realizações. Segundo Arthur Stabile, n’O Globo (22/01/2023), “em quatro anos, governo B(...) abriu um clube de tiro por dia (...), e entre 2019 e 2022, Exército concedeu certificados para 1.483 novos estabelecimentos de tiro esportivo. O governo B(...) liberou, em média, 619 novas armas por dia”.
FARTURA DE BALAS
Por sua vez, o site BBC Brasil, em reportagem de Amanda Rossi e Leandro Machado (27/05/2019), denunciou que “o novo decreto sobre armas do governo de Jair B(...) autoriza a compra de pelo menos 2,1 bilhões de munições, a partir deste ano, por brasileiros que já possuem registro de arma de fogo. Essa quantidade é suficiente para que 5,7 milhões disparos sejam efetuados por dia no país”.
“No caso das armas para defesa pessoal liberadas pelas regras anteriores, o decreto nº 9.797/19 aumentou de 50 para 5.000 o limite de projéteis que podem ser adquiridos por ano. Já no caso de armas de caçadores, atiradores e colecionadores, que têm um registro especial, o teto cresceu de 500 para 1.000 balas por arma - dependendo do calibre, o limite também pode chegar a 5.000”. Agora, findo o desgoverno do Jair, é hora de fazer um levantamento criterioso de quantas balas foram compradas, quem as adquiriu e, principalmente, checar os estoques dos maiores adquirentes de munição.
ORGIA ARMAMENTISTA
Para o policial federal Roberto Ulhôa, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista ao site www.brasildefato.com.br, “é esse o retrato que a gente pode fazer do que aconteceu durante o governo B(...). Houve uma real mudança na política de controle das armas no país, com o intuito de liberar grandes quantidades de armas e munições. E, ao mesmo tempo, houve uma forma de diminuir essa fiscalização, principalmente pela não alocação de recursos suficientes para que o Exército pudesse efetuar essa fiscalização”.
Destaca o Brasil de Fato que “a facilidade dos criminosos em conseguir armas por meio de ‘laranjas’, conforme consta em dados do TCU, também é ressaltada por Roberto Uchôa. Segundo o Estadão, ao cruzar dados do Exército com a base de pessoas de baixa renda aptas a receber benefícios sociais, o levantamento encontrou quase 25 mil pessoas inscritas no Cadastro Único com pelo menos uma arma de fogo”.
Bom, a bagunça armada acabou. Mas é hora de jair desarmando todo mundo que se locupletou com liberações ilegais e/ou irregulares – e cobrar a conta ao responsável por essa vagabundagem bélica.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.