Enio Lins
É melhor jair combatendo com mais força o falso messias
Confirma-se que o bolsonarismo funciona como frente única das milícias que desafiam a lei no Brasil, reunindo: As milícias tradicionais (quadrilhas que atuam por dentro das polícias), as milícias digitais (quadrilhas especializadas em fake news e todos os tipos de crimes cibernéticos) e as milícia política (quadrilha que atua partidariamente em parceria com as milícias usuais e digitais).
Exibidas na Paulista, domingo, essas expressões do mal berra o erro de quem considera que a derrota eleitoral do falso messias, em 2022, “resolveu o problema”, de que seria hora de “deixar esse louco pra lá”, de que “é hora de passar uma borracha e pacificar a Nação”, etc. O bolsonarismo mantêm-se vivo como corrente criminosa e confessou, mais uma vez, em alto e bom som, seus objetivos golpistas, demostrando que suas fontes de financiamento seguem incólumes.
Para o analista Reinaldo Azevedo, os destaques do domingão na Paulista foram: “1) o nº 1 do golpismo colaborou para produzir prova contra si mesmo ao confessar que uma minuta golpista passou, sim, por suas mãos; 2) fez campanha eleitoral antecipada -- e Valdemar Costa Neto, presidente do PL e também investigado, foi ao ato -- e 3) dividiu o palanque com o pastor Silas Malafaia: este não economizou e incitou a massa contra o STF, desafiando claramente as instituições”.
PODER REAL, PERIGO REAL
Não se pode menosprezar os perigos do bolsonarismo, independente de manifestações públicas. Esse perigo não pode ser avaliado pelo número de pessoas que venham a atender ao berrante do ex-capitão, isso é detalhe – o mais importante é não se esquecer que o bolsonarismo se reafirmou nas urnas, em 2022, com 49,10% dos votos – óbvio que nesse balaio está o produto da corrupção governamental do candidato a reeleição e as mais deslavadas ações de coerção do eleitorado (inclusive usando a Polícia Rodoviária Federal), mas são votos reais, inquestionáveis.
E mais: na eleição de 2018, o meliante arrebanhou 55,13% da votação – considerados ali dois fatores extraordinários: o golpe jurídico/eleitoral da prisão do candidato favorito, e a inusitada autofacada que transformou, inesperadamente, um algoz brabo e vociferante em uma vítima frágil e choromingante. Mas o falso messias já aparecia como o segundo nas pesquisas, mesmo quando Lula ainda não tinha sido golpeado pela injustiça federal curitibana, e Adélio Bispo frequentava, tranquilamente, o mesmo clube de tiro que Carlucho (em Curitiba).
FACES DA MESMA MOEDA
No domingo, 25/02/2024, a Avenida Paulista tornou-se por algumas horas a Avenida Sapucaí do golpismo, via por onde desfilaram agremiações delituosas dos mais variados formatos (negacionistas, militaristas, nazifascistas, racistas, machistas, milicianistas, supremacistas, fundamentalistas...), vindas de todo país para reverenciar seu falso messias, um carnavalesco Führer tropical capaz de reunir em si próprio todas as desqualidades que um ser desumano possa ter. Hitler e Mussolini também tiveram esse poder centrípeto, só que ambos com alguma erudição.
Com se fosse uma moeda de inúmeras faces, o bolsonarismo e especialmente seu líder inconteste, tem o poder de reunir essa fauna variadíssima, juntando alhos com bugalhos, como no caso das inusitadas declarações do tipo “defendo Israel porque é um país cristão(!)” e capazes de se autodeclararem “patriotas” ao mesmo tempo em que se prostam para bandeiras nacionais alheias (o mito, na condição de presidente do Brasil, bateu continência para a bandeira estadunidense). Detalhe: no domingão na Paulista, a bandeira de Israel foi a estrela da vez.
Todo cuidado é pouco. É tremendo erro (ou má-fé) conciliar, passar o pano, menosprezar a força do crime organizado (amplo, geral e irrestrito) expresso em Jair Falso Messias.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.