Enio Lins

Einstein, Arendt, e Lula, acertaram ao denunciar o nazifascismo sionista

Enio Lins 20 de fevereiro de 2024

Uma das falas mais corajosas, e correta, na política internacional contemporânea foi pronunciada pelo presidente Lula, durante entrevista concedida na Etiópia: “O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”. É a mais pura verdade.

Aqui mesmo, neste modesto espaço da TIC TAC, temos escrito sobre as semelhanças entre o nazismo histórico e o sionismo contemporâneo de extrema-direita, considerando a condenação de uma comunidade ao holocausto, e o exercício do conceito “Espaço Vital” (Lebensraum, em alemão) – para a ocupação total, “manu militari”, de território considerado “direito supremo” de um “povo superior”.

JUDEUS CONTRA O TERRORISMO

Essa comparação entre as concepções e práticas do sionismo e o nazismo irrita profundamente a extrema-direita sionista, exatamente porque desnuda a política efetivada não só pelo atual governo Netanyahu, mas como prática histórica, numa característica do expansionismo israelense.

Repetindo o já publicado (aqui e alhures): essa semelhança real entre sionismo de direita e nazismo foi denunciada pioneiramente, em 4 de dezembro de1948, via carta aberta ao New York Times, por um grupo de notáveis personalidades judaicas: Albert Einstein, Hannah Arendt, Isidore Abramowitz, Abraham Brick, Rabbi Jessurun Cardozo, Herman Eisen, Hayim Fineman, M. Gallen, H. H. Harris, Zelig Harris, Sidney Hook, Fred Karush, Bruria Kaufman, Irma L. Lindheim, Nachman Maisel, Seymour Melman, Myer D. Mendelson, Harry M. Oslinsky, Samuel Pitlick, Fritz Rohrlich, Louis P. Rocker, Ruth Sagis, Itzhaksankowsky, I. J. Shoenberg, Samuel Shuman, M. Singer, Irma Wolfe, Stefan Wolfe...

Essas iluminadas criaturas judias, há 76 anos, denunciaram a prática nazifascista de grupos israelenses, nomeadamente os as organizações terroristas Irgun e Haerut, que – em abril de 1948 –massacram a população civil da vila palestina de Deir Yassin. A carta protestava também contra a visita aos Estados Unidos do principal líder da extrema-direita israelense, Menahem Begin, que percorria cidades americanas, em dezembro de 1948, coletando mais dinheiro para seguir as matanças na Palestina.

GENOCÍDIO CONTINUADO

Bibi Netanyahu, atual primeiro-ministro de Israel e executor contumaz de matanças contra as populações palestinas, é militante do partido Likud, que se originou no Irgun, e teve como um dos fundadores e ideólogos exatamente o famigerado Menagem Begin (terrorista que posteriormente ganhou um Nobel da Paz sem nunca ter se arrependido de seus crimes contra a Humanidade).

“Entre os fenômenos políticos mais perturbadores da nossa época, está o aparecimento, no recém-criado estado de Israel, do “Partido da Liberdade” (Tnuat Haherut), um partido político muito parecido na organização, nos métodos, na filosofia política e no apelo social com os partidos nazifascistas. Formou-se a partir dos membros do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, de extrema-direita e chauvinista na Palestina” – denunciaram Einstein, Arendt, e as demais personalidades judaicas em 1948.

TERMOS CORRETOS

Tanto os intelectuais judeus que assinaram a carta aberta em 1948, quanto o operário aposentado Lula, em 2024, usaram o termo adequado para definir a prática da extrema-direita sionista: Nazifascismo. Não adianta o poderosíssimo e temível governo israelense, as organizações sionistas (de direita) e seus áulicos posarem de vítimas e repetirem o mimimi do “antissemitismo”, pois se trata de uma constatação ululante, testemunhada ao longo dos últimos 76 anos de continuados massacres e ocupações ilegais do território que deveria (pela ONU) ser palestino.

Ter a coragem hoje e sempre – como tiveram Einstein e Arendt, e demais intelectuais hebreus, nos idos de 1948 – de denunciar a manifestação de teorias e práticas nazifascistas em qualquer lugar do mundo, e mui especialmente em Israel (por conta da dessa terrível contradição com os milhões de judeus vítimas do holocausto nazista) é dever também de quaisquer “goyim” que respeite a bela e sofrida história dos povos semitas. Parabéns, Lula – mas, cuidado, você agora ultrapassou a “linha vermelha” da gestapo sionista e entrou na lista de odiados pelos herdeiros de Begin.