O espírito humano é pedra que não se talha, é ferro que não se funde. Dele, não se pode fazer como o artesão: dar forma estática a sua natureza. É como Deus disse: Eu sou o que sou. (Êxodo). É bíblica a expressão: O ser humano é a Sua imagem e semelhança”. Há o que influencia o comportamento do ser humano; ele é o que a sua natureza indica, adquire como referencial, para discipliná-lo, educá-lo, além da fé na religiosidade que o faz pensar na existência de um Deus soberano.

Entretanto, apesar de todas as influências recebidas, faz-se necessário que o espírito humano encha-se de fé nas coisas do eterno. Tem-se agora para os cristãos, nesse período religioso, a quaresma, que teve inicia na Quarta-Feira de Cinzas; a Igreja católica convida os fiéis a percorrerem o período quaresmal, de preparação cristã para a observância da palavra de Jesus Cristo nos Santos Evangelhos.

É quando os sacerdotes pregam que o tempo é propício ao diálogo com Deus, é uma preparação para as mudanças de comportamento e de entendimento, é um chamado para a conversão. Durante o período da quaresma a recomendação sacerdotal é que se deve jejuar, fazer orações e praticar a caridade. Mas há de se compreender a evolução humana no tempo presente, a abrangência que deve haver nessas recomendações.

Que o jejuar não seja somente no sentido da partilha com aqueles que coisa alguma possuem para mitigar a fome, mas, sobretudo de abster-se de certos comportamentos esdrúxulos, de praticar coisas que inferiorizam a condição humana. O momento é para se reverem os preceitos religiosos que a Bíblia registra nos testamentos históricos, que sejam para estudar, perscrutar a mensagem da Via Sacra, que expressa o sofrimento de cruz e morte de Jesus Cristo; a caridade, não somente deve ser praticada no sentido material, mas, deve ser no sentido mais amplo; deve-se orientar, propiciar momentos de conscientização ao bem comum, ao exercício das coisas que fazem o outro evoluir e que elevam o espírito. Deve-se ter o entendimento de que dar de si mesmo é a maior caridade que os tempos atuais podem promover.

A quaresma leva a alegria da Páscoa. Contudo, Jesus Cristo não descansará, enquanto a espécie humana não retroceder nas atitudes negativas, não tentar criar situações do bem comum. A tentação do demônio, que Jesus Cristo sofreu no deserto, para que Ele transformasse pedra em pão, continua, não em Cristo, porém está presente no ser humano, no sentido de ter glória, poder, riqueza desmedida, que o deixa alienado a não pensar no próximo, desviando-o do projeto de Deus, que não deixa esse ser compreender que não basta somente doar o pão, para aliviar a sua consciência, mas, sobretudo, precisa estender a mão a mão pedinte, para que o demônio não tenha a possibilidade de sugerir a acomodação, o desleixo, falta de atitude para o crescimento espiritual.

Aqueles que possuem um olhar mais aguçado para as coisas do espírito, compreendem que Deus, compassivo e misericordioso, faz chover milagres a cada instante sobre a humanidade, mesmo sabendo que o beneficiado, muitas vezes, nem O percebe, nem leva em conta o Seu olhar. Talvez, se o relógio trabalhasse de forma contrária marcando as horas do passado, aí, talvez, quem sabe? Haveriam de compreender como foram abençoados por Deus. Que tal se, nesse período quaresmal, pudesse ser levado a todos o sacramento da reconciliação, que, como bem dizem os sacerdotes, é o sacramento que oferece o perdão de Deus?

É preciso aproveitar os ensinamentos da Igreja; é preciso rever o que a fé conduz, porque Deus é grande e misericordioso: E ele não permitirá que os teus pés vacilem... Deus, infinitamente, mantém a palavra; não se deixa influenciar pelo poder infinito e imensurável que possui, pois ele é imutável, Ele sabe de que as suas criaturas necessitam: Olhem os pássaros do céu, eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, o pai que está no céu os alimenta. Será que vocês não valem mais que os pássaros? (Mt 6, 26)

Portanto, a quaresma é uma oportunidade para o cristão, após a confissão, reverenciar Deus em Jesus Cristo.