Enio Lins
Trump: trupé pesado no velho mundo de guerra
Trump, o deletério americano, venceu as primeiras primárias de seu partido e comprovou que o porralouquismo ianque está vivinho da Silva, baby. Tal qual seu love you brasileiro, Donald tem um exército de patos à sua disposição.
No sistema eleitoral dos Estados Unidos, as tais primárias são uma pré-eleição, disputa intestina nos partidos, estado a estado, para ver quem será indicado como candidato para ocupar a Casa Branca.
Confuso e retrógrado, o processo eleitoral americano é caldo de cultura para fraudes e, independente dos roubos, pode apresentar resultado desconectado da maioria dos votos depositados nas urnas. Trump está de butuca.
CHANCES DO MENOS VOTADO
Nas eleições presidenciais de 2016, Hillary Clinton obteve 65.853.514 votos (48,18%) contra 62.984.828 (46,09%) votos dados a Donald Trump. Hillary perdeu. Simples assim. Em outras quatro ocasiões isto se repetiu.
Em 1824, o general Andrew Jackson perdeu as eleições mesmo recebendo mais votos que seu oponente John Quincy Adams, que findou empossado.
Em 1876, o democrata Samuel J. Tilden levou a maioria dos votos populares, mas quem ganhou a parada foi o republicano Rutherford B. Hayes.
Em 1888, o presidente Grover Cleveland, buscando a reeleição, foi o mais votado, e foi devorado no tal colégio eleitoral pelo republicano Benjamin Harrison.
E temos o tristemente famoso caso da vitória no voto direto, no ano 2000, do democrata Al Gore, mas quem levou foi o republicano George W. Bush, quando, além de ter obtido menos votos, paira sobre Bush a suspeita de fraude na contagem dos sufrágios da Flórida, polêmica jurídica que foi decidida no tapetão a favor do republicano contra o democrata.
RISCO GRAVE À VISTA
Isto posto, se o famigerado Trump passar pelas primárias de seu partido, mesmo sendo considerado inelegível nos estados do Colorado e Maine (isso pode ser detonado na Suprema Corte), estará no páreo para voltar à Casa Branca.
Fundamental é neste momento prestar atenção na presença em vários cantos do mundo das forças mais retrógradas, perniciosas e autoritárias, que ressurgem com ânimo redobrado tal qual o acontecido nos anos 20 e 30.
Na Itália, o fascismo floresceu a partir de 1922; na Alemanha, criado em 1920, o partido nazista cresceu nos anos 30, e tomou o poder em 1933; na década de 20 o Japão imperial, baseado em concepções do “Memorando Tanaka”, tornou-se crescentemente agressivo, com o militarismo tornando-se dominante em 1932. Em comum essas ideologias foram (são) nacionalistas, militaristas, racistas e antissociais.
UMA MISANTROPIA CRESCENTE E FEROZ
Pouco utilizado, o vocábulo “misantropia” é antônimo de “humanismo” – mas é suave para significar os males da desumanidade expressada nas ideias que animam essas massas milicianas, nazifascistas, militaristas em todos os tempos.
Donald e Jair, para citar só dois meliantes que dizem se amar, são misantropos viscerais. Representam, apesar de diferenças pontuais, o anti-humanismo que sai das covas onde se pensou que estava sepultado desde 1945.
Perigosa tendência rediviva, reúne milhares de neofascistas italianos perfilados em saudação ao Duce, como se nada tivesse acontecido entre 1922 e 1945. Japão e Alemanha procuram se rearmar a todo custo. Donald e Jair querem voltar.
Biden é uma droga, mas Trump é overdose. O mundo não vai bem, mas ficará pior se um desqualificado como Donald voltar a presidir a maior potência econômica e militar do planeta.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.