Enio Lins
Poder dar respostas próprias é questão fundamental
Manchete na Tribuna Independente na quarta-feira, 3 de janeiro, a mortandade de peixes na Lagoa Mundaú também pode ser notada (em quantidade aparentemente menor) na Lagoa Manguaba, com urubus fazendo a festa nas margens lagunares.
Ouvindo pescadores e marisqueiras no bairro Vergel do Lago, a reportagem colheu de praticamente todas as pessoas entrevistadas a suspeita de que a causa da mortandade seria “mineração da Braskem”, além do esgoto jogado na lagoa.
Em verdade, o fenômeno de muitos peixes mortos nas lagoas não é coisa nova, e várias causas têm sido especuladas (ou comprovadas) ao longo dos tempos, desde o tempo em que a tiborna – descartada pelas usinas – era a principal suspeita.
Suspeitou-se também, em várias ocasiões, de alterações ambientais naturais e/ou desequilíbrios ecológicos sem provocação humana. Mas o importante é investigar, pesquisar e deixar de lado o “achismo”, não confundindo opinião popular com ciência.
Para pesquisas adequadas, os órgãos ambientais – estaduais e municipais – precisam de mais tecnologia, ampliação em seus corpos técnicos, e de parcerias ainda mais intensas com os centros de ensino (e pesquisa) superior, públicos e privados.
Na seara pública, Ufal, Uneal e Ifal precisam receber mais suporte para alavancamento de suas pesquisas, pois o caso do complexo lagunar Mundaú-Manguaba passa a ser objeto de interesse estratégico por conta do crime ambiental da Braskem.
Verdade é que os órgãos ambientais locais não possuem condições técnicas de acompanhar pari pasu os acontecimentos nas áreas afetadas, muito menos estabelecerem prognósticos adequados à magnitude e complexidade do problema.
Do ponto de vista geológico, se depende das informações e equipamentos da própria empresa responsável pela tragédia – o que é trágico; mas, para investigar a mortandade dos peixes, os centros de pesquisas locais têm de estar prontos para responder no ato.
Sempre é hora de fazer flexões estratégicas, basta determinação. Mudar a política de investimentos nos órgãos ambientais estaduais e municipais é tarefa urgente urgentíssima – necessidade antiga, pré-Braskem, na verdade.
HOJE NA HISTÓRIA
5 DE JANEIRO DE 1822 – Criado logo após a independência do Reino da Espanha, o Primeiro Império Mexicano recebe a adesão dos países que compunham o Governo da América Central (formado pelas atuais Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua), constituindo-se assim numa grande nação com mais de cinco milhões de km².
Todos haviam sido colônias espanholas, estrutura desbaratada com a invasão de Napoleão à Espanha, em 1808. A partir desse acontecimento, foram pipocando os processos de independência de áreas até então sob o controle de Madrid. Entre janeiro de 1822 e julho de 1823, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua compuseram um único país – monárquico – com governo central na Cidade do México. O Primeiro Império Mexicano teve Agustín de Iturbide como imperador.
Em 1823 o sonho “criollo” acabou. Agustin I foi deposto (fuzilado em 1824, aos 40 anos), os centro-americanos declaram sua independência do México e proclamaram-se República Federal da América Central, estado uno que durou até 1839, quando estilhaçou-se nos citados cinco pequenos países contemporâneos.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.