Enio Lins

Posição boa, mas com risco de queda de altura grande

Enio Lins 04 de janeiro de 2024

Em conversa nos microfones da rede Antena 7, papo rolado ontem, no programa Café com Política, dois temas se fundiram em constatações e elocubrações sobre o papel do atual prefeito de Maceió, JHC, como protagonista político mais comentado.

Uma primeira questão foi pautada por fala do vereador Leonardo Dias, voz poderosa do grupo político do prefeito de Maceió. Dias levantou a lebre sobre a tendência de escolha de um nome pessoal, íntimo, de JHC para vice em 2024.

Outra questão foi o desempenho do prefeito de Maceió em pesquisa realizada pela Atlas Intel, onde cravou a 11ª posição no Brasil e 4ª no Nordeste, o que – apesar de ser bom resultado – não alcançou a sonhada “ótima” performance.

Ambas as questões convergem para o mesmo ponto, óbvio: JHC pavimenta sua candidatura majoritária para 2026, sendo 2024 visto como mero degrau. A escolha de um nome íntimo garante da continuidade da prefeitura nas mesmas mãos.

Tem toda lógica, pois “pra que dividir com aliados quando tudo pode continuar a ser somente meu?” – pensaria um infante político. JHC não é criança, muito menos JC, seu pai. Mas o poder rejuvenesce tanto que pode infantilizar.

Daí vamos a segunda questão: os resultados da citada pesquisa. Para quem tanto investe e para quem tem tanta competência no marketing pessoal e político, ficar na meiota nacional e regional não é empolgante. É um quase-revés.

Justiça seja feita: o prefeito de Maceió é fera no marketing, é mestre nas redes sociais, patrocina festas populares com públicos impressionantes; a cadeira gigante – por exemplo – segue com filas gigantes para uma mísera foto.

Ficar no 11º lugar entre 26 e no 4º entre nove, é bom, mas não é espetacular. E toma-se um baita balde d’água gelada ao justapor 58% (JHC, Maceió/AL) com 81% (João Campos, Recife/PE) e/ou 74% (Álvaro Dias, Natal/RN).

Pode-se soltar uma ruma de fogos se o cotejo descer aos pés dessa lista, e medir a prefeitura maceioense com a de Teresina (9% de aprovação) ou de Belém (6% de aprovação). Mas essas são comparações inúteis, com pontos fora da curva.

Em resumo: ao definir um nome para chamar de seu vice para a eleição de 2024, JHC terá de ficar muito atento aos acontecimentos. Segue franco favorito, mas se escolher errado vai levar um baque danado da própria cadeira gigante.

HOJE NA HISTÓRIA

Escola Militar da Praia Vermelha, em foto de 1888

04 DE JANEIRO DE 1810 – Dom João, príncipe-regente de Portugal, Brasil e Algarves, assina a Carta Régia criando a Academia Real Militar, instituição que oficialmente substituiria duas outras com o mesmo nome: Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho (uma em Lisboa, outra no Rio de Janeiro).

Dona Maria I, Rainha de Portugal, padecia de problemas mentais e estava impedida de governar desde 1792, e seu filho Dom João tocava o bonde da realeza lusitana, mas ainda não havia sido declarado Rei, pois sua mãe, oficialmente, não havia sido declarada louca e seguia dona da coroa. A insanidade da monarca só viria a ser oficializada em 1816.

Sucessivamente, a Academia Real Militar se transformaria na Imperial Academia Militar (1822), Academia Militar da Corte (1832), Escola Militar (1840), Escola Central da Praia Vermelha (1858), etc. Finalmente, a partir de 1951, foi renomeada como Academia Militar das Agulhas Negras, e segue como a principal instituição de ensino superior militar no Brasil.