Alisson Barreto

O que será de nossos filhos?

Alisson Barreto 27 de dezembro de 2023
O que será de nossos filhos?
O que será de nossos filhos? - Foto: Alisson Barreto

O que será de nossos filhos?


No passado, o futuro dos filhos era predeterminado pelas origens dos pais. E nessa perspectiva se davam os afazeres, as profissões e relações sociais.


As sociedades evoluíram e os filhos passaram a buscar seus próprios espaços, cada vez mais independentes das heranças de seus ancestrais. Deixou-se de haver espaço para casamentos arranjados, profissões herdadas e condições sociais pré-programadas.


Não obstante, estamos diante de um novo cenário social, com ênfase nas novas tecnologias e inteligência artificial (IA). Soergue-se a pergunta: como será nosso futuro e o que será de nossos filhos? Pelo visto, estaremos diante de uma nova realidade, repleta de pitadas de fenomenal com algo sem igual.


Possivelmente, haverá espaço para lideranças muito específicas e em quantidade cada vez menores. A grande primeira indagação é sobre qual a capacidade de alcance das novas tecnologias? Em seguida, à medida que a inteligência artificial for avançando e novas tecnologias a surgirem e aperfeiçoarem-se, quais serão as fontes de renda dos seres humanos, qual a efetividade do alcance da renda aos agrupamentos humanos e como o sustento e a boa qualidade de vida poderá chegar a todos os povos e a cada ser humano?


No passado, as profissões passavam dos pais para os filhos, eram poucas opções, mas suficientes. Com o passar do tempo, as ocupações multiplicaram-se e muitas vezes várias profissões deixaram de surgir, dando origem a outras. Então, um ambiente de trabalho fechava a porta da oportunidade e outro surgia com uma nova solução. Hoje, porém, exsurgem tecnologias que pode gerar empregos em uma parte do globo e fechar nas demais. De repente, profissões tradicionais ou que pareciam inextinguíveis passam a correr o risco de tornarem-se registros de museu, recordações antropológicas, lembranças de labores que passaram.


Eclode, pois, o pensar sobre como serão os futuros dos filhos? Quem produzirá as artes do futuro e quem as consumirá? Quem dirigirá os rumos da humanidade e quem a sustentará? Quem conseguirá sobressair-se e conquistar seu espaço? E quem olhará e fará efetivamente algo por quem não conseguir? Onde estará a justiça e com que roupa ela se vestirá? Em que darão os vieses ideológicos e quais rebanhos vencerão? Quem planejará o futuro, quem o edificará e quem colherá seus frutos?


É fato que o Amor vencerá, mas qual o custo que a humanidade pagará? O povo de hoje contemplará tal vitória antes da vinda d’Aquele em Quem costuma crer? Haverá seguidores de religião de IA? Até que ponto a IA seguirá parâmetros delimitados por seres humanos?


Enquanto escrevo ou a nobre pessoa leitora reflete, muitos aprendem com a IA ou a utilizam para desenvolver algo. É impressionante quão mais fácil ficou aprender um novo idioma ou a fazer as análises sintáticas e morfológicas das frases. É incrível como ficou difícil diferençar artes feitas por homens ou robôs.


No antigo brocardo latino, dizíamos “oratores fiunt” e que “poetae nascuntur”. Ou seja, oradores fazem-se; poetas nascem. Mas o que dizer dos textos, poemas e demais artes elaboradas por IA. Onde está o limite de identificação de que uma arte foi feita por seres humanos ou por IA e até quando tal ponto de identificação poderá ser identificado?


Ora, se até na arte os limites soam alternarem-se entre o tênue e o inexistente, o que dizer do que é mera técnica ou ato reproduzível? Seremos, os homens, os animais domésticos do futuro? O que seria uma brutal reedição de Planeta dos Macacos, ou o surgimento do verdadeiro Cybertron (nome dado ao planeta de origem dos Transformers). A verdade é que, se o nosso povo não se cuidar, o Brasil não passará de um item de decoração no cenário global.


Bom... Indagações à parte, hoje ficamos com o que a IA pode proporcionar-nos e com o que pode ser o tema de uma próxima postagem: a IA existe, é difícil identificar até onde vão seus limites, mas já dá para ver que há muuuuuuito o que ela pode fazer por nós, enquanto isso.


Só mais uma pergunta: nossas escolas prepararão nossas novas gerações para dominarmos a situação dessa nova realidade ou assistiremos a um Brasil que ficará a observar grãos do mundo e ser mais uma vez engolido por novas tecnologias, permanecendo-se defasado “em berço esplêndido”?


Maceió, 27 de dezembro de 2023.


Alisson Francisco Rodrigues Barreto