Enio Lins

Vítimas, algumas não inocentes, de uma concepção criminosa

Enio Lins 21 de dezembro de 2023
Ilustração circulante na internet, sem identificação de autoria

Sábado, 16/12/2023, um rico empresário paulistano supôs que uma jovem que pedia informações à sua porta fosse bandida. Disso teve convicção como a turminha da Lava-jato estava convicta que seus adversários políticos eram ladrões e precisavam ir em cana mesmo sem provas. O cara viu na moça um alvo legítimo.

Teve o empresário paulista a convicção de que a jovem, aparentemente indefesa, era uma meliante que ameaçava a integridade de seu lar, seu patrimônio e à sua família. E o que fez? Não telefonou para a polícia, sequer procurou checar algum indício sobre o que queira acreditar. Mandou bala. Atirador “esportivo”, acertou no alvo.

Respondendo ao fogo inesperado, um parceiro da jovem alvejada atingiu o atirador que tinha a si próprio como um heroico “homem de bem”; do lado de dentro da casa mais um cidadão tentou atirar também. Foi baleado. Morreram a moça, o empresário-atirador e uma pessoa identificada como seu segurança.

Quem atirou de volta foi o parceiro de trabalho da jovem alvejada sem motivo. Ambos eram policiais a paisana e solicitavam imagens das câmeras de segurança para investigações no bairro e haviam passado por outras casas, sem problemas, até chegar na mansão do empresário-atirador. Aí viraram alvo.

Milene Estevam era o nome da jovem. Tinha 39 anos e era investigadora da Polícia Civil de São Paulo. Tinha sete anos na força policial, era considerada dedicada e corajosa e em seu currículo constam operações arriscadas. Naquele sábado seria uma ação sem risco, investigação numa área de mansões. Deixou órfã uma filha de cinco anos.

Rogério Saladino, de 56 anos, era empresário e CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), e teria antecedentes criminais. Alex James, de 49 anos, seria “segurança particular”. Ao ver o patrão alvejado, teria se apossado de uma das armas dele e atirado contra quem considerava bandido. Morreram ambos.

Três mortos. Baleados por um entendimento tresloucado sobre armas de fogo e do “direito de autodefesa”. Mais óbitos por conta de um erro criminoso que foi política de governo durante quatro anos e que, desgraçadamente, ainda seduz corações e mentes Brasil afora.

HOJE NA HISTÓRIA


21 DE DEZEMBRO DE 1844 – Fundada a Sociedade dos pioneiros de Rochdale, na Inglaterra, iniciando o hoje mundialmente conhecido movimento cooperativo. O grupo fundador era formado por 28 operários (metade tecelões) preocupados com a onda de desemprego e fome.

Durante quatro meses eles conseguiram reunir uma libra por cooperado, constituindo o capital inicial de £28, abrindo sua primeira loja com um pouco de manteiga, açúcar, farinha de aveia e velas. Depois de 90 dias já ampliaram para supérfluos como tabaco.

Diz-nos a Wikipédia: “Em seus primórdios, no século XVIII, o cooperativismo pretendia constituir uma alternativa política e econômica ao capitalismo, eliminando o patrão e o intermediário, e concedendo ao trabalhador a propriedade de seus instrumentos de trabalho e a participação nos resultados de seu próprio desempenho (semelhante ao Comunismo).”

“Em 1847, além dos alimentos, começaram a vender tecidos. Em 1848, já tinham 140 membros. Em 1850, compraram um moinho com o intuito de diminuir o preço da farinha. Em 1853, arrendaram um armazém e abriram três filiais na cidade. Em 1855 contavam com 400 sócios. Doze anos depois a cooperativa alcançou 3.450 sócios e um capital de 152 mil libras”, informa o site da Universidade Federal de Viçosa/MG.

Leia mais em https://www.campic.ufv.br/informativos/a-historia-do-cooperativismo/, https://pt.wikipedia.org/wiki/Cooperativismo