Enio Lins
Estatizar o salgado prejuízo, esta é a meta da mineradora
Ricardo Mota, mais influente colunista político nas Alagoas – e o mais salgado – formulou título de extrema acuidade, no @portalcadamin (Cada Minuto): “ANM, Estado de Alagoas e prefeitura de Maceió podem responder na Justiça por crime da Braskem”.
Não livra, no texto, a cara de quem tenha culpa no cartório na escalada do crime ambiental promovido pela Braskem, assim como aponta para a grande chance da CPI (no Congresso) descortinar (muitos) pontos ainda ocultos nessa tragédia.
Mota “encarca” o dedo numa questão central nesse imbróglio Braskem versus povo alagoano: a tentativa de repassar as responsabilidades da empresa (criminosa?) para outrem – de preferência penalizando o erário.
Uma tentativa de repassar o ônus dela (privado) para você (público) está sendo empurrada com sucesso, até agora, pela empresa, através do acordo em que paga R$ 1,7 bilhão para a prefeitura para que esta assuma o pepino daquela.
Geisel, Figueiredo, Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer, Jair (presidentes); Suruagy, Guilherme, Zé Tavares, Collor, Moacir, Bulhões, Mano, Ronaldo, Téo, Renan Filho, Dantas (governadores), João Sampaio, Dilton Simões, Collor, Corintho, José Bandeira, Djalma, Guilherme, Pedro Vieira, Ronaldo, Kátia, Cícero, Rui, JHC (prefeitos) devem responder pelo crime da Salgema/Trikkem/Braskem? Afinal estiveram essas autoridades na titularidade do poder executivo (nos três níveis) desde o início das operações de mineração do sal-gema sob o solo alagoano.
Vários não mais vivem, mas esse é o samba da mineradora esperta, cujo enredo é passar sua culpa para o poder público (nos três níveis do Executivo), numa conta a ser paga pelo erário, ou seja: por mim e por você, contribuintes.
Que cada pessoa gestora, em sua área de atuação, seja chamada à responsabilidade, isto é certo se – e somente se – não transferir para entes públicos as obrigações da empresa frente ao crime ambiental cometido durante meio século.
Neste universo das atribuições de cada um, é indispensável não olvidar que a empresa (Salgema/Trikkem/Braskem) era/é a única detentora do conjunto de informações estratégicas sobre a mineração. Voltaremos a esse tema em breve.
HOJE NA HISTÓRIA
20 DE DEZEMBRO DE 1989 – Manuel Antônio Noriega, general e agente da CIA que havia se tornado ditador do Panamá, é deposto pelos Estados Unidos depois de se insurgir contra seus patrões da Casa Branca. “Operação Justa Causa” foi o nome da ação militar que desempregou o Mané panamenho sem direito à indenização pelo tempo de serviço prestado.
Noriega era o “dono” do Panamá desde 1983 e trabalhava para a CIA desde a década de 50, repassando informações confidenciais, combatendo comunistas e traficando drogas. Em 1988 explodiram as divergências entre a elite política americana e Noriega. Tribunais dos Estados Unidos jugaram o general/agente Manuel e o condenaram por “tráfico de drogas”.
No ano seguinte o exército americano invadiu o Panamá para depor e prender o sujeito, que conseguiu se evadir por algum tempo, se escondendo na representação diplomática do Vaticano. O exército americano, tendo cercado a área, botou pra tocar rock and roll, a todo volume, dia e noite. Uma desumanidade. Noriega, logicamente, não aguentou e se entregou em 3 de janeiro de 1990.
Manuel Noriega morreu, de câncer, em 2017. Estava preso no Panamá, depois de períodos em presídios nos Estados Unidos e na França.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.