Enio Lins
Pense num negócio infame, inaceitável e imperdoável
Precisa ser revogado o acordo feito entre a Braskem e a prefeitura de Maceió e que isentaria a empresa de todas as responsabilidades para com o desastre provocado por ela mesma quando da exploração do sal-gema.
Este compromisso se apresenta como um desastre de grande magnitude – salvo interpretação diferente do escrito, onde se diz que o ônus do crime, privado, da Braskem está repassado para os poderes públicos.
Salvo melhor leitura, o juízo que emana desse acordo é: por RS1,7 bilhão (pagos em parcelas), o município de Maceió assume (para todo o sempre) todos os prejuízos causados pela Braskem à Alagoas. Simples assim.
0808806-65.2023.4.05.8000 é o protocolo deste acordo extrajudicial, devidamente registrado no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com a data de 24/07/2023. Merece ser lido e relido. E repelido, salvo melhor leitura, repito.
Uma leitura leiga, pouco versada nas artes(manhas) jurídicas encontrará, por exemplo, o compromisso da prefeitura passar para a Braskem a propriedade de todos imóveis da região afetada, inclusive os bens públicos.
Está dito ali (alínea IV do item 5.2, tratando de “compromissos e declarações do município”) que a prefeitura repassará à Braskem “bens de uso comum pelo povo – tais como logradouros em geral, largos, praças, ruas, jardins, parques, calçadas (...)”. Oxe?!
Por R$ 1,7 bilhão, a empresa que enriqueceu durante meio século, desde 1974, sugando o sal-gema das entranhas alagoanas, deixando como legado o maior crime ambiental do Brasil neste período, ficará isenta de todas as responsabilidades??
Repetindo: pelo combinado, todo o vasto perímetro afetado, inclusive áreas públicas, passará a ser ativo da empesa que cometeu o crime ambiental e que não desembolsará mais um centavo sequer pelos danos causados.
Sinceramente, o afundamento (lento ou abrupto) das minas condenadas (como a 18, tão falada), é pinto comparado com o dolinamento que o patrimônio público alagoano sofrerá caso esse acordo venha a ser cumprido.
Ah: segundo o site infomoney, “a Braskem (BRKM5) reportou lucro líquido de R$ 3,884 bilhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), um crescimento de 56% em relação ao mesmo trimestre de 2021”. Já pensaram no balanço de 2023?
HOJE NA HISTÓRIA
7 DE DEZEMBRO DE 1965 – Promulgada pelo Papa Paulo VI a declaração Dignitatis Humanæ (Dignidade Humana), conforme indicação do Concílio Vaticano II, reconhecendo a liberdade religiosa como direito soberano de qualquer pessoa.
Considerado um dos mais importantes concílios da Igreja Católica, o Vaticano II foi aberto pelo Papa João XXII, no dia 11 de outubro de 1962 e finalizado em 8 de dezembro de 1965, já sob o comando do Papa Paulo VI. Dom Valdir Calheiros, alagoano, bispo de Volta Redonda, foi um dos participantes e relatava que um dos momentos mais belos que ele já tinha visto foi, na solenidade de encerramento, a entrada da delegação africana com atabaques e tambores (antes tidos como instrumentos do paganismo) na Capela Sistina.
Apesar também de ser considerado um texto dirigido a governos que determinavam como religião oficial outras crenças, ou nenhuma, Dignitatis Humanæ soou como a aceitação real da Santa Sé por escolhas religiosas diferentes da Católica Apostólica Romana, numa tolerância nunca vista desde a famigerada Santa Inquisição.
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Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.