Enio Lins
Dolinas onde a impunidade promete se enfiar
Seguiremos aqui na toada do texto publicado ontem e escrito cinco dias antes sem medo de errar, pois a tragédia causada pela mineração de sal-gema feita pela atual Braskem causa uma tensão perene, “in saecula saeculorum”.
Com essa expressão, traduzida como “pelos séculos dos séculos”, a ancestral latinidade designava algo que não teria fim, no sentido de castigo interminável, penitência litúrgica ou penalidade material perpétua.
Assim parece ser – salvo melhor juízo, a realidade herdada por Maceió em consequência da mineração do sal em pedra realizada intensamente desde meados de 1974 e cujas cavernas ocas não têm solução definitiva.
Durante 33 anos, entre 1985 e 2018, o risco de desabamento das cavernas deixadas pela retirada do sal em pedra era uma hipótese científica, de ululante lógica, que era respondida de forma “técnica” pela Salgema/Braskem.
Diziam os especialistas da empresa que esses vazios seriam preenchidos pela água neles injetada pela própria mineradora, o que garantiria a sustentabilidade de cada buraco. Ponto. “Dialogus finivit”, traduzido como “fim de papo”.
Desde o primeiro alerta, em 1985, até o tremor de terra de 2018, as evidências pareciam confirmar os “especialistas da Braskem”. A verdade aflorou a partir da visibilidade das rachaduras no bairro do Pinheiro.
É preciso dizer que os órgãos fiscalizadores do Estado de Alagoas, e do município de Maceió, nunca tiveram condições reais, tecnológicas, para acompanhar os efeitos mais profundos da mineração. Qual Estado ou município brasileiro tem?
Brumadinho, em Minas, que o diga. Os órgãos locais de fiscalização passaram a depender das informações divulgadas pela própria mineradora, enquanto quem ousasse questionar tais dados tinha de esgrimar usando teses e teorias.
Assim, chegamos aonde chegamos. Até sabemos para onde Maceió vai com parte de seu território afundando: para o buraco, pois a cidade se lascou; mas não sabemos qual é o planejamento real para além dos paliativos em curso.
Necessário é propor, cobrar algo de concreto, além das indenizações pecuniárias (individuais e à prefeitura), valores mitigadores que podem até ser significativos caso a caso, mas ridículos face a tragédia confirmada.
HOJE NA HISTÓRIA
6 de dezembro de 1240 – Kiev, capital da Rússia, é invadida e dominada pelos mongóis comandados por Batu Cã, neto de Gengis Cã, e a sede do governo russo é transferida para o Principado de Moscou. Desde o ano de 882 aquela região era área russa, a partir do reinado de Olegue, que consolidou ali a capital de seus territórios Rus’.
Diz a Wikipédia: “Como região etnocultural, a Rus' continuou a existir mesmo após a desintegração política, que posteriormente desempenhou um papel importante no processo de unificação das terras russas”. Esse processo unificador russo avança especialmente a partir do século XIV e se estende até a I Grande Guerra Mundial.
Mesmo com a criação da Ucrânia pelos soviéticos, em 1919, Kiev seguiu sendo russa, cedida como “parte integrante” do “novo país” e, em 1934, foi transformada em capital ucraniana, substituindo Cracóvia. Nos anos 60, com a “concessão” de mais territórios russos (por Nikita Kruschev) para a Ucrânia, as contradições entre as nacionalidades foram se agravando até alcançarem o atual status de guerra aberta.
Leia mais em https://pt.wikipedia.org/wiki/Unifica%C3%A7%C3%A3o_da_R%C3%BAssia
e https://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%BAssia_de_Kiev
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.