Enio Lins
Dino, um craque num jogo decisivo
Indicação perfeita, feita por Lula, do nome de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal. Nomeação que depende da aprovação do Senado, numa sabatina que promete ter cara de acareação para a bancada bolsonariana.
Originário do meio jurídico, Dino é professor de Direito Constitucional na Universidade Federal do Maranhão e foi juiz federal da 1ª Região entre 1994 e 2006, quando (sem nenhuma decisão questionada) se afastou para seguir carreira política.
Deputado Federal entre 2007 e 2011, presidente da Embratur, de 2011 a 2014, governador do Maranhão por dois mandatos, de 2015 a 2022, Ministro da Justiça de 2023 até esta data, Flávio Dino de Castro e Costa tem vivência pública de sobra.
Nesta primeira dezena de meses da histórica terceira presidência de Lula, o ministro Dino soube vencer os obstáculos mais duros, como a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro e renhida perseguição da bancada bolsonarista.
Alvo preferencial da extrema-direita, do crime organizado, do preconceito regional e até da gordofobia, o caboclo Dino nunca titubeou frente a essas pressões, jamais negaceou ou recuou do combate à essas súcias.
Quem – nesta conjuntura de furor da extrema-direita, recrudescimento do crime organizado, reaquecimento de todos os preconceitos, tentativas de rupturas institucionais – está mais preparado que Dino para a missão STF?
Para o combate em defesa do Estado Democrático de Direito, em garantia da cidadania, em prol da diversidade, Dino é o nome certo, pois desde 2018 o Brasil corre riscos ululantes, escandalosos, de golpes antidemocráticos.
Essa tendência golpista – que se expressa numa aliança entre o crime organizado (as milícias como centro), a estupidez generalizada, e a extrema-direita ensandecida – mostrou sua força nas eleições de 2018 e 2022 e não pode ser menosprezada.
Tentar conciliar com esse grupamento (o bolsonarianismo) é erro primário; o Supremo Tribunal Federal precisa ser entendido como a principal trincheira, hoje, em defesa da cidadania, da democracia e da Constituição.
Dino no STF será um craque a mais numa seleção corajosa, valorosa, e que está vencendo sucessivas partidas, mas o campeonato ainda não está ganho.
HOJE NA HISTÓRIA
30 de novembro de 1853 – A Batalha de Sinop, na Crimeia, é vencida pela Marinha Imperial Russa com a destruição da frota do Império Otomano que havia ocupado aquele porto estratégico no Mar Negro.
Para impedir que os russos reconquistassem seu território às margens do Mar Negro, formou-se uma aliança entre as potências ocidentais mais importantes: Reino Unido, França e Reino da Sardenha ao lado dos turcos otomanos – foi a Guerra da Crimeia.
Resquício do antigo domínio mongol, o Canato da Crimeia foi incorporado ao Império Russo em 1783. Mas, desde sempre, as potências ocidentais se empenham em dominar o território russo-crimeano.
No Brasil existem várias referências à Guerra da Crimeia (como Torre Malakoff, no Recife), e o vocábulo eslavo Sinop virou sigla de empresa (Sociedade Imobiliária Nordeste do Paraná) e daí virou nome de município no estado de Mato Grosso.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.