Enio Lins
O primeiro refúgio dos covardes
Parece uma frase cortante de Nelson Rodrigues, mas a máxima “O patriotismo é o último refúgio do canalha” é do intelectual inglês Samuel Johson, proferida em 7 de abril de 1775, e daí ganhando o mundo por sua veracidade comprovada.
Recém-eleito para a presidência argentina, Javier Milei, um político que se define como “anarcocapitalista” e que capricha em gestos apalhaçados e frases virulentas, ensaiou devolver aos salões da Casa Rosada a questão das ilhas Falklands.
Chamado de Malvinas pelos argentinos, esse arquipélago foi registrado pelos ingleses em 1690 e colonizado pelos franceses entre 1764 até 1833, quando Londres retomou o controle sobre esse conjunto de ilhotas no sul do Atlântico.
Em 1982, percebendo que seu modelo ditatorial iria naufragar em breve, os militares argentinos decidiram invadir o arquipélago sob a bandeira patriótica “Las Malvinas son argentinas!”. Deu errado e a ditadura naufragou.
Em 2023, percebendo que sua falácia não tem para onde ir, mesmo que as bolsas lucrem horrores, o novo presidente argentino, ao chegar, já lança o velho bote salva-vidas: “Las Malvinas son argentinas!”
Milei (leia-se “Melei”), antecipa seu desânimo em usar a força militar como seus ídolos generais fizeram em 1982 (face a óbvia perspectiva de nova surra) mas – preventivamente – desfralda a bandeira do patriotismo dos canalhas.
Milei/Melei repete a tática de seu gêmeo brasileiro, o mico Jair Messias, praticante do mais vagabundo patriotarismo, expresso acintosamente quando, como presidente do Brasil, prestou continência à bandeira americana.
Dallas, 16 de março de 2019: Jair Messias, o mico, visitando os Estados Unidos, depois de ser barrado em Nova Iorque, não teve pejo de prestar continência à bandeira americana (!!), e adaptar (errado) seu bordão pessoal à bajulação.
Na essência antipatriótica dos canalhas, mico Messias, em subserviência à bandeira estadunidense, choramingou: “Brasil e Estados Unidos acima de tudo!”. Melou. Duplamente. Sua legenda era “Deus acima de tudo e o Brasil acima de todos”.
Alma gêmea e sebosa do mico brasileiro, Milei copia o patriotarismo sem fronteiras. Resta desejar ao povo argentino rápida recuperação depois de tamanha
HOJE NA HISTÓRIA
24 de novembro de 1190 – Isabel I de Jerusalém (1172-1205), através de seu casamento com Conrado de Monferrato, o faz coroar como Rei de Jerusalém, dando sequência ao poder europeu sobre as áreas palestinas dominadas militarmente pelos cristãos, durante o período sangrento das invasões dos Cruzados, entre 1099 e 1291.
Conrado de Monferrato, nobre italiano, assim, torna-se Rei de Jerusalém até sua morte, dois anos depois da coroação, em 1192. Isabel casar-se-á por mais duas vezes, colocando na cama e no trono Henrique II (de 1192 a 1197) e Amalrico II (de 1198 a 1205). Antes de Conrado, Isabel era viúva de Humphrey de Toron, de quem fora esposa entre 1180 e 1190.
Jerusalém foi retomada pelos nativos árabes em 1187, mas os europeus tentaram manter o reino invasor em terras palestinas mudando a capital para a cidade de Acre, onde resistem por mais quatro anos até de lá serem expulsos em 1291.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_I_de_Jerusal%C3%A9m
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conrado_de_Monferrato
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.