Alisson Barreto

A Guerra do Hoje

Alisson Barreto 18 de novembro de 2023
A Guerra do Hoje
A Guerra do Hoje - Foto: Alisson Barreto

A GUERRA DO HOJE


Há um provérbio romano atribuído ao General Publius Flavius Vegetius Renatus que diz "se você quer a paz, prepare-se para a guerra" (em latim, "Si vis pacem, para bellum").


Em minha simplória caminhada, aprendi que temos significativas batalhas a travar no campo do nosso próprio coração. Que quando o amor não vence em nosso coração, as conquistas não proporcionam o bem que nutre e vivifica nossa alma. Se não dominamos nossos impulsos, em vez de crescermos na dignidade com que fomos criados, animalizamo-nos ou objetificamo-nos como balas de canhão. E quando a paz não vence em nós, nossas guerras vão além-mar e o que seria um mero mal de cada um passa a ser um mal que alcança os demais.


Ao não aprender a hora de parar de beber, ou de frear o carro, ou de cobrar do outro… Pode-se não conseguir segurar o soco, conter o gatilho, parar o ímpeto beligerante.


O amor tudo vence, tudo suporta, tudo supera. Quando o amor não molda nosso autodomínio, deixamos de lado o homem espiritual e incorporamos o homem animal, impulsivo, instintivo, dominado pelos ímpetos, pela irracionalidade ou racionalização dos anseios primitivos do coração.


A vitória do amor não é entregar-se à fraqueza, mas a franqueza de fazer a opção fundamental pelo Bem ou escolher entre as diversas faces do Mal. É preciso muita força para permitir que o amor vença em nós mesmos, pois isso requer, normalmente, conter-se, superar-se, sair da zona de conforto e dominar fortes impulsos como o são os da agressividade.


Num mundo, porém, que se doa à guerra, ou seja, dado à lei do mais forte, nas concorrências individuais, coletivas e nacionais; o ser humano vê-se diante das disputas e ameaças, cotidianamente tentado às fraquezas do orgulho, do egoísmo ou egocentrismo.


Ao mesmo tempo, cresce a muralha dos que se unem para destruir, dos que não se unem por amarem-se, mas por não aceitarem os outros como eles são ou não enxergarem no outro a dignidade de ser uma pessoa humana.


Portanto, não se deve ver o mal apenas como uma longínqua legião de demônios que se odeiam, mas se unem para combater o bem. Também muitos seres humanos agem como demônios a se unirem para combater contra os que amam a Deus e aos valores dignificantes do ser humano. E nisso não é apenas Satanás que tenta o homem, muitos agem como satanases para afastar os seres humanos do caminho do amor, da paz, da solidariedade, da compaixão, do respeito humano, da esperança, da fé, da justa liberdade, da verdade, da retidão, da família e da vida.


São Paulo declarou que combateu o bom combate, mas no dia a dia são muitos os que combatem pessoas, em vez dos vícios, das más práticas. O bom combate se vence com virtudes, que são práticas reiteradas do que proporciona o bem. O virtuoso não é glamuroso, lacrador, menosprezador ou opulento, mas o ser humano cuja vivência permanentemente virtuosa revela sua essência de pessoa que age no Bem.


Viver no Bem não é se vitimizar, nem vitimizar o outro, nem vitimar o outro. Viver no Bem requer amar, o que leva a promover a dignidade do ser humano, a qual consiste em ser criado à imagem e semelhança de Deus e subsiste no simples fato de ser um ser humano, condição que se inicia na concepção e não se perde ao longo da vida.


Em tempos de inflamação de egos, eclodem guerras; em tempos de guerras, redobram-se as necessidades por defesas, por diálogos e precauções. Hoje, vemos povos ou países atacando países ou povos por motivos racional ou humanamente deploráveis.


Nas ruas daqui ou pelo mundo afora, vejo pessoas odiarem-nos porque somos cristãos ou se formos judeus, porque somos pobres ou se formos ricos, porque queremos a simplicidade ou porque não nos dedicamos à riqueza. Pessoas odeiam-nos se somos imigrantes, ou se não torcemos pelo mesmo time, ou se não somos do mesmo bairro, ou da mesma cor de pele, ou se não frequentamos o mesmo templo ou igreja. Muitos se incomodam se você tem um carro ou se você não tem, se seu carro é grande ou se ele é pequeno… Ocultam, atrás de tantas coisas, corações tão pequenos.


Enquanto isso, oremos pela paz: pela conversão da Rússia, pela proteção dos atacados sem quererem a guerra, pela cristificação dos corações. Oremos para que as forças dos que querem destruir ou dividir não sejam maiores do que as forças dos que querem um mundo sob a égide do Amor, do respeito humano e da unidade na multiplicidade.


Maceió, 18 de novembro de 2023.


Alisson Francisco Rodrigues Barreto