Enio Lins
Equilíbrio necessário entre estrelas daqui e dali
Na edição de ontem, essa Tribuna noticiou a visita do prefeito JHC às obras de uma nova avenida em Maceió, via que ligará vários bairros na cidade alta. Obra importante, batizada como “Marília Mendonça”.
Homenagem justa à cantora e compositora de gigantesca popularidade nacional que, no auge da carreira, com apenas 26 anos, morreu num acidente aéreo, no sudoeste de Minas Gerais, em 5 de novembro de 2021.
Goiana, Marília Mendonça começou a compor aos 12 anos e durante bom tempo repassou suas criações para o sucesso de intérpretes variados, até que em 2014, aos 19 anos, lançou-se como cantora. E o sucesso foi crescente e avassalador.
Justa homenagem. Sempre é positivo o gesto de uma comunidade em se ligar a personalidades que não lhe sejam nativas. É o diálogo da aldeia com o mundo, demonstrando erudição, reconhecimento e generosidade.
Esse diálogo precisa ser em mão dupla, daí a necessidade de equilíbrio. Mormente, cabe à população nativa falar um pouco mais sobre personalidades locais, dando destaque a nomes seus que sejam universais.
Particularmente em áreas de investimento turístico, esse contato toponímico leva à personalidade local, dona da casa, carimbar logradouros mais visíveis com nomes de suas crias mais identificáveis aos corações e mentes visitantes.
Alagoas tem tropeçado nesse item, e algumas das estrelas nativas mais radiosas têm sido esquecidas nos logradouros mais visíveis ao turismo. Paulo Gracindo, Jorge de Lima, Nise da Silveira, Aurélio Buarque de Holanda – onde estão?
Graciliano Ramos é nome de grande conjunto habitacional, o que é bom – mas faz falta nalguma área de maior contato com quem visita Alagoas. Jofre Soares está lembrado pelo SESC em teatro no Centro, mas lugar distanciado do turista.
Faz falta também a lembrança de nomes de relevância nacional que, sem daqui serem nativos, aqui residiram, como Clarice Lispector, Rachel de Queiróz, José Lins do Rego, Thomaz Santa Rosa. Noel Nutels nomeia uma rua, discreta, na Ponta Verde.
Resumindo: viva Marília Mendonça, mas vamos equilibrar esse diálogo com o mundo dando vez e voz às denominações alagoanas. E, nestas linhas, só falamos das artes.
HOJE NA HISTÓRIA
8 DE NOVEMBRO DE 1519 – O aventureiro espanhol Hernán Cortés, é recebido em festa pelo imperador asteca Montezuma II na grande cidade de Tenochtotlán, capital do grande império nativo. Mas nem as gentilezas, nem os fartos presentes evitaram que os bárbaros europeus guerreassem contra os astecas.
Montezuma II foi assassinado em 20 de junho de 1520, aos 54 anos de idade, e os espanhóis se aproveitaram do caos e das disputas entre os grupos nativos para desbaratar o até então poderoso Império Asteca.
Derrotados depois de três anos de guerra, os astecas perderam o controle sobre sua fantástica capital, cuja área central foi totalmente destruída e os principais prédios, monumentos da arquitetura pré-colombiana, demolidos e substituídos por edificações no estilo espanhol. No lugar da espetacular Tenochtotlán foi edificada a caótica Cidade do México.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.