Enio Lins
O Brasil e sua histórica postura diplomática sobre a paz
Mesmo sem ter sido aprovada, por conta de um voto solitário dos Estados Unidos, a resolução brasileira proposta como alternativa humanitária para o massacre em Gaza pode ser considerada a maior iniciativa diplomática destes tempos.
Segundo diplomata Rubens Ricúpero, com essa proposta, “o Brasil se engrandece diplomaticamente e esbarra apenas no apoio incondicional dos Estados Unidos ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu”.
Ricupero, diplomata, longe de ser petista, foi ministro da Fazenda e ministro do Meio Ambiente no governo de Itamar Franco e exerceu também o posto de secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento.
E o que defendia a proposta brasileira? Em resumo, uma pausa nos bombardeios para viabilizar o acesso humanitário à Faixa de Gaza, para socorro aos civis; e condenava claramente os “odiosos ataques terroristas” do Hamas.
Ressaltava também que “os civis em Israel e no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser protegidos, de acordo com a legislação internacional”. Nada mais correto, diplomaticamente falando.
Dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, a proposta brasileira teve 12 votos favoráveis, duas abstenções (Rússia e Reino Unido) e um único voto contra, dos Estados Unidos, que usou seu poder de veto.
Albânia, China, Equador, França, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes Unidos votaram pela proposta do Brasil, num placar que reforça enormemente a posição da diplomacia brasileira no mundo.
Esse placar demonstrou o isolamento da posição norte-americana de apoio cego à política de apartheid imposta por Israel aos territórios ocupados. Washington é o único sustentáculo internacional importante ao massacre contra os palestinos.
Seguindo a histórica postura de Osvaldo Aranha em 1948, então secretário-geral da ONU, quando da criação dos estados de Israel e da Palestina, o Brasil volta a ocupar um local de relevância na diplomacia global e na luta pela paz.
HOJE NA HISTÓRIA
20 de outubro de 1935 – Termina a Grande Marcha, retirada gigantesca realizada pelo Exército Vermelho dos Operários e Camponeses da China, liderado por Mao Zedong, depois de percorrer 12,5 mil quilômetros em um ano e quatro dias, desde 16 de outubro de 1934, vencendo o percurso entre Jiangxi e Shensi.
Considerada uma das maiores operações militares da história contemporânea, a Grande Marcha reverteu a tendência de derrota das forças comunistas frente ao poderoso exército nacionalista comandado por Chiang Kai-Shek e apoiado pelas potências ocidentais.
Após esse impressionante movimento, os comunistas foram se fortalecendo e passando a ofensiva contra os nacionalistas, processo interrompido pela invasão japonesa durante a II Grande Guerra. Finalmente, em 1º de outubro de 1949, é proclamada a República Popular da China e Chang Kai-Shek foge para a ilha chinesa de Formosa (Taiwan).
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.