Enio Lins
Retorna o Dia da Independência à Democracia
Amanhã, finalmente, teremos o primeiro Sete de Setembro verdadeiramente cívico depois de quatro anos em que a data se encontrou sequestrada pela quadrilha bolsonariana que, por via de uma autofacada, chegou ao poder com as eleições de 2018.
Assim como outros símbolos nacionais (bandeira, camisa da seleção, cores verde e amarela...) o Dia da Independência foi violentado, usurpado, degradado pela organização criminosa chefiada pelo falso messias, Jairzinho Beira-Golpe.
No ano passado ocorreu o auge dessa degradação moral e cívica, pela transformação do Sete de Setembro num ato partidário/político/eleitoral financiado com recursos públicos e dinheiro privado sujo para divulgação do ideário autoritário.
Uma multidão fanática se reuniu, a peso de ouro, em Brasília (com o Rio como segundo endereço), para unicamente reverenciar o ídolo dos pés de barro, mugir e ouvir pregações contra a Democracia e contra os Poderes Constituídos.
Seguem disponíveis na internet os vídeos sobre esse triste dia, o Sete de Setembro de 2022, quando o vagabundo que ocupava então a presidência da República destila seu fel contra a Democracia e ataca as instituições.
Pode ser ouvido ainda o coro de “imbroxável, imbroxável...”, fake news puxada histericamente por Jair Messias sob sorriso irônico de Micheque, acumpliciada a seu lado, mas que não conseguiu conter a expressão de nojo ao ser beijada.
Ridícula como forma, antidemocrática como conteúdo – assim pode ser resumida a política de apropriação indébita dos símbolos nacionais perpetrada pela corja bolsonarista desde antes da eleição de 2018. Afano bem-sucedido, reconheça-se.
Deve ser reconhecida também a incompetência das forças democráticas em comprar essa briga para impedir a expropriação dos símbolos nacionais, recurso historicamente utilizado por golpistas de todos os matizes.
Por “coincidência” a autofacada foi acontecida em 6 de setembro de 2018, véspera do Dia da Independência, quando um apalermado facadista consegue varar uma multidão compacta de “homens de bem” sem ser incomodado.
Que seja saudada a devolução do Dia da Independência à cidadania. E que seja cuidado para nunca mais cair nas garras dessa mamparra.
HOJE NA HISTÓRIA
6 de setembro de 1930 – Golpe de Estado na Argentina: militares derrubam o presidente constitucionalmente eleito Hipólito Yrigoyen e instauram uma ditadura.
Yrigoyen (1852/1933) era liderança prestigiada em seu país, presidente da República num primeiro mandato, entre 1916 e 1922. Foi novamente eleito, aos 75 anos, em 1928.
Foi o primeiro golpe de Estado na Argentina. A morte de Yrigoyen, em 3 de julho de 1933, provoca comoção no país e seu sepultamento, acompanhado por uma multidão, se transforma na primeira grande manifestação contra a ditadura implantada três anos antes.
Pode-se dizer que, a partir do golpe de 30, a Argentina padeceu de uma sequência de governos autoritários, mesmo com eleições periódicas, com destaque para os 13 anos “populistas” de Juan Domingo Peron e o sangrento período da extrema-direita militar entre 1976 e 1983.
Ler mais em https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_Yrigoyen
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.