Enio Lins
O afundamento e a necessidade de não relaxar sobre esse desastre
Matéria do competente Carlos Madeiro (UOL, 30/08/2023) informa que “vítimas acionam o MPF contra a União e AL após afundamento de bairros em Maceió”. Mais um capítulo da novela trágica que ainda não foi suficientemente compreendida.
Até agora, a movimentação, em verdade, tem se dado em escala menor que o mínimo necessário frente ao que se comprova e ao que se anuncia como o tremendo desastre causado pela exploração do sal-gema na Capital alagoana.
Para além das vítimas diretas do incidente ambiental, quase ninguém (nem órgãos públicos ou entidades representativas) tem efetivamente se mobilizado em nível adequado para a cobrança de encaminhamentos à altura da grave ocorrência.
Nesse quadro de preocupante indiferença faz todo sentido a provocação ao Ministério Público Federal para que uma ação em nível múltiplo (federal, estadual e municipal) possa dar mais uma justa sacudida institucional, um sacolejo que acorde meio mundo.
Registre-se que as vítimas diretas estão se movimentando de forma ampla, criativa e racional – o que é muito eficiente, pois a emoção pode atrapalhar na condução das muitas iniciativas que o caso necessariamente requer.
Este é o caso da exposição “Aqui morava uma família”, em cartaz na sede do IPHAN/AL – algo muito maior que uma impactante mostra de fotografias, e sim uma agenda interativa entre as vítimas, estudantes e profissionais dos setores envolvidos.
Não se pode descansar, baixar o facho. O lume precisa estar sempre aceso e apontado para os principais responsáveis, ou esse gravíssimo problema será menosprezado e falsamente “resolvido” numa sequência de “indenizações” públicas e privadas.
Como lembra a reportagem de Madeiro, considerado “o maior desastre socioambiental em área urbana em curso no mundo” o incidente expulsou das casas e empreendimentos, em cinco bairros, cerca de 60 mil pessoas desde 2018.
Pauta permanente nos veículos de mídia, é bandeira a ser mantida desfraldada não só pelas vítimas diretas, mas causa prioritária para quem se preocupe com a cidadania e a Natureza. É algo tão imenso em si e envolve tantos riscos que precisa ter respostas reais num nível que corresponda à globalidade do problema. Que venham mais ações deste tipo.
HOJE NA HISTÓRIA
1º de setembro de 1873 – Cetshwayo Ka Mpande (1826/1884), um dos últimos grandes monarcas africanos, é coroado como Rei da Nação Zulu. Permanecerá no poder por mais seis anos, enfrentado as potências invasoras e coloniais.
Incrustrado entre o centro e o sul da África, o Reino Zulu foi cenário da Guerra Anglo-Zulu, momento histórico em que os nativos tentaram resistir ao poder avassalador dos brancos depois de séculos de captura e exportação de escravos africanos (em aliança dos traficantes europeus com os potentados locais). No final do século XIX, findo oficialmente o tráfico negreiro, os impérios da Europa avançaram para ampliar e consolidar suas ocupações coloniais destituindo do poder as elites nativas.
Cetshwayo Ka Mpande foi derrotado pelos ingleses em 1879. O até então Reino Zulu passou a ser protetorado britânico em 1883. Em 1897 foi dissolvido e, finalmente, drasticamente reduzido em sua área, reconhecido como província da África do Sul em 1993.
Ler mais em [https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Zulu]
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.