Enio Lins

O afundamento e a necessidade de não relaxar sobre esse desastre

Enio Lins 01 de setembro de 2023

Matéria do competente Carlos Madeiro (UOL, 30/08/2023) informa que “vítimas acionam o MPF contra a União e AL após afundamento de bairros em Maceió”. Mais um capítulo da novela trágica que ainda não foi suficientemente compreendida.

Até agora, a movimentação, em verdade, tem se dado em escala menor que o mínimo necessário frente ao que se comprova e ao que se anuncia como o tremendo desastre causado pela exploração do sal-gema na Capital alagoana.

Para além das vítimas diretas do incidente ambiental, quase ninguém (nem órgãos públicos ou entidades representativas) tem efetivamente se mobilizado em nível adequado para a cobrança de encaminhamentos à altura da grave ocorrência.

Nesse quadro de preocupante indiferença faz todo sentido a provocação ao Ministério Público Federal para que uma ação em nível múltiplo (federal, estadual e municipal) possa dar mais uma justa sacudida institucional, um sacolejo que acorde meio mundo.

Registre-se que as vítimas diretas estão se movimentando de forma ampla, criativa e racional – o que é muito eficiente, pois a emoção pode atrapalhar na condução das muitas iniciativas que o caso necessariamente requer.

Este é o caso da exposição “Aqui morava uma família”, em cartaz na sede do IPHAN/AL – algo muito maior que uma impactante mostra de fotografias, e sim uma agenda interativa entre as vítimas, estudantes e profissionais dos setores envolvidos.

Não se pode descansar, baixar o facho. O lume precisa estar sempre aceso e apontado para os principais responsáveis, ou esse gravíssimo problema será menosprezado e falsamente “resolvido” numa sequência de “indenizações” públicas e privadas.

Como lembra a reportagem de Madeiro, considerado “o maior desastre socioambiental em área urbana em curso no mundo” o incidente expulsou das casas e empreendimentos, em cinco bairros, cerca de 60 mil pessoas desde 2018.

Pauta permanente nos veículos de mídia, é bandeira a ser mantida desfraldada não só pelas vítimas diretas, mas causa prioritária para quem se preocupe com a cidadania e a Natureza. É algo tão imenso em si e envolve tantos riscos que precisa ter respostas reais num nível que corresponda à globalidade do problema. Que venham mais ações deste tipo.

HOJE NA HISTÓRIA


1º de setembro de 1873 – Cetshwayo Ka Mpande (1826/1884), um dos últimos grandes monarcas africanos, é coroado como Rei da Nação Zulu. Permanecerá no poder por mais seis anos, enfrentado as potências invasoras e coloniais.

Incrustrado entre o centro e o sul da África, o Reino Zulu foi cenário da Guerra Anglo-Zulu, momento histórico em que os nativos tentaram resistir ao poder avassalador dos brancos depois de séculos de captura e exportação de escravos africanos (em aliança dos traficantes europeus com os potentados locais). No final do século XIX, findo oficialmente o tráfico negreiro, os impérios da Europa avançaram para ampliar e consolidar suas ocupações coloniais destituindo do poder as elites nativas.

Cetshwayo Ka Mpande foi derrotado pelos ingleses em 1879. O até então Reino Zulu passou a ser protetorado britânico em 1883. Em 1897 foi dissolvido e, finalmente, drasticamente reduzido em sua área, reconhecido como província da África do Sul em 1993.

Ler mais em [https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Zulu]