Enio Lins
Uma erva daninha que precisa ser cortada pela raiz
Inexplicavelmente, causou espanto em algumas poucas almas desavisadas o indiciamento do ex-ministro da devastação, um certo Salles, tornado réu numa ação que apura ilegalidades na exportação de madeira de lei.
Pois é, tem gente que se esquece que a Lei precisa ser madeira que o cupim não rói e o pau que bate no lombo de Francisco bate também no mocotó de Chico, sem privilégios nem prevaricações de quaisquer tipos.
No presente caso do meliante Salles, o tal do “passar a boiada”, vários mitos se acumulam – mitologia perniciosa, criminosa e covarde tal qual o mito do gado que intentou o 8 de janeiro. Acreditam que tudo podem.
Acreditam que um mandato parlamentar seja sinônimo de impunidade absoluta e até retroativa, numa espécie de anistia perene. Ledo engano. Existem defesas parlamentares, é certo – mas invulnerabilidade não.
Creem igualmente que a confissão prévia de um crime ou a verbalização da intenção de cometer um delito – no caso exclusivo deles – é salvaguarda garantidora da impunidade, posto o vagabundo estar sendo “sincerão”.
Então ministro da devastação ambiental, o tal Salles foi “sincerão” ao extremo, cometendo autodelações, autoconfissões em cascata, num processo de jair competido com o mito que mais se autodenuncia como criminoso.
Não acreditava, o tal Salles da boiada, que suas ações criminosas seriam investigadas, e certamente cria-se inatingível à Lei pelo fato de ter sido eleito – e estupidamente votado – para a deputança federal. Creu-se errado.
Créu! A Lei o laçou. Isso não significa condenação por antecipação. A denúncia do MPF, apontando para um "grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais", terá seu desdobramento sem açodamento.
Segundo O Globo, o MPF acusa: “a mais alta cúpula do Ministério do Meio Ambiente e a alta direção do Ibama manipularam [entre 2019 e 2020] pareceres normativos e editaram documentos para, em prejuízo do interesse público primário, beneficiar um conjunto de empresas madeireiras e empresas de exportação que tiveram cargas de madeira apreendidas nos Estados Unidos”.
Com a palavra, a 4ª Vara Federal/Criminal do Pará, que acolheu a bem fundamentada denúncia do MPF nesta segunda-feira, 28 de agosto de 2023. Um dia histórico contra a corrupção.
HOJE NA HISTÓRIA
31 de agosto de 1763 – Dom José I, rei de Portugal, determina a transferência da sede administrativa do Estado do Brasil da cidade de Salvador para o Rio de Janeiro. Essa mudança visava atender melhor às grandes dimensões ocupadas pela colônia lusitana na América do Sul, aproximando o centro das decisões mais aos limites austrais, área em que a disputa com os castelhanos se acentuava.
Diz-nos a Wikipédia: “O Estado do Brasil foi uma unidade administrativa da então América Portuguesa, criado em 1548 por Dom João III, na tentativa de centralizar a administração e transformá-la num empreendimento lucrativo. (...) O Estado do Brasil termina em 1815, quando da sua elevação à categoria de Reino por Dom João VI, passando e formando um reino unido com os reinos de Portugal e Algarves”.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.