Enio Lins

O Dia do Patriotário foi pro lixo, mas segue vivo esse ideal criminoso

Enio Lins 30 de agosto de 2023

Uma das maiores vergonhas municipais de repercussão nacional foi remediada e despachada para a lata do lixo da história. A memória da brava capital gaúcha se livrou de uma patética decisão de sua Câmara Municipal.

Em julho, por proposta de um edil bolsonariano, a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou o 8 de janeiro como “Dia Municipal do Patriota”, numa clara provocação à Democracia e louvação aos patriotários que tentaram um golpe de Estado.

Cumprindo sua obrigação constitucional, o Supremo Tribunal Federal, devidamente provocado pela PGR, obstou essa louvação ao crime organizado e ao golpismo de Estado. Em seguida, a própria Câmara Municipal de Porto Alegre revogou o despautério.

Fica, novamente repetida, a lição de que a sanha antidemocrática, a vertente criminosa bolsonariana está bem viva, muito articulada e segue à espreita, atocaiando a Democracia para tentar novo golpe na primeira oportunidade.

São muitos os recados da organização criminosa bolsonarista comprovand força, organização, desfaçatez, abundância de recursos e de disposição para sabotar o Estado Democrático de Direito – pela via um golpe miliciano.

Não é exato, nem correto, considerar o objetivo bolsonariano como um golpe militar, mesmo com a comprovada participação de fardados de alto coturno nessas movimentações, pois a essência do mito Jairzinho Beira-Golpe é o milicianismo.

Jairzinho Beira-Golpe nunca teve, jamais terá, estofo para compreender o militarismo – por pura aversão à disciplina, à hierarquia e ao estudo (mesmo que seja mínimo) e sua alma miliciana é o espírito que permeia todo gado bolsonarista.

Esse ectoplasma criminoso encarna em civis e militares, ricos e pobres. É alma penada, espírito de porco que baixa nos quatro cantos do país, querendo não só assustar, mas efetivamente sabotar a ética e a Democracia.

O Dia do Patriotário, em Porto Alegre, não foi uma triste brincadeira, e sim mais uma provocação orquestrada, articulada por um núcleo central criminoso, miliciano, que intensifica suas articulações para voltar ao poder central.

HOJE NA HISTÓRIA

Maquete de como teria sido o Segundo Templo e busto romano supostamente sendo de Flávio Josefo (Yosef ben Mattityahu)

30 de agosto de 70 – As tropas romanas conduzidas por Tito encerram o Cerco de Jerusalém, derrotando a revolta judaica dos Zelotes e destruindo o Segundo Templo, remodelado e ampliado por Herodes, o Grande (rei judeu entre 37 a.C. e ano 1) e cujo vestígio emblemático contemporâneo é o Muro das Lamentações.

Conhecida também como a Grande Revolta Judaica, a insurreição sacudiu a então província da Judéia contra a ocupação romana iniciada em 63 a.C., depois da conquista da área através do general Pompeu. Quase um século depois dessa anexação, no ano 66, revoltados com o poder romano por conta de questões religiosas e altos tributos, os nativos judeus se rebelaram sob o comando de um grupo conhecido como Zelotes.

O final da revolta foi trágico, com as ocorrências posteriormente relatadas por Yosef ben Mattityahu, rebelde judeu capturado vivo e que, em seguida, assimilado pelos romanos, mudou seu nome para Flávio Josefo, tornou-se alto funcionário de Roma e historiador conceituado, sendo autor dos clássicos livros “A Guerra dos Judeus”, escrito em 75, e “Antiguidades Judaicas”, datado do ano de 95.

Na internet não falta material sobre esse acontecimento, podendo ser pesquisado o tema a partir do verbete https://pt.wikipedia.org/wiki/Fl%C3%A1vio_Josefo